Residência MCA

Bairro antigo, casa nova

Texto: Nathalia Lopes

Nascidos no Alto da Lapa, na região Oeste da capital paulista, uma engenheira e um médico encontraram em uma casa antiga, construída em 1956, a oportunidade de permanecer no bairro de origem, onde se conheceram na adolescência.

O projeto original era dividido em dois pisos: o térreo, que abrigava os principais ambientes, e o inferior, no qual ficavam a garagem e os quartos dos funcionários. O quintal, no fundo, era subaproveitado e ficava distante das áreas principais.

Mesmo com esse programa inicial, o imóvel chamou a atenção pela possibilidade de reunir todo o programa no piso térreo e pela acessibilidade a pessoas idosas. “Eles queriam uma casa completa no piso térreo com espaço para tomar sol. Assim, caso algum idoso viesse a morar ali, ele poderia desfrutar da casa sem encontrar muitos desníveis e degraus”, comenta a arquiteta Carmem Ávila, do escritório Carmem Ávila Arquitetura, responsável pelo projeto arquitetônico da Casa MCA.

Eles queriam uma casa completa no piso térreo com espaço para tomar sol. Assim, caso algum idoso viesse a morar ali, ele poderia desfrutar da casa sem encontrar muitos desníveis e degraus Carmem Ávila

Soluções para o antigo layout

“Quando o casal nos procurou, eles estavam bastante preocupados com a escuridão da casa, especialmente no corredor, nos banheiros e na cozinha – realmente cômodos antigos e com algumas infiltrações visíveis nas paredes”, comenta Ávila. Para resolver a questão da iluminação, o layout teve de ser reorganizado de maneira que privilegiasse a integração e a amplitude. Foram priorizados vãos, aberturas e janelas, que exigiram a demolição de paredes e um novo planejamento, para reforço estrutural de pilares e vigas de aço.

O primeiro cômodo a sofrer intervenções foi a sala, cujo tamanho foi reduzido. Assim, surgiram um depósito e um banheiro para funcionários, ambos integrados à cozinha e à lavanderia. De acordo com Ávila, a nova proporção do ambiente, somada ao aumento do número de janelas, o deixou mais aconchegante e iluminado.

A cozinha é integrada às salas de jantar e de estar e tem um balcão tipo ilha, como desejavam os proprietários. “Os clientes solicitaram dois cooktops, um grande refrigerador side by side, um forno elétrico e diversos outros equipamentos que modernizassem a cozinha”, diz a arquiteta. Foram eliminadas todas as paredes que segregavam a copa, a cozinha e a sala intima. Dessa forma, a sala íntima transformou-se em sala de jantar, extremamente iluminada e conectada à cozinha por um conjunto de portas de correr que podem ser fechadas quando necessário.

Do lado de fora, o objetivo era resgatar a relação da Casa MCA com os jardins. Para isso, foi erguido um terraço de concreto aparente ao fundo, com uma escada larga que liga o pavimento térreo ao inferior. A área de lazer, onde ficam a piscina, a churrasqueira e a sala de TV (e tem um projeto paisagístico singular) é o ambiente mais convidativo da residência.

Na planta original, havia poucos banheiros e nenhuma suíte. “Precisamos nos dedicar e fazer diversos croquis até chegar a uma planta que agradasse aos clientes. Foram projetadas três suítes, sendo que a principal tem dois closets, banheira de hidromassagem e um amplo armário”, esclarece Carmem. O mobiliário foi desenvolvido sob medida, considerando a quantidade de sapatos e roupas a serem guardadas.

Estrutura e iluminação

Devido ao tempo, a casa estava completamente deteriorada, especialmente as infraestruturas de esgoto, elétrica e de água potável (o reservatório de água nunca havia passado por limpeza!). Como não havia altura suficiente sob o telhado para a caixa d´água, foi desenvolvida uma laje técnica descoberta sobre a cobertura, de forma que os reservatórios de água não ficassem visíveis, mas fossem acessíveis para manutenção. Na laje, ficam ainda as infraestruturas do ar-condicionado e do aquecimento solar, solicitadas pelos clientes.

O projeto de iluminação também foi feito pelo escritório Carmem Ávila Arquitetura. “Trabalhamos com pontos de luz direta (embutidos) e sancas com desenho geométrico marcado (destaque para o par de círculos no forro da cozinha e a sanca reta na sala). O lustre pendente sobre a mesa de jantar merece destaque. Outra peça relevante é a luminária horizontal no corredor de circulação dos quartos”, destaca Carmem.

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