Criado pelo Itaú Unibanco em parceria com a Redpoint e.Ventures, o Cubo é considerado o maior centro de empreendedorismo tecnológico da América Latina, reunindo cerca de 200 startups e parceiros. Seu projeto arquitetônico foi assinado pelo escritório Pitá Arquitetura, que buscou trazer para o edifício um estilo jovem, fluido e cheio de surpresas.
“O projeto é bem específico porque, quando você fala de um acelerador, você fala de startup, você tem 1000 DNAS, 1000 tipologias de empresas ocupando o mesmo espaço”, comenta Antônio Mantovani, que está à frente do Pitá.
Localizada na Vila Olímpia, a empresa possui uma área de mais de 12 mil m², distribuídos em 13 andares, sendo o último uma laje. Para Mantovani, a escala generosa foi um grande desafio, mas também permitiu desenvolver com facilidade inúmeros ambientes e áreas de integração.
O projeto é bem específico porque, quando você fala de um acelerador, você fala de startup, você tem 1000 DNAS, 1000 tipologias de empresas ocupando o mesmo espaço Antonio MantovaniPor hierarquia, a primeira delas é o café, que fica logo no térreo. Na parte coberta, as paredes foram revestidas com lambe-lambe e a lanchonete fica dentro de um container. Na parte ao ar livre, foi grafitado um enorme painel colorido. Todo esse espaço conta com mobiliário colaborativo, estimulando os colaborares a usarem para trabalho. “Eles descem e ficam por ali. Ouvem o barulho da rua, saem do ar-condicionado, veem o mundo acontecendo, é superinteressante.”
Ainda no térreo, dessa vez na área dos acessos, um vídeowall ocupa uma das paredes e projeta imagens durante todo o tempo. “É realmente a grande vedete do projeto, não tem como entrar no térreo e não se encantar”, opina Mantovani.
“A gente tinha que abrigar todas as linguagens, mesmo sem conhecer todas elas. É superinteressante como você trabalha cor, forma e volume dentro desse contexto sem saber quem vai ocupar o local e como vai ocupar”, comenta o profissional. Como uma forma de unir esse ambiente de múltiplas startups, os arquitetos do Pitá utilizaram cores bases – laranja, verde, azul, branco e cinza – para unificar a identidade visual nos locais de comum acesso e maior circulação: café, cubo-laje e auditório, que fica no 1° andar.
“Era importante respeitar a paleta de cores pré-determinada para o Cubo. Por exemplo, no auditório você tem o tom padrão que é cinza e uma pincelada de algumas cores do cubo”, explica Mantovani.
O auditório, aliás, é um ambiente que merece destaque. O arquiteto explica que foi uma parte difícil de projetar, pois exigia saídas alternativas para as 500 pessoas que ele é capaz de acomodar. Como solução, foi construída uma escada lateral no prédio, além da escada estrutural que ele já possuía. Outro desafio foi a questão da iluminação natural que invadia o ambiente. “Quando se planeja um auditório, o que você não quer é iluminação natural ou excesso de luz para apresentação e era exatamente isso que tínhamos na área do auditório. Conseguimos resolver isso com blackout em todas as três faces que estavam em frente à área de plateia”, explica.
A questão acústica foi resolvida com forro absorvente, piso acústico e até tecido especial para as poltronas, tudo para não criar uma colcha de reverberação. O toque final veio com um sistema de divisão que permite ao local abrigar dois eventos ao mesmo tempo.
Além das áreas compartilhadas, o prédio possui outros dez andares que recebem startups da indústria, varejo, educação, finanças e saúde e não contam com o projeto do Pitá.
Os arquitetos contam que, quando conheceram o último andar, se depararam com um imenso vazio. “Eram quase 1.500 m² (dos quais três quartos estão ao ar livre) que, na época, estavam vazios, sem ocupação nenhuma. Aí pensamos: o que fazer com aquele espaço? Vamos trazer uma praia pra São Paulo!”, relembra Mantovani. E assim foi feito.
Com inspiração na geometria do Burle Max, o rooftop do Cubo ganhou grama, areia e até um pequeno mar – claro, tudo desenhado a partir de material sintético. Espalhados pela “praia” estão móveis soltos e flexíveis que recebem os colaboradores para que eles possam aproveitar a bela vista da cidade.
Cuidamos desde o início para ser um projeto com cor, com volume, com bossa, mas dentro de um desenho que dura um bom prazo, sem desgastar, sem enjoar o usuário Antonio MantovaniNa parte coberta da laje está a área de descompressão do prédio, com mesas de ping-pong, sinuca, café e copa. “Lá também tem a questão do lambe-lambe que faz o link da cobertura com o térreo e comunica muito com a startup, comunica com uma população mais jovem que é aquela que vai ocupar o Cubo”, diz Antônio.
Nas áreas de maior circulação de pessoas, optou-se por usar piso vinílico, com a geometria do cubo em tons de cinza médio, cinza escuro e um cinza mais claro, em vez do tradicional carpete.
A iluminação recebeu atenção especial nas estações de trabalho, pois é necessário seguir uma normativa específica para ambientes corporativos. “Mas ao mesmo tempo não podia ser muito padrão porque aqui é o Cubo”, brinca Mantovani. Sendo assim, foram utilizadas luminárias variadas: redondas grandes e pequenas e lineares em cima das mesas, que se misturam com as nuvens acústicas – solução encontrada quando os arquitetos notaram que o prédio não possuía forro.
“O grande barato do projeto do Cubo é que, embora ele seja corporativo, não tem essa característica”, declara Mantovani, que, por outro lado, não queria nada exagerado e fantasioso. “Cuidamos desde o início para ser um projeto com cor, com volume, com bossa, mas dentro de um desenho que dura um bom prazo, sem desgastar, sem enjoar o usuário”, finaliza.
Escritório
Termos mais buscados