Conhecida instituição de ensino na Zona Leste de São Paulo (SP), o Colégio Agostiniano São José conta com três diferentes unidades na região do Tatuapé. Voltada para atender diariamente cerca de 800 alunos de dois a sete anos, a terceira unidade passou por uma grande reforma assinada pelo Studio MV Arquitetura.
Junto às demandas de viabilizar a acomodação de novas turmas, a ampliação do refeitório, implantação de novos pátios cobertos e descobertos, atualização dos recursos de salas de aula e revitalização dos acabamentos e revestimentos de todas as dependências, o propósito da obra era que todo e qualquer espaço fosse uma oportunidade de aprendizado para as crianças, com base no lema de ensino forte e humanizado do colégio.
Buscando referências em escolas escandinavas que utilizam a arquitetura dos espaços para facilitar sua aplicação, foram criados ambientes flexíveis e lúdicos que possibilitam independência e conhecimento de qualidade, onde as crianças são expostas a estímulos dentro e fora da sala de aula.
De acordo com as arquitetas Marina Mello e Victoria Lang, quando elas começaram os trabalhos, a unidade era como uma colcha de retalhos, já que ao longo dos anos a administração foi adquirindo diferentes edificações e conectando-as, sem seguir projeto arquitetônico. Então, parte significativa do trabalho das arquitetas foi a unificar todos esses edifícios e dar senso de conjunto à composição.
Como todo projeto de escola, este também demandou espaços vivos e flexíveis para se transformarem de acordo com o uso diário e se adaptarem às necessidades que surgirão com passar dos anos.
Entre os desafios, dois se destacaram: realização de grandes mudanças estruturais sem interferir no funcionamento diário da escola, tendo que executá-las em curtos períodos, majoritariamente durante as férias; e fazer intervenções em prédios antigos, que foram construídos com sistemas variados.
No início de 2017, o escritório delineou um cronograma dividido em duas fases: a restauração do complexo existente, fase 1, e a construção do prédio anexo, fase 2. Por exigir mais cuidados, a primeira fase foi então subdividida em três etapas: A, B e C, realizadas com intervalos de seis meses durante cada um dos recessos escolares.
Na etapa A, um dos muros que ladeava o estacionamento foi demolido, dando espaço para a construção de uma estrutura metálica que sustenta a nova quadra poliesportiva. Além disso, a armação de metal faz o teto do pátio de brinquedos, constituído por escada anatômica, bancos circulares de madeira, suporte para atividades na parede e piso de placas coloridas de borracha drenante.
A Etapa B envolveu diversas obras ao mesmo tempo. Inicialmente, as salas de aula, os banheiros e os corredores do primeiro andar foram reformados. Simultaneamente, o refeitório e a cozinha foram transferidos outra área no térreo, dando lugar para salas integradas ao pátio construído na etapa A. Iluminado por grandes sancas circulares presentes no forro e piso colorido de desenhos orgânicos, o refeitório conta com mesas circulares soltas que concedem aos professores mais controle dos alunos nas horas de refeição, além da flexibilidade de organização do layout em caso de outras atividades.
Ainda nesta etapa, parte do pátio aberto recebeu uma área destinada aos alunos mais novos. Conhecido como aquaplay, o ambiente coberto por um pergolado de brises metálicos modulares coloridos ganhou um belo jardim, bancos e jatos de água que saem do chão, feito com piso drenante, próprio de parques aquáticos.
Na Fase C, seguindo os moldes do primeiro andar, a equipe reformou as salas de aula, os corredores e o hall de entrada do pavimento térreo, na Rua Antonio Teixeira. Para a última etapa, foi reservada uma das intervenções mais importantes do projeto: a troca do revestimento das fachadas. Para cumprir este desafio, as arquitetas escolheram uma cerâmica espanhola fixada com sistema de fachada ventilada. Revestindo todas as faces dos muros do colégio, o material importado foi essencial para a unificação estética do complexo de edifícios.
Aplicadas com inspiração nas peças de lego, as cerâmicas, que têm as cores institucionais do cliente, levam mais vida e alegria para o interior e exterior da unidade. Junto à atual paginação das peças, foram instaladas algumas placas de LED, que servem para iluminar e dar destaque ao prédio durante as noites. Em todo o todo o perímetro da escola as calçadas ganharam canteiros verdes e piso drenante.
Para o projeto de interiores, o Studio MV arquitetura escolheu linguagem lúdica e funcional. Nas paredes dos corredores, as crianças podem desenhar livremente em lousas, além de expor suas atividades e trabalhos em ganchos instalados para essa finalidade. Entre as salas e os espaços de circulação, o revestimento de fórmica expande os limites, unindo os ambientes integralmente.
A escola é densamente ocupada e coberta, então, o objetivo do projeto foi tentar implementar mais áreas verdes, abertas e com ventilação natural. Para solucionar a baixa disponibilidade de piso para jardins, a equipe inseriu jardins verticais que aproximam a natureza de alunos e colaboradores.
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