Ao caminhar pela pacata rua Prof. Hugo Mielli, no município de Presidente Prudente (SP), é quase impossível não notar a estrutura de alvenaria e blocos de concreto coloridos no número 338. É a Casa-Ateliê da Vila Charlote, um charmoso sobrado que abriga a instituição de ensino escola aberta no galpão no térreo, e uma residência no pavimento superior.
O escritório grupoDEArquitetura uniu os termos “morar”, “ensinar” e “aprender” num único plano para atender às necessidades de um cliente que buscava praticidade com essa aproximação, sem deixar de lado a interdependência das funções. Mesmo com necessidades distintas, o programa cria uma relação harmoniosa e prática entre os três conceitos.
O projeto arquitetônico foi implantado num terreno pequeno, com 147 m², e foi organizado em 220 m². Esse limitado espaço é resultado de um desmembramento que tem acontecido nos bairros adjacentes à área central da cidade devido ao custo do lote.
Foi feito um recuo de 3 m à frente da edificação, criando uma área de transição entre o espaço público e o privado. “Uma casa sem portões convida as pessoas a permanecerem na calçada”, comenta Cristiana Pasquini, arquiteta responsável pela projeção da Casa-Ateliê da Vila Charlote.
Com uma fachada de 7 m, a edificação foi alinhada às duas divisas laterais – com 21 m cada – para criar a saída. Dessa maneira, a iluminação natural e a ventilação cruzada foram resolvidas com uma abertura zenital ao longo do eixo longitudinal que faz com que se espalhem por todos os ambientes.
Um dos volumes atende aos dois pavimentos, abrigando, no térreo, dois banheiros, a escada, uma cozinha, área de serviços e a escola; e no pavimento superior, outro banheiro. Todo o sistema de instalação hidráulica, circulação e demais serviços também foram colocados nesse bloco. Já o outro volume, solto no segundo andar, foi destinado às salas de estar e jantar, à cozinha e aos dormitórios.
Os proprietários pediram um galpão para uso flexível que usasse um método construtivo modular, sem desperdício de materiais e com custo acessível. Foi então escolhida a alvenaria estrutural de concreto aparente, pois ser barata e eliminar o desperdício quase totalmente.
Recuada do alinhamento, a edificação tem uma laje maciça que permite que a iluminação natural zenital atinja todos os ambientes, até mesmo o chão do térreo. Essa iluminação é como um rasgo que alcança toda a extensão do galpão no eixo longitudinal.
Os cobogós de concreto que revestem a fachada frontal e o fundo foram pintados um a um e apoiados sobre uma viga metálica que faz a amarração da estrutura. Eles têm um papel de destaque ao propiciar luz “colorida” e auxiliar a ventilação. A viga, erguida no fundo do projeto, está abaixo do nível da laje e age como um brise que protege dos raios solares do Noroeste. À frente, o sol do Sudeste desenha as paredes com sua luz “colorida” filtrada pelos elementos vazados.
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