A criação de um espaço metropolitano em harmonia com o contexto urbanístico, que abarcasse tanto escritórios quanto espaços para eventos, foi a proposta de partida do escritório Mira Arquitetos para o projeto arquitetônico da Sede da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em Brasília/DF.
Queríamos trazer a fluidez plana e a qualidade da cidade de Brasília para que as pessoas pudessem transitar pelo projeto Maria Cristina MottaO projeto ganhou o primeiro lugar em um concurso público, realizado no final de 2010 pelo departamento do Distrito Federal do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-DF) em parceria com a Confederação Nacional de Municípios, que estava em busca de uma nova sede.
“O concurso tinha como proposta desenvolver um prédio de escritórios e também uma área de convívio, que serviria como um espaço para eventos, utilizado tanto pela instituição como também pelas pessoas”, conta a arquiteta Maria Cristina Motta.
“A dificuldade foi conciliar dois programas distintos: escritórios e um complexo de eventos. Afinal, eles deveriam funcionar em conjunto”, observa o arquiteto Luís Eduardo Loiola, também autor do projeto.
O programa foi dividido em duas cotas. Na área térrea está concentrado tudo o que for de cunho público, como: restaurante, salão de eventos, salas multiuso e museu. Há, ainda, uma parte mais restrita, que reúne a área de escritórios. Por meio dessa disposição, os arquitetos conseguiram acentuar o caráter público, que era um dos seus principais objetivos.
“Criamos uma praça, levemente rebaixada em relação à cota média do terreno, que se desdobra em dois níveis, resultando em uma nova topografia para o lote. No térreo, o espelho d’água orienta o percurso do pedestre rumo à recepção, configurando o acesso às áreas administrativas”, explica Loiola.
Na área inferior, inscrita na volumetria da base, encontra-se a praça cívica, por onde é possível acessar o complexo de eventos. Uma escadaria conecta os dois planos, permitindo a realização dos eventos de forma autônoma, sem prejudicar a rotina de trabalho administrativo.
“Queríamos trazer a fluidez plana e a qualidade da cidade de Brasília para que as pessoas pudessem transitar pelo projeto”, comenta Motta.
O sistema construtivo metálico adotado buscou conciliar necessidades de redução de custos, rapidez de execução e flexibilidade máxima para os planos de trabalho. Na estrutura, por exemplo, os forros e elementos de vedação foram rigorosamente modulados. Já as fachadas revestidas de vidro estão protegidas com chapas perfuradas, diluindo as fronteiras entre os espaços interno e externo.
A fachada conta também com uma passarela técnica e uma película perfurada. A ventilação gera um colchão de ar entre as duas, o que torna o conforto térmico ainda mais eficiente.
O projeto paisagístico aplicou conceitos de conservação de biodiversidade vegetal e criou ilhas naturais em meio à construção.
“Procuramos gerar uma sinergia entre as plantas introduzidas e o edifício, estabelecendo uma conectividade. Em Brasília, o clima é muito seco, por isso o uso do espelho d’água não se deve apenas a uma razão estética, mas também para criar um microclima e deixar o ambiente bem mais confortável” conta Loiola.
Trata-se de um projeto sóbrio, que se insere de maneira silenciosa na malha urbana da cidade. Não foi feito para ser um espetáculo Luís Eduardo LoiolaMotta descreve, ainda, como foi encontrada uma maneira de driblar a sequidão característica da capital do país: “A água passa por evaporação e ajuda a melhorar a umidade do ar nos ambientes. Temos também o teto verde, da cobertura, que aumenta a inércia térmica e diminui a passagem de calor. Além disso, a fachada ventilada permite a entrada da iluminação natural sem deixar de proteger da incidência direta do sol”.
“Trata-se de um projeto sóbrio, que se insere de maneira silenciosa na malha urbana da cidade de Brasília. Não foi feito para ser um espetáculo”, define Loiola. “Apesar de ter uma estrutura bastante ousada, com duas grandes treliças apoiadas em quatro pontos, ainda é um edifício leve, com um espaço térreo generoso”, completa Motta.
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