O projeto para o Museu Guggenheim, localizado na cidade de Helsinki, na República da Finlândia, idealizado pelos arquitetos do escritório Indio da Costa A.U.D.T, nasceu para ser uma ponte entre a arte e a cidade. Por esse motivo, o museu foi construído aberto, de forma a integrar o cotidiano das ruas, dos parques, das festas e dos eventos. “O museu define-se pelo que guarda dentro de si, a arte, mas também pelo que abre a partir de si: experiência cultural, afetiva, pessoal e visual”, comenta o arquiteto Luiz Eduardo Indio da Costa.
“Esse espaço público cuida e relembra das obras do passado, ao mesmo tempo em que promove no presente perspectivas novas e aponta para o futuro. Não é somente exposição. É também proposição. Busca-se, por meio dele, o espectador livre, que sai da simples passividade tradicional perante sua realidade para nela tomar parte ativamente”, explica.
Para promover essa integração entre visitantes e projeto, foi criado um percurso público dentro do museu, através de rampas ajardinadas, que moldam a própria forma do edifício. De fora é possível ver um prédio compacto e elegante, que se expressa, contudo, de forma particularmente incisiva. Do lado de dentro, é possível perceber a cidade por ângulos não vistos antes, redescobrindo-a.
“Enquanto subimos e descemos as rampas do museu ou tomamos um café e almoçamos, também podemos visualizar o parque arborizado e o mar, bem como, enxergar as ruas, os marcos urbanos e a catedral”, relata Indio.
Para isso acontecer, o ambiente é envolvido por uma grande caixa de vidro que abriga o público em condições climáticas ideais em todas as épocas do ano, tornando-se um espaço propício para exposições e performances de arte. Seguindo a dinâmica da sociedade e do mundo contemporâneo, o museu relativiza o dentro e o fora, o perto e o longe.
O arquiteto conta que a escolha e a forma de utilizar os materiais é o que proporciona a sensação de estar inserido em um local e, ao mesmo tempo, estar presente no exterior. “Na sua própria materialidade, o projeto usa a madeira tradicional e local; por outro lado, utiliza o vidro futurista, global e universal. Pela opacidade da madeira, protege seu interior. Pela transparência do vidro, comunica-se com o exterior”.
A região onde o projeto foi inserido está deixando de ser apenas uma área de carga e descarga pesada, para receber moradores e turistas. E o terreno encontra-se segregado por vias de automóveis e pelo trânsito de serviço do próprio porto. A solução encontrada pelo escritório foi dar forma ao museu a partir do percurso público. Os arquitetos criaram uma passarela que liga o museu diretamente ao parque e, consequentemente, ao centro antigo.
Parte do programa do museu é destinado ao atendimento do público, como a loja, o restaurante e o café. Por esse motivo, os arquitetos proporcionam diferentes experiências para os visitantes em cada uma dessas áreas.
A loja foi posicionada na parte mais elevada do museu, próxima à entrada, de forma integrada à grande praça exterior e jardins. O restaurante oferece simultaneamente vista para o mar, para a cidade e para o parque. Já o café foi colocado vizinho à orla, bem próximo ao nível do mar.
O conceito para a iluminação do passeio público do projeto segue os princípios do partido arquitetônico, buscando o mínimo de interferência visual no espaço urbano. “O museu é luz em si, uma grande luminária, que se integra à paisagem urbana ao agregar um novo brilho, novos reflexos, cores e movimento, tornando-se uma referência para a cidade”, ressalta o arquiteto.
A iluminação da arquitetura apresenta dois importantes aspectos: atender as mudanças sazonais durante o dia e à noite. No primeiro, o teto de vidro funciona como um grande plano horizontal de luz difusa. Com vidro cristal líquido, quando organizado em modo translúcido, o plano se torna um grande refletor aceso e homogêneo.
O segundo aspecto reflete uma solução luminotécnica direta, com tecnologia LED para as superfícies das rampas que constituem o passeio público, integrada à própria estrutura de vigas de vidro. Assim, a iluminação é percebida no espaço interno da praça, mas com um efeito diferenciado.
Por se tratar de um museu, basicamente no projeto de interiores o escritório seguiu o conceito de um espaço livre e flexível, que prioriza a experiência sensorial, não só do visitante, mas também do público que por ali atravessa. Ele procura explorar a versatilidade dos espaços internos, por meio de planos inclinados, materiais e alturas diferentes.
O museu contemporâneo é o anseio de se transformar o espaço em lugar. Lugar de experimentação da arte e da cidade, de poesia e de habitação, da beleza e do mercado. Onde haveria somente um espaço, o projeto instala um novo lugar.
O conceito que norteou a arquitetura dialoga com o design nórdico contemporâneo, de volumes puros e bem-marcados, planos que se elevam desde a rua, moldando o edifício. “O museu pode guardar coisas, entretanto, o que ele de fato protege é o voo da liberdade criativa do homem”, finaliza Indio.
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