Em um terreno no Vale do Ave, em Portugal, projetado para manter uma relação entre a casa principal e um belo jardim informal, que desce até a margem do rio, está o Atelier Jardim AS, de autoria dos arquitetos José Manuel Carvalho Araújo e Joel Moniz, do escritório Carvalho Araújo Arquitectura e Design. Trata-se de um refúgio com implantação sutil, próximo ao quintal, feito especialmente para pintar, ler e pensar.
Partindo do zero, o projeto só teve uma dificuldade: adaptar-se à superfície sem impedir a vista da casa principal para o lago central, que fica no meio do jardim. “Simultaneamente, ele deveria contribuir para melhorar o muro de suporte que divide o terreno em duas plataformas com cotas diferentes. A casa, em cima; e o jardim, embaixo. Essa imposição limitava a altura e a implantação no terreno”, completam os arquitetos.
O muro que existia foi ocultado da paisagem a partir da interpretação de um jardim geométrico e uma cobertura verde que faz a transição entre o espaço natural e o construído. Para os autores, esse é o diferencial do atelier. A partir desse telhado, o programa se desenvolve livremente sob ele. Já a plataforma da casa principal foi alongada, mantendo como plano de fundo o lago, o jardim e o rio.
Com a ideia de diluir as fachadas e torná-las evidentes por meio da oposição das lâminas da cobertura em concreto, o escritório decidiu instalar janelas com esquadrias de alumínio de corte na cor cinza-escuro. Os autores explicam que o atelier é, sobretudo, construído em concreto aparente cinzento. A escolha de materiais e cores representa uma opção de filosofia construtiva que ressaltar a noção de atemporalidade. Ao mesmo tempo, o material relaciona-se com a pedra local presente no jardim.
“O mais curioso do projeto é a forma como a cobertura em concreto – adaptada como jardim suspenso – desfragmenta-se e adapta-se para manter as árvores existentes no terreno, permitindo desfrutar a paisagem existente entre a casa principal e o lago”, revela José Manuel Carvalho. O que aparentemente são apenas duas coberturas, vistas com mais atenção, revelam interessantes detalhes de composição. Exemplo disso é a forma como as duas lâminas quase se tocam e ocultam um pilar metálico comum”, expõe.
O layout do atelier foi desenvolvido para ser flexível, um lugar que permitisse aos clientes decorar cada ambiente de acordo com o momento. Por exemplo, após as refeições, a sala de jantar pode se converter em um espaço para workshops; e as suítes são interconectadas por portas duplas – o que permite a continuidade entre os quartos-suítes. Isso possibilita o uso em outras atividades, até mesmo como uma pequena habitação, quando necessário. A ala das suítes e da sala foram deliberadamente separadas, embora a sala seja apoiada pela cozinha. Esses espaços são separados fisicamente, com acesso pelo exterior e, cobertos pelo telhado verde. O projeto de iluminação casual potencializa a flexibilidade pretendida para os espaços.
Os arquitetos finalizam dizendo que foi mínima a intervenção do escritório no projeto de paisagismo, pois já existia o jardim do local. Apenas inseriram uma mureta preta na transição entre o nível das suítes e da sala. Sendo assim, foi possível salientar ainda mais o jogo entre as coberturas que acompanham o desnível.
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