Com requinte e descontração, o Hotel Vila Naiá parece que foi pintado em meio à aldeia de pescadores da praia de Corumbau, no litoral da Bahia. Caracterizado por sua simplicidade, o projeto é assinado pelo arquiteto Renato Marques (1951-2011), do escritório Studio Casa 4 Arquitetura + Design.
A linha que conduziu a construção da pousada foi a integração total com o entorno, levando em conta o respeito à natureza e o uso de métodos construtivos dos nativos. “O projeto nasceu de maneira não intencional, a partir das necessidades orgânicas locais. Inicialmente era apenas um lugar para receber convidados, mas aos poucos se tornou um hotel”, disse o arquiteto Daniel Fromer, sócio de Renato.
A distância dos centros urbanos foi a grande dificuldade para concluir a pousada, embora este mesmo fator tenha motivado o uso de materiais e tecnologias regionais. Por isso, o autor observou atentamente o entorno e baseou-se nas casas de pescadores, para desenvolver o projeto. Ele incorporou métodos construtivos, objetos e proporções que se adaptam ao local inserido.
O hotel possui singularidade em todos ambientes, desde a recepção até as longas passarelas ao ar livre que ligam cada parte do local. “São verdadeiros corredores, refrescados pela brisa que vem do mar e cercados pela vegetação natural da região. Esses acessos foram projetados de forma elevada, feitos em deck para preservar a natureza e tornar a experiência de deslocamento muito interessante”, caracterizou o arquiteto.
O projeto de iluminação foi elaborado cuidadosamente pelo designer Ricardo Heder para ter uma intensidade luminotécnica que respeitasse e valorizasse o entorno, assim a estrutura predominante de madeira ganha destaque suave entre as areias da Bahia.
O hotel está implantado em uma área de 50 mil metros quadrados que concentra inúmeras árvores e é protegido por uma mata de restinga e coqueiros. Em meio a essa exuberância, Daniel Fromer explica que o Vila Naiá contou com desenvolvimento de projeto paisagístico elaborado pelo arquiteto José Pedro de Oliveira Costa. “O paisagismo foi executado apenas com espécies nativas da restinga”, conta.
Seguindo os padrões ambientais, o tratamento de esgotos e gerenciamento de resíduos sólidos é feito rigidamente. Além disso, o projeto conta com fontes renováveis de energia; como a energia eólica, solar fotovoltaica e o aquecimento de água com coletores solares. Também é realizada a compostagem dos resíduos orgânicos, reutilizados como adubo no viveiro e na horta orgânica.
A integração da arquitetura nativa e contemporânea conduziram o design a uma linguagem moderna e sofisticada, mas sem deixar os padrões locais de lado, por isso, foram utilizados móveis de design internacional e acabamentos que dialoguem com o público-alvo. Tudo isso reproduzindo o modelo das casas da vila de pescadores.
Com a execução baseada em croquis e desenhos artísticos feitos pelo arquiteto Renato Marques no próprio local, o Hotel Vila Naiá dialoga com a natureza usando sofisticação no design.
Capim do Mato Pousada & Spa by L'Occitane, de Andrea Schettino Arquitetura;
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