O objetivo dos arquitetos do escritório Vapor 324 e Garupa Estúdio, ao construir o Restaurante Tuju, foi traduzir em transparência o sistema de produção do empreendimento e a valorização do produto. “Como uma grande vitrine, a fachada translúcida do projeto intensifica essa ideia, propiciando um franco diálogo com a cidade”, comenta o arquiteto Rodrigo Oliveira, do escritório Vapor 324.
Recentemente inaugurado em São Paulo, o restaurante quebra a barreira do limite entre o interior e exterior. A rua invade o restaurante, comunica-se com a praça dentro do terreno e convida as pessoas a ocupar um belo e incomum jardim ao lado das mesas, planejado com frutas, flores e legumes. Um percurso que perpassa todos os ambientes e que revela o seu funcionamento, da cozinha à horta que a abastece.
Quem vê de fora não imagina que tenha sido uma reforma, pois o resultado nada parece com a antiga estrutura. Construído à base de vidro e madeira, com arquitetura espaçosa e área aberta para os fundos, os arquitetos deram um ar tecnológico e contemporâneo ao projeto. Diferentemente do usual, o restaurante se revela por meio da cozinha, sendo esta a entrada principal e o local central e simbólico da casa brasileira.
“Tratando-se da reforma de um edifício, com toda ainfraestrutura locada em dois novos prédios, concebidos para acomodar as áreas técnicas do restaurante”, explica o arquiteto Henrique Gabbo Torres, do escritório Garupa Estúdio.
Pensando em obter uma obra rápida e racional, os arquitetos partiram para o emprego de materiais industrializados e acessíveis, mas utilizados de maneira engenhosa. A construção prioriza, por exemplo, estrutura metálica; painéis de laje pré-fabricada; fachadas duplas em placas modulares de policarbonato alveolar; piso epóxi e caixilhos metálicos.
Além disso, o projeto responde a todas as exigências técnicas solicitadas, o que foi determinante para agilizar o curto prazo da obra e, ao mesmo tempo, contrastar com a estrutura e os materiais, como a madeira e a alvenaria.
Neste projeto, a sustentabilidade perpassa as diferentes etapas projetuais. “Desde a concepção estrutural rápida, o emprego de materiais industriais, a preservação do edifício existente, a utilização e o reúso de água nas áreas verdes até a proposta de tratar o paisagismo como participante do restaurante. Cada item foi pensado para valorizar o meio ambiente”, relata o arquiteto do Vapor 324, Thomas Frenk.
O projeto não possui um jardim, mas uma horta, cujo paisagismo comestível serve os ingredientes para os pratos. Na horta foram plantados canteiros de ora-pro-nóbis; beldroega; jambu; milho; capuchinha; ervilha e azedinha. “Ambas as espécies figuram na entrada, nos fundos e nos lados. Na estufa, no andar de cima, ficam as plantas mais delicadas. Ao todo, o restaurante conta com quase 300 variedades”, conta a arquiteta Nadezhda Mendes da Rocha, do escritório Garupa Estúdio.
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