O que antes era um terreno seco e desprovido de vegetação agora é o lar aconchegante de um casal com quatro filhos. Com um programa organizado em 612 m², a Residência RFC foi idealizada pelos arquitetos Henrique Reinach e Maurício Mendonça, do escritório Reinach Mendonça Arquitetos Associados , e está localizada próxima ao Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
A proposta arquitetônica combina o desejo dos donos de estarem imersos na natureza com a segurança necessária a uma residência situada na rua. Apesar de ser toda fechada no pavimento térreo para a calçada, uma vez dentro da casa, nota-se que quase não existem paredes, o que resultou na utilização da madeira e do tijolo à vista para ‘aquecer’ o ambiente.
Inicialmente, os donos não possuíam um programa em mente, apenas demoliram a residência que existia no terreno para conceber uma nova casa. “O terreno é muito complexo do ponto de vista da legislação, é um terreno difícil de ocupação, com muitas restrições de recuo e é relativamente pequeno”, explica Reinach.
Após muitas conversas com os arquitetos, foi definido que o projeto seria integrado ao exterior e que a cozinha deveria interagir com as áreas sociais e de lazer. Como a fachada da face norte é fechada, os arquitetos procuraram dar um movimento entre o muro e o espaço de acesso à garagem. De acordo com Mendonça, isso trouxe um pouco de gentileza urbana, com um pequeno jardim voltado para a rua, que convida à entrada social.
Ao passar pelo portão, à direita do lote, encontram-se a área de serviço e a garagem. A parte interna do primeiro pavimento é composta pela sala de estar, sala de jantar, um espaço para o piano e a cozinha interligada com a varanda gourmet. O espaço é marcado pela transparência dos vidros e pelo concreto aparente dos pilotis finos com fôrmas de papelão, que, em conjunto com o paisagismo feito pelos profissionais do Jardim Paulistano, provocam sensação de amplitude.
Em contraposição, o segundo andar dispõe de uma sala de televisão e quatro suítes, delimitadas por portas de correr de vidro e brises camarão, que além de filtrar a insolação, promovem a privacidade das áreas íntimas. O piso de madeira está presente em todo o pavimento superior desde os dois lances de escada, dando conforto térmico ao local juntamente com o fechamento de alvenaria, os forros de gesso branco e os forros de madeira ripadinha. Os três dormitórios das crianças olham para a face da rua, e o quarto do casal foi construído acima do bloco da cozinha e varanda.
Ao fundo, na área de lazer, foi projetada uma piscina conjugada com uma sauna e vestiário. As pastilhas de ardósia de Minas Gerais foram escolhidas para revestir a piscina e deixá-la com tom natural e discreto, algo semelhante a um tanque de rio. Assim, mesmo quando iluminada à noite, não chama atenção.
A combinação da estrutura metálica com as portas de correr de vidro proporcionou leveza e completa interação entre o interior e o exterior da casa. Os pisos da área externa são iguais aos pisos da área social do primeiro andar, o que dá uma sensação de continuidade no ambiente.
“Por ter muito vidro, a casa tem poucos apoios embaixo e grandes vãos. Para que isso fosse possível, fizemos com que houvesse só uma laje entre o térreo e o superior, e a cobertura lá em cima não é laje, é uma cobertura de OSB impermeabilizada com manta tipo alvitra em cima”, conta Reinach. A existência de uma cobertura plana permite a instalação de placas fotovoltaicas, placas solares de aquecimento para a piscina e placas solares de aquecimento para a água dos banheiros.
A casa é toda automatizada e, apesar de não estar à vista, conta com ar-condicionado em ambos os pavimentos, telão para projetar filmes, e som e iluminação integrados em todos os ambientes. “Durante o dia quase não tem necessidade de acender a luz. A casa é muito iluminada e por isso mesmo ela tem um projeto de iluminação muito discreto, muito pontual”, conta Mendonça.
Reinach explica que os móveis fixos, como os da cozinha e os gabinetes de banheiro, foram desenhados pelo escritório, e os móveis soltos, as obras de arte e o preenchimento das paredes, foram escolhidos em conjunto com os moradores. “A gente define no escritório qual é o layout básico da residência, quais móveis soltos deveriam existir em qual lugar, mas respeitando os móveis que as pessoas têm e respeitando também as aquisições que essas pessoas vão fazer ao longo da vida dela”, complementa.
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