Em vez de casas monumentais, uma arquitetura ‘pequena’, com linhas retas e formas simplificadas semelhantes a caixas que se alongam horizontalmente. Essa é a linguagem utilizada pelo Studio MK27 – Marcio Kogan + Suzana Glogowski, no projeto do Studio SC, um estúdio de fotografia de alimentos com interior recheado de minúcias.
O prédio é formado por duas caixas de madeira tauari conectadas por uma passarela de concreto suspensa e fixada no teto. Flutuando sobre o espaço vazio do salão, a passarela de 20 metros é, sem dúvida, o grande destaque da obra.
A inusitada solução deixa o pavilhão térreo completamente livre de colunas e dá passagem para a cozinha social da cobertura. O mirante interno tem a função de promover a circulação pelo grande pavilhão branco com cerca de 12 metros de largura por 44 metros de comprimento sem comprometer o trabalho destinado às fotografias. A sala de fotos ocupa o grande espaço central do térreo.
O escritório é radicalmente racionalista, não existe nada fora de lugar ou que não funcioneMarcio Kogan O generoso jardim é também a entrada, configurada por grandes portas metálicas deslizantes que se abrem inteiramente. Os grandes vãos e as aberturas largas permitem confundir interior e exterior dos ambientes, uma prova da permeabilidade dos espaços e da dissolução de conceitos pré-fixados do que é interno ou externo. Mas tudo isso acontece com formas simples, e a construção, longe de ser pura estética, busca a função. “O escritório é radicalmente racionalista, não existe nada fora de lugar ou que não funcione”, conceitua Marcio Kogan.
Com influências da arquitetura brasileira (de 1930 a 1960) e dos traços da arquitetura japonesa, o projeto tira partido de soluções eficientes e elegantes, exibindo o uso de materiais industriais – a própria instalação denota esse pensamento. Por fora, todos os acabamentos são metálicos. Por dentro há uma mescla entre metal e madeira, responsável por aquecer e dar emoção ao ambiente.
Layout algum existe só por existir. Todos buscam uma lógica perfeita na disposição dos ambientes.Um dos princípios e desafios da arquitetura desse edifício foi criar um percurso completo, no qual os visitantes percorressem a passarela e os principais espaços do estúdio, antes mesmo de chegar à cozinha superiorMarcio Kogan “Um dos princípios e desafios da arquitetura desse edifício foi criar um percurso completo, no qual os visitantes percorressem a passarela e os principais espaços do estúdio, antes mesmo de chegar à cozinha superior. Assim se conhece os lugares de trabalho mesmo quando o estúdio não está funcionando”, reflete Marcio Kogan. Outra preocupação refere-se a manter a linearidade da construção e os recuos internos.
O desenho definitivo divide o terreno de medidas generosas longitudinalmente em dois, permitindo a criação de um jardim na lateral do bloco principal (parte norte), com 7,2 m de largura e 43,5 m de comprimento. Trata-se de um terraço descoberto com árvores e espécies rasteiras, fruto do paisagismo de Isabel Duprat. No espaço restante (parte sul), ergue-se a estrutura de concreto e madeira.
No térreo do primeiro volume mais próximo do estacionamento localiza-se a recepção e uma sala de tratamento de imagem. O primeiro andar abriga uma sala de trabalho iluminada por um pátio interno. Já no térreo do segundo volume com pé-direito duplo, uma extensa bancada de trabalho acomoda diversos funcionários. Nas extremidades desse amplo ambiente, algumas salas menores e as cozinhas usadas durante as sessões fotográficas ficam camufladas por estruturas de madeira ripada.
No interior, para quebrar a rigidez do metal e da madeira, móveis e objetos em tonalidades vibrantes criam contraste com os elementos arquitetônicos, acrescentando toques de cor ao piso de placas de concreto e ao forro liso de gesso.
A iluminação artificial homogênea e indireta mostra-se especialmente arquitetada para se adequar à integração ou ao isolamento total dos ambientes – caso as portas-painéis estejam abertas ou fechadas. “Aqui a arquitetura tem a condição especial de um programa que prescinde da incidência da luz natural”, explica Marcio Kogan.
O pavimento superior é dotado de uma sala de tratamento de imagem e, no último piso, além de um grande deque de madeira, há uma área social para recepções no qual grandes chefs preparam refeições completas para serem servidas no próprio balcão.
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