Um ano após retrofitar a fachada da Residência Belém, o Studio BR retornou à morada para executar seu projeto de interiores. O principal objetivo desta intervenção era criar uma área de lazer dentro de um terreno com pouca área livre. A solução foi verticalizar, retirando o telhado original (estruturado com tesouras em madeira sobre as paredes autoportantes do segundo andar do imóvel) para dar lugar a um grande terraço, com área gourmet, horta e jardim.
Segundo a arquiteta Bruna de Lucca, o antigo sobrado – construído na década de 1950 – não deixava espaço no terreno para a área de lazer. Agora em três pavimentos, a morada de 980 m² dispõe de ambientes diversos para receber as visitas confortavelmente.
Para que o local comportasse o novo uso, era necessário executar o reforço estrutural e criar uma laje de cobertura impermeabilizada. “Com estrutura metálica, inserimos fundação, pilares e novo sistema de vigamento, para aliviar as cargas aplicadas às paredes que estavam repletas de trincas”, explica de Lucca.
Ao adotar vigas de meio metro, criou-se um afastamento de 90 cm da laje original, que evita o aquecimento da estrutura diretamente sobre a edificação. Esse espaço entre lajes, além de estabelecer uma barreira térmica de ar e prolongar a dissipação do calor interno nas épocas de frio, também abriga a tubulação de água e infraestrutura da residência.
Outras estruturas ajudaram a viabilizar a implantação do terraço, como o elevador panorâmico, que conecta os três andares da casa.
De acordo com a arquiteta, o proprietário desejava um projeto contemporâneo, que reaproveitasse ao máximo as estruturas (caracterizadas por paredes estruturais) e as aberturas originais da Residência Belém, sobretudo a fachada. Como havia acabado de passar pelo retrofit, era extremamente importante deixá-la distante dos efeitos da segunda obra.
Enquanto os dormitórios já desfrutavam de grandes aberturas, a sala de jantar e o hall de entrada tinham janelas pequenas. Elas foram mantidas, porém, ampliadas para permitir a predominância da iluminação natural. Em mais uma ocasião, os reforços estruturais aparecem, desta vez, como grandes pórticos metálicos estruturais.
“Trabalhamos todas as necessidades do cliente aplicando a leveza da arquitetura contemporânea às tecnologias construtivas que garantissem uma intervenção sem grandes impactos estruturais”, conta de Lucca.
Em relação à disposição do programa da Residência Belém, a ideia do Studio BR se baseava em integrar, garantindo função e uso a cada um dos ambientes. O projeto deveria considerar, ainda, a ampliação das suítes que, segundo a arquiteta, eram desconfortáveis em sua configuração original.
O projeto de interiores foi distribuído em três andares, sendo térreo (área de serviço), pavimento superior (íntimo) e terceiro piso (social). No primeiro, destaque tanto para a sala jantar que acomoda até 20 pessoas e possui forro central de madeira, quanto para o hall de entrada com a composição dos painéis artísticos esculpidos in loco em concreto e madeira. Neste local, a antiga escada de concreto foi substituída por uma metálica, revestida de madeira e degraus em balanço. “Sua estrutura vazada trouxe maior luminosidade e circulação de ar ao espaço”, comenta a arquiteta.
Assim como o elevador, a escada permite o acesso ao segundo pavimento, onde encontram-se sala de almoço, sala de leitura, lareira, sala de TV – completamente integradas –, além de rouparia e quatro suítes com closet. Nesse andar, o corredor dos dormitórios se destaca pelo projeto de iluminação, cujas fitas de LED revezam-se harmoniosamente entre paredes e forro.
No último piso fica o terraço externo e a varanda gourmet – uma caixa de vidro, com forro de madeira. “O andar, conectado ao elevador por cobertura em vidro com pergolado, é rodeado por grande área aberta, floreiras e horta, e foi preenchido com móveis para jardim”, descreve a arquiteta.
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