Escritório VAGA

Depois de seis anos em um espaço de 14 metros quadrados, o escritório VAGA Arquitetura projetou o novo Escritório VAGA, em São Paulo, que ganhou um design amplo e flexível. Imagens: Carolina Lacaz

Da garagem à República

Texto: Naíza Ximenes

Quando a história de um projeto e a de um escritório de arquitetura se misturam, o resultado tem qualidade garantida. Assim aconteceu com o Escritório VAGA, projeto do escritório VAGA Arquitetura, comandado pelo trio de arquitetos Pedro Domingues, Pedro Lopes e Fernando O’Leary.

Três amigos arquitetos se reuniram em uma garagem, ainda em 2015, e, juntos, decidiram criar um escritório de arquitetura em São Paulo. O local era pequeno, segundo Pedro Domingues, com apenas 14 metros quadrados, e tinha uma relação direta com a rua — características de um endereço que abrigou a equipe VAGA por seis anos.

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Em 2020 surgiu a necessidade de expansão. Os proprietários encontraram um edifício icônico para abrigar seu novo endereço, que tinha tudo a ver com arquitetura: o Vila Normando, entre os emblemáticos edifícios Itália e Copan. Lá, começou o processo de 'desconstrução'.

Desconstruir para revelar

“Nós costumamos dizer que o projeto do escritório foi muito mais de desconstrução do que de construção”, explica Pedro Domingues. “Era uma agência de turismo, abandonada há muitos anos, em que todas as estruturas originais do edifico estavam cobertas. No teto, havia forro. No chão, havia um piso elevado. O espaço era bem compartimentado.”

Ele continua. “Nosso trabalho foi, principalmente, revelar essas estruturas para entendermos como eram os pilares, as vigas, as lajes, o piso, e, aí sim, entender o que que a gente ia propor de novo”, ele conta.

A remoção do forro revelou um dos destaques do projeto: a laje nervurada de concreto, que cria todo um conceito industrial no espaço. A remoção das estruturas e divisórias, por sua vez, expôs pilares, vigas e lajes que foram adaptados como elementos arquitetônicos — a exemplo da coluna de pastilha branca que sustenta uma das mesas principais.

Foto da grande mesa de madeira, em frente às janelas de vidro, que são suspensas pelas vigas em ambas as laterais. Essas vigas foram revestidas de pastilha branca<span height=

A laje nervurada de concreto é um dos destaques do projeto, bem como a coluna revestida por pastilhas brancas que atua como um alicerce para a grande mesa de madeira

Sempre com algo a revelar, as coberturas das janelas também foram removidas. Com a alteração, a estrutura proporcionou vistas deslumbrantes do Copan e da rua adjacente.

O espaço, de 140 metros quadrados, foi reconfigurado para criar um grande salão central, projetado para ser adaptável a diferentes usos, acompanhado por uma sala de reunião adjacente. O espaço vazio no centro pode abrigar desde novos postos de trabalho a eventos e encontros, mantendo-se flexível para futuras necessidades.

Ode à originalidade

Para complementar a beleza da laje nervurada, os arquitetos apostaram em uma iluminação completamente customizada. Eles aproveitaram os nichos das nervuras e colocaram luminárias, desenhadas pela equipe VAGA, que se encaixam perfeitamente nas reentrâncias. Para finalizar, pequenos vidros difusores fecham as entradas de alguns dos vãos.

O piso elevado original foi substituído por um novo, de granilite, escolhido por sua cor e textura para criar um ambiente clean e esteticamente interessante. As paredes foram mantidas brancas, enquanto a marcenaria desempenha um papel crucial na organização do espaço, com estantes que dividem o salão principal da sala de reuniões e outras áreas de serviço. As mesas suspensas, sem apoios, oferecem uma sensação de liberdade e facilitam a interação entre os colaboradores.

Na entrada, há um pequeno espaço de espera, e ao lado, onde originalmente ficavam os banheiros, metade do espaço foi transformado em uma copa. A outra metade continua sendo utilizada como banheiro.

A ventilação natural foi maximizada, através de uma ventilação cruzada, que transforma o espaço em um corredor de vento quando as janelas em duas faces opostas são abertas. No entanto, para garantir o conforto durante todo o ano, o espaço também foi climatizado com ar-condicionado. O projeto de iluminação, por sua vez, aproveita ao máximo a luz natural, com grandes janelas que iluminam o espaço.

“Quando pensamos em um espaço de trabalho, nós temos que imaginar um espaço que as pessoas gostem de ir, de frequentar”, comenta o arquiteto Pedro Lopes. “Eu acho que nós conseguimos fazer uma sala aqui que é muito agradável. Ela tem uma iluminação que não ofusca, não é uma sala quente... apesar de fugir um pouco da questão arquitetônica, são nuances muito importantes”, conclui.

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