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Casa BLM

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Projeto da casa, que tem uma biblioteca centralizadora como prisma, trabalha com maestria relação entre espaços internos e externos. Imagens: Haruo Mikami
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Culturalmente bela

Texto: Marina Cabral

Em Brasília, uma residência unifamiliar de aproximadamente 650 m² se destaca pela estética, fluidez espacial e eficiência energética – características que dialogam de maneira primorosa a partir da escolha inteligente dos materiais predominantes e da disposição dos espaços definidos.

Livros são protagonistas

Idealizado pelo escritório ATRIA, o projeto viabilizou a distribuição da casa ao redor de uma bela biblioteca, que ocupa quase 250 m². Ela é especialmente identificada como o prisma da morada e aparece toda revestida em aço corten, em uma dupla pele perfurada que abriga os mais de cinco mil volumes.

“O cliente, já bastante certo do tipo de arquitetura que buscava, nos pediu – em tom de brincadeira, mas com certa seriedade – a projeção de um acervo bibliográfico para guardar sua coleção de livros”, conta Gustavo Costa, arquiteto e sócio do escritório. “Ela faz a função de uma sala multiuso para saraus, leituras e descanso, e contrasta com a cozinha que é pequena se comparada ao tamanho da casa – composta também por três quartos, três suítes, área de serviço e uma garagem para três carros”, explica.

É muito difícil distinguir se é a casa que envolve a vegetação ou se é a vegetação nativa que entremeia os volumes da residência Gustavo Costa

Implantação respeitosa

De acordo com Costa, a avaliação criteriosa da vegetação do terreno foi outra condicionante essencial para a concepção do projeto arquitetônico, devido à importância dada à proteção do bioma do cerrado. “Como as árvores eram oriundas do terreno e não podiam ser cortadas, definimos o partido arquitetônico distribuindo todas as áreas da residência levando-as em consideração. É muito difícil distinguir se é a casa que envolve a vegetação ou se é a vegetação nativa que entremeia os volumes da residência”, destaca o arquiteto.

Costa fala da importância da maior árvore do terreno, que tem papel gerador no partido. Frondosa e com 50 metros de altura, ela domina totalmente a paisagem, recebe iluminação durante a noite e, junto às outras, cria sombreamento natural. “O pedestre passa deixando ao seu lado esquerdo o volume dominante da biblioteca e tem a surpresa de chegar a uma espécie de átrio com a árvore, que se volta para as salas de estar e jantar”.

Estética inerente, materiais e detalhes marcantes

Intimamente ligada aos materiais que a compõem, a estética da residência é admirável, porém alcançada com traços arquitetônicos modestos. “É muito difícil ser simples e eu acho que a residência tem essa característica. Ela consegue ter volumes muito puros e pouquíssima proliferação de elementos. Ou seja, baseamos a composição toda de massas e de texturas em apenas quatro materiais”, ressalta Costa.

Cliente tinha uma grande coleção de livros e o desejo de ter uma biblioteca com uma casa em voltaFoto: Haruo Mikami

Minimalista, a casa tem os painéis móveis de aço corten como elementos principais da composição dispostos no plano frontal, revestindo todo o volume da biblioteca e das áreas íntimas. Além deles, sustentando a pouca variabilidade de materiais, estão os tijolos aparentes que, junto aos planos envidraçados e as lajes ripadas de concreto, revestem o outro volume que abriga as áreas de convívio social. “O tijolo por si só é um bom elemento condicionante térmico, porque recebe toda a insolação durante o dia, mantendo o calor dentro dos ambientes”, destaca Gabriela Muller, arquiteta e sócia do escritório.

A utilização de materiais que podem ser melhorados e transformados com o tempo foi feita para garantir beleza e economia no processo construtivo. “Priorizamos a escolha consciente de materiais que exigissem baixo grau de manutenção, e que também pudessem envelhecer com nobreza”, ressalta Costa.

Eficiência energética com luz natural

Junto às boas condições bioclimáticas e o sombreamento conquistados com a vegetação natural, os vidros dos painéis que fecham todo o volume da área social garantem a entrada de luz natural. Houve um estudo de carta solar para permitir que a casa tivesse a melhor insolação possível. Costa destaca a economia com iluminação, pois não é necessário acender nenhuma lâmpada ou equipamento durante o dia.

“Na biblioteca temos uma luz mais filtrada que é muito interessante. Você não tem luz direta; é uma luz bem difusa para leitura. Isso também foi estudado anteriormente, para a instalação de uma pele com permeabilidade de 70%”, explica o arquiteto.

Priorizamos a escolha consciente de materiais que exigissem baixo grau de manutenção, e que também pudessem envelhecer com nobreza Gustavo Costa

Ele também ressalta o jogo de luzes e a proteção que a fachada de aço atrelada ao vidro proporciona. “Por se tratar de um ambiente fechado por essa dupla pele, que protege os livros da entrada de poeira, cria-se uma metamorfose do dia para a noite. De dia, ela protege visualmente a biblioteca e garante um ambiente de estudo reservado, onde as pessoas podem ver o exterior sem serem vistas. À noite, se tem o inverso. A visualização do entorno fica mais defasada, e é quando os moradores usufruem do espaço para eventos sociais e reuniões íntimas”.

Espaços integrados

A relação entre os espaços internos e externos foi muito bem trabalhada no projeto, principalmente na área social. “É muito importante ressaltar a integração completa adquirida com os grandes panos de vidro. Trata-se de um ponto muito positivo no partido arquitetônico, ou, eu diria, na arquitetura tropicalizada, muito adequada ao bioclima brasiliense. Além disso, os ambientes de permanência mais duradoura são todos voltados à nascente” explica Costa.

Muller destaca que o projeto foi totalmente personalizado de modo a atender o estilo de vida do proprietário. “Isso é essencial, porque é através do espaço e do belo que se realiza o sonho e define como aquela pessoa vai viver. Nós sempre tentamos incluir nos nossos projetos a visualização, a amplidão, a ventilação e a iluminação, porque essas são riquezas que vêm de graça”.  

Escritório

  • Local: DF, Brasil
  • Início do projeto: 2014
  • Conclusão da obra: 2014
  • Área do terreno: 1560 m²
  • Área construída: 620 m²

Ficha Técnica

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