Quando o arquiteto Yuri Vital visitou o terreno daquela que se tornaria a Casa Berkut Baroneza, ele se deparou com uma das mais belas vistas que já havia presenciado. “Ela era magnética. Eu não conseguia tirar o olho, e isso norteou toda o projeto arquitetônico”, conta.
A fabulosa residência está localizada em um condomínio fechado em Bragança Paulista e, inevitavelmente, foi concebida com a premissa de aproveitar ao máximo a paisagem que tanto encantou o arquiteto. “A casa tinha que ser totalmente solta do chão e estar num nível que oferecesse transparência visual e contato com a paisagem de qualquer lugar. Por isso a casa tem um desenho, uma geometria, um desnível, uma ondulação, através dos quais os moradores e visitantes conseguem fazer diferentes captações dessa vista maravilhosa”, explica.
Outro destaque da morada é que ela está totalmente solta do chão, dando a impressão de estar flutuando. A estrutura-base da construção são as empenas, que acabam recebendo toda a carga pontual da casa e descarregam em pontos estratégicos, como os pilares. Um deles parece estar apoiado na água. “É um efeito extremamente lúdico”, comenta Vital. A quantidade mínima de pilares sustentando a estrutura é o que confere leveza ao projeto.
Um grande espelho d´água localizado no nível inferior também ganhou protagonismo no projeto. Muito além da função estética, o elemento melhora a umidade do ar, contribui com o microclima, faz a conexão dos ambientes e torna o ambiente social extremamente rico. “A água reflete, refresca, a água é natureza, é a forma da vida mais pura!”, pontua o arquiteto.
A casa toda acontece em dois níveis. O nível inferior abriga o espelho d´água, o jardim e a praça contemplativa. Todo esse espaço pode ser usado de diversas formas. “Pode-se fazer uma festa, um evento, um aniversário, um coquetel, malhar, enfim, qualquer coisa, então, é um espaço livre, democrático”, descreve Vital.
O nível superior abriga tanto uma parte social quanto uma parte íntima, que fica bem reservada dos demais ambientes. Assim, neste nível ficam cozinha, copa, lavabo, sala de jantar que se conecta ao lounge, e dali afunila para os dormitórios.
A suíte máster tem posição estratégica para a vista do entorno. Já o dormitório de visita tem como grande diferencial o fato de que seus usuários não precisam entrar na casa. “A visita pode chegar, parar o carro e entrar, o que lhe dá uma liberdade enorme”, explica.
Para Vital, uma síntese que se pode fazer sobre a Casa Berkut Baronesa é que ela é um ‘C’ sobre água, e o que fecha este ‘C’ é a piscina ao fundo. Ou seja, a água permeia todo o contorno da residência.
Vital gosta de destacar que a Casa Berkut Baronesa não tem um único acesso ou entrada; ela tem um percurso. “O percurso é livre, a entrada é focada. Ela está ali e é por ali que você é obrigado a entrar. Ter um caminho é algo que valoriza o projeto como um todo, é onde você ganha pontos de vistas únicos, que outras pessoas não teriam. Eu não faço uma arquitetura para ser vista só por um lado, e sim para ser vivenciada, vista por todos os lados”, reflete.
Na composição do projeto destacam-se materiais como o concreto, o aço, a madeira, o alumínio e o vidro. Vital procura utilizar materiais já conhecidos, por saber como eles irão se comportar ao longo do tempo. “Eu prefiro não inovar em um material do qual eu não tenho conhecimento. Ao invés disso, procuro inovar no desenho, na geometria, na luz e sombra, na composição, na questão de tocar as pessoas, é aí que está minha arte”, conclui.
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