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Arqueologia Estrutural

Arqueologia Estrutural
O projeto Arqueologia Estrutural foi implantado na cobertura de um antigo cinema no centro de Belo Horizonte, tornando-se protagonista do espaço cultural. Imagens: Gabriel Castro
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Expedição arquitetônica

Texto: Fabio de Paula

Arqueologia Estrutural é o nome escolhido pelos arquitetos do escritório Vazio S/A para o projeto arquitetônico executado no Cine Theatro Brasil, em Belo Horizonte (MG). Ele define, com exatidão, o partido adotado: uma verdadeira expedição arqueológica pela história da edificação, que culminou na exposição permanente da estrutura original, fazendo dela o cerne do uso e da ocupação do ambiente, que ocupa o sótão do cinema.

A concepção partiu da restauração realizada em 2015 neste icônico edifício, cuja construção, projetada por Alberto Murgel, data do ano de 1932 e que, durante anos, foi detentora do título de maior sala de exibição cinematográfica do Brasil. Em estilo art déco, a robusta obra marca uma das esquinas da Praça Sete, importante espaço cívico no centro da capital mineira, também ocupada por outros dois prédios emblemáticos da paisagem belo-horizontina: o Banco da Lavoura, projeto de Álvaro Vital Brasil executado em 1950, e o Banco Mineiro, obra de Oscar Niemeyer realizada em 1953.

Um novo espaço

Com generosos 500 metros quadrados de área útil, o ambiente surgiu a partir da readequação do cinema, cujo nome mudou para Cine Theatro Brasil Vallourec, e que passou a abrigar um centro cultural constituído por uma novidade: um salão de eventos erguido acima do antigo telhado do edifício original. A modificação gerou um imenso vazio escalonado justamente entre o antigo teto inclinado da plateia e a laje feita para este novo espaço.

Neste vão, que poderia se consolidar como um ambiente ocioso e sem função, os arquitetos do Vazio S/A implementaram o projeto Arqueologia Estrutural, em que o protagonismo fica por conta das tesouras de concreto armado que marcam a cobertura desenhada e erguida sob a lógica arquitetônica e construtiva dos anos 1930.

A fachada art déco do Cine Theatro Brasil Vallourec marca a paisagem urbana da Praça Sete, no centro de Belo Horizonte Foto: Nelson Kon

Ao redor dessas tesouras, o projeto implementou um único e inusitado tipo de revestimento: véus de lona translúcida usados na construção civil. O caráter transitório do material reforça o uso proposto para o ambiente, que foi incorporado ao centro cultural como um ambiente de estar onde a contemplação da história é a principal atração.

Além das tesouras de concreto e da luz que penetra no ambiente pelas laterais, onde estão outros ambientes que compõem o centro cultural, o local é marcado pelo aspecto industrial dos tirantes que reforçam a estrutura e das escadas metálicas que distribuem a circulação dos visitantes. Seu uso, aliás, se faz necessário justamente por conta do escalonamento que há ao longo do piso. O desnível ganha visibilidade e reforça o aspecto arqueológico do partido arquitetônico graças ao novo material que pavimenta o assoalho. O visual rústico e lenhoso dos tablados parece ampliar a fragmentação do espaço e valoriza a ambientação voltada para a fruição.

Entre os eventos que povoam o espaço destaca-se o projeto expositivo permanente denominado Habitáculo. Com curadoria de Fabíola Moulin e Marconi Drummond, ele abre não somente o telhado, mas também as abas laterais do cinema, para mostras e exibições distintas.

Escritório

  • Local: MG, Brasil
  • Conclusão da obra: 2015
  • Área construída: 500 m²

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