Quando decidiram que era hora de reformar a cafeteria Santa Fermata, os proprietários Mariana Keller e Fábio Negrello convidaram o escritório Butiá Arquitetura para idealizar um projeto que buscasse inspiração nas cafeterias italianas – Keller morou na Itália por alguns anos e se apaixonou pela região. Assim, o aconchego se tornou uma forte premissa, bem como o conceito pet friendly.
O estabelecimento está localizado no bairro de Bom Fim, em Porto Alegre (RS), em um sobrado que faz parte de um conjunto de casas geminadas do Patrimônio Histórico de Porto Alegre – EPAHC.
A ideia da proprietária era transformar o Santa Fermata num recanto para aqueles que desejam uma pausa – Fermata, entre outros significados, quer dizer "parada" em italiano. Ao entrar no café, os clientes são recebidos com água à vontade e cardápio vegano com fartas opões. Para atender os pets, a maioria das mesas possui prendedores para as coleiras. “Uma das nossas premissas é sempre propor soluções que surpreendam e estimulem a experiência entre as pessoas e o espaço”, frisa a arquiteta Lívia Fonseca.
Por ser uma edificação de patrimônio público, a fachada original deveria ser totalmente preservada. Esse detalhe foi condicionante para a reforma, valorizando ainda mais a cafeteria e destacando, através do uso da cor roxa, a arquitetura histórica e original do edifício. A vitrine de vidro não desconfigura a construção e convida as pessoas que transitam pela região a visitar o estabelecimento.
Para a repaginação interior, foi executada uma substituição integral do segundo pavimento de madeira e estuque por estrutura metálica e painel wall. A antiga escada de madeira foi mantida e pintada com tinta esmalte roxa, referindo-se à cor do vinho italiano.
As redes elétricas e hidráulicas foram substituídas, atendendo todas as necessidades de uma cafeteria com cozinha industrial. Já as telhas cerâmicas foram trocadas e receberam um isolamento térmico sob elas no interior do telhado. Os rebocos foram removidos das paredes de tijolos maciços para deixá-los aparentes e para que recebessem as pinturas feitas à mão da artista plástica Paula Brenner. Os desenhos são de cachorrinhos bem fofos e engraçados.
Falando em pets, a área externa ao fundo é um aconchegante espaço com deck de madeira, bancos, almofadas e cantinho com brita no piso para receber muito bem os amiguinhos de quatro patas. Foi utilizada uma vegetação de trepadeira e bambu japonês para trazer frescor.
A arquiteta buscou combinar diferentes elementos e materiais complementares, a fim de configurar um ambiente harmônico, atrativo e contextualizado com a história do local.
O balcão em pedra industrializada é um dos atrativos no térreo e se destaca no salão de forma neutra, contrastando com os tons de roxo e amarelo – os tons amarelados referem-se à região da Toscana. Os ladrilhos hidráulicos também chamam bastante a atenção por sua mistura no uso das peças.
“Os espelhos antigos e o mobiliário mais clássico, como mesas de ferro, cadeiras de medalhão, namoradeira e poltronas, foram garimpados em lojas, retratando fielmente todo o conceito do nosso projeto”, menciona Fonseca.
O projeto luminotécnico teve um destaque bem interessante. Para a iluminação do térreo foram utilizadas garrafas de vinho vazias, tubulação de água com pintura dourada e lâmpadas de filamento de LED dimerizáveis para projetar a luminária principal e de destaque da cafeteria. Já no segundo andar, foram fixados no teto pendentes com lâmpadas de filamento de LED de variadas formas.
Além de possuir uma bela arquitetura, a cafeteria Santa Fermata faz parte de uma incrível iniciativa. Parte dos lucros gerados pelo estabelecimento é destinado à castração de animais em situação de abandono – o projeto ProjeTotô. Itens como cerveja canina, petiscos e canecas personalizadas, que são vendidos no estabelecimento, têm toda sua venda revertida para a causa.
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