O Estúdio Guto Requena, responsável pela sede do Walmart.com, em São Paulo, evidenciou em cada canto da empresa o conceito de ‘brasilidade’, principalmente por meio de cores, materiais, texturas e objetos de decoração e mobiliário assinados por brasileiros, como Maurício Arruda, Lina Bo Bardi, Paulo Alves e Fernando Jaeger.
O forte investimento em design, propiciado pela marca, deu origem a um ambiente de trabalho com conceito arrojado, que estimula a troca de ideias e o convívio entre os usuários Guto RequenaConvivendo lado a lado com o design estão peças nascidas da criatividade de artistas populares, refletindo o imaginário tão presente na produção nacional. São poltronas de balanço de madeira, cadeiras de praia e varanda e até mesas de piquenique instaladas na copa principal. O arquiteto e designer Guto Requena conta que o projeto nasceu da combinação do DNA do Walmart.com com a cultura brasileira. “Criamos lounges e espaços informais em todos os andares, mas de forma estratégica, com soluções criativas e de forte impacto visual”.
Um dos desafios foi humanizar o ambiente de trabalho. “Para isso imprimimos uma identidade nos espaços aconchegantes e confortáveis que passaram a ser mais agradáveis e informais, sem deixar de ser extremamente profissionais e práticos”, revela. “O forte investimento em design, propiciado pela marca, deu origem a um ambiente de trabalho com conceito arrojado, que estimula a troca de ideias e o convívio entre os usuários”, declara Guto. A ousada proposta ganhou o prêmio na categoria Arquitetura de Interiores do Building of the Year 2014.
Esse viés, além de difundir a identidade da empresa, norteia os visitantes e funcionários dentro dessa grande área, por meio de um abrangente projeto de identidade visual diferente para cada andar. O arquiteto explica que são casulos situados no centro da laje que se desenvolvem de maneira orgânica entre os pilares, rompendo com a rigidez ortogonal do espaço.
Para ajudar ainda mais na identificação dos ambientes, cada pavimento recebeu o uso de um tipo de madeira, como pinus, OSB, eucalipto natural e zurich. Cada uma delas combinadas a uma cor decoram os andares Guto RequenaPara ajudar ainda mais na identificação dos ambientes, cada pavimento recebeu o uso de um tipo de madeira, como pinus, OSB, eucalipto natural e zurich. Cada uma delas combinadas a uma cor decoram os andares. A escolha dos tons foi feita a partir do código de cores oficiais do Walmart: amarelo, laranja, azul e verde.
Os cinco pavimentos abrigam departamentos específicos da empresa, como Comercial, Vendas, Recursos Humanos ou Financeiro, além de lounges e ambientes de descompressão, como sala de jogos, cinema, videogame e biblioteca. Na periferia de todos os andares há vegetação natural que forma um verdadeiro cinturão verde e colabora para construir a identidade do escritório e tornar o espaço de trabalho mais aconchegante. Tudo isso estimula o convívio entre os funcionários de departamentos diferentes.
Tudo começou com uma pesquisa desenvolvida pelo Estúdio Guto Requena. O estudo baseou-se em entrevistas e dinâmicas presenciais e online com funcionários da empresa, desde a faxineira até o diretor. Nela, foram investigados os valores, as necessidades e as expectativas de todos e descobriu-se três caminhos que guiaram o projeto: a cultura digital, os valores da marca Walmart.com e a brasilidade.
Os resultados também sinalizaram para a decisão das cores, materiais, formas, programa e conceitos do projeto, como a criação de um amplo terraço – tudo isso visando a construção de um espaço de trabalho contemporâneo e agradável. Com grande maioria de funcionários jovens, o Walmart.com apostou em um projeto que reflete o perfil de seu funcionário. “A demanda desse público, requer no dia a dia uma boa dose de cultura, tecnologia e meio ambiente estimulante e contemporâneo. E o design entra como uma estratégia para manter e conquistar funcionários com essa expertise tecnológica”, acredita o arquiteto.
Extraída do conceito das varandas brasileiras – caracterizadas por cadeiras na rua, espreguiçadeiras na praia, piqueniques no parque e até mesmo o terraço das grandes torres de edifício das metrópoles – surge a ‘varanda urbana’ a partir da exploração do amplo terraço localizado no primeiro andar do edifício. Guto explica que o local faz referência ao hábito brasileiro de utilizar áreas externas para o convívio social e de relaxamento.
Um dos desafios foi humanizar o ambiente de trabalho. “Para isso imprimimos uma identidade nos espaços aconchegantes e confortáveis que passaram a ser mais agradáveis e informais, sem deixar de ser extremamente profissionais e práticos Guto RequenaNo terraço, os funcionários trabalham e descansam. Decks de madeira organizam o ambiente delimitando áreas de sombra, espaço para ioga e uma arquibancada voltada para a fachada, ideal para fazer pequenos eventos, show e cinema. Também há espaço para um minicampo de golfe especialmente projetado.
As estações de trabalho estão próximas às janelas para melhor aproveitamento da luz diurna. Outra medida eficiente é o uso de luz econômica em todo o ambiente. Já nos lounges e nas áreas de descompressão, a iluminação é mais indireta, com tom amarelo, além dos pendentes. “Criamos para esse projeto a luminária 'Cabaça'. A cúpula é feita com cabaça desidratada – uma fruta brasileira utilizada tradicionalmente como vasilha e amplificador acústico em instrumentos como chocalho, berimbau e maracá. Elas foram pintadas de cinza em seu interior e distribuídas sobre um suporte de madeira, com cabeamento colorido”, conta Guto.
Os materiais usados alternam tipos de madeira pinheiro, eucalipto e placas de OSB pintados na decoração dos espaços. A ambientação explora o mobiliário de design e passa pelos objetos do artesanato popular, finalizando com imagens de fotógrafos brasileiros contemporâneos, além de mapas e ilustrações. Skates e bicicletas foram incorporados ao décor e remetem ao estilo de vida dos jovens funcionários.
No chão das áreas operacionais dos cinco andares, um grande carpete em placas lembra maxitoalhas de piquenique – tema dos desenhos explorados na peça – reforçando o despojamento do lugar.
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