Uma estrutura flexível, capaz de ser transportada e adaptada a qualquer lugar ou espaço. Essa é a ideia principal do Espaço Cultural Móvel Mobilizarte, criado pelo escritório PAX.ARQ em parceria com o Frentes Arquitetura. Formado por três elementos básicos – balizas, prismas e membranas – que podem estar integrados ou interdependentes, o projeto foi planejado para atender eventos culturais de forma itinerante, durante seis meses, percorrendo 10 cidades programadas.
Trata-se de uma obra abertaPaula Sertório “Trata-se de uma ‘obra aberta’, viva”, interpreta a arquiteta Paula Sertório, do PAX.ARQ. “Altamente flexíveis, os espaços poderão ser alterados, densificados, dissolvidos, recombinados, renovados ou suprimidos para dar lugar a novas formas que atendam às necessidades no decorrer do tempo”, explica.
Com esse conceito construtivo diferenciado, a obra torna-se extremamente adaptável, por se referir a um sistema capaz de ser transformado durante o tempo e o espaço, assumindo características diversas e configurações extraordinárias.
Paula completa que nunca haverá uma mesma apresentação do Módulo Mobilizarte nas diferentes cidades por onde passar, pois mesmo integrados e interdependentes, cada um dos três elementos básicos estabelecerá uma relação própria com o lugar onde for instalado. Reflexo disso é a própria área ocupada. Inicialmente projetado para 500 m², o sistema é extensível até a dimensão total da membrana inflável, que pode atingir 5.400 m².
O sistema consiste fundamentalmente em três elementos: uma estrutura primária, formada por andaimes; uma secundária, onde se encontram vigas infláveis; e, por último, uma cobertura composta por uma membrana inflável. Na fachada foram dispostos painéis de policarbonato combinados a lonas plásticas. A simplicidade dos componentes permite o transporte por dois contêineres e a montagem em apenas duas semanas.
“Como o sistema de andaimes é utilizado em qualquer parte do mundo, adotamos a estratégia de alugá-los em cada cidade por onde o Mobilizarte passar. Caso seja preferível logística e financeiramente fabricar andaimes próprios, acrescentaremos contêineres para o transporte do conjunto”, explica Paula Sertório.
Cada um dos elementos da estrutura – balizas, prisma e membrana – foi projetado para se adaptar totalmente a qualquer tipo de terreno. As balizas – um conjunto de torres de andaimes – são estruturas leves, autônomas e provisórias, estáveis e de fácil montagem. Com alturas variadas de até 10 m, elas têm a função de delimitar os espaços fechados, estruturar os pisos e as rampas e ancorar a cobertura. As posições serão definidas de acordo com o local escolhido para ser fixado.
Já o prisma, com 10 metros de altura e construído com andaimes, é constituído de quatro pavimentos cujos pisos apoiam-se sobre vigas infláveis, sendo envolto por uma lona plástica resistente e impermeável. Esta ‘capa’, além de ser a referência vertical da intervenção, pois transforma os espaços conforme a posição que ocupar – como se fosse um grande biombo –, tem a função de abrigar áreas de acervo técnico e armazenagem geral, servindo também de tela de projeção para o cinema.
Nesse marcante e enigmático monolito branco é possível projetar dois filmes simultaneamente em cada uma de suas principais faces. “Isolado ou junto, desterritorializado ou telúrico, nômade ou vinculado, dependente ou autônomo, fixo ou dinâmico, mas sempre resoluto, o prisma poderá ser montado fora ou dentro, longe ou perto do módulo, compondo conjuntos diferentes, heterogêneos, mas cujo todo manterá o mesmo caráter”, esclarece a arquiteta.
A membrana foi inspirada em dois elementos tradicionais brasileiros ideais para cobrir e proteger: as Uma imensa membrana inflável, dramaticamente configurando os espaços internos e externos por meio de movimentos ondulantes, negando fixar-se no espaço e aspirando ser mutantePaula Sertório colchas de crochê, rendas ou de retalhos e os cobogós, elementos vazados muito utilizados nas fachadas de edifícios. “Este é o principal traço conceitual do módulo Mobilizarte. Uma imensa membrana inflável, dramaticamente configurando os espaços internos e externos por meio de movimentos ondulantes, negando fixar-se no espaço e aspirando ser mutante”, descreve Paula.
A função primordial é cobrir e proteger das intempéries. Inclinada, tombada, pendurada, deitada, esticada, esvoaçada e languidamente esparramada, durante o dia esta superfície de ‘tecido inflável’ sombreará o espaço; à noite, ela se transformará em fonte de iluminação, um imenso corpo flutuante pairando sobre o solo. Seu ritmo espacial criará impactantes perspectivas tanto para quem a vê de longe quanto para quem está dentro dela.
Adaptando-se ao contexto espacial de cada lugar, a membrana também poderá ser instalada como um espaço independente em terrenos planos ou inclinados. Sua estrutura permite incorporar-se de forma simbiótica a um edifício existente, absorvendo-o ou anexando-se a ele, como uma extensão.
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