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Parque Científico e Tecnológico de Itajubá

Parque Científico e Tecnológico de Itajubá
A qualidade ambiental norteou o projeto desse centro de estudos e desenvolvimento, equilibrando espaços ocupados e preservados. Imagens: André Resende
Parque Científico e Tecnológico de Itajubá
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Pólo tecnológico e natural

Texto: Ângela Arraya

A cidade mineira de Itajubá é uma expoente da pesquisa científica brasileira e mundial, com grande população estudantil em cursos de graduação e pós-graduação, e, portanto, local propício para abrigar o Parque Científico e Tecnológico de Itajubá, onde são realizadas atividades relacionadas à propagação de conhecimento e desenvolvimento científico e tecnológico.

Responsáveis pelo projeto do parque, as equipes dos escritórios BCMF e Mach Arquitetos priorizam no desenho uma aproximação entre os ambientes urbano e natural de forma consciente.

Como todos os complexos científico-tecnológicos, o arranjo institucional do parque é composto por A distribuição de toda essa estrutura parte da premissa de que o lugar deve possuir características bastante distintas de uma ocupação urbana convencional, no que diz respeito à baixa densidade e à relação harmônica pretendida entre o ambiente construído e a natureza uma parceria entre entidades públicas e privadas, abrigando, por isso, desde institutos de pesquisa e centros tecnológicos a toda uma rede de empresas e serviços, instituições bancárias, espaços de convivência, centro de convenções e exposições, salas de conferências, agências de comércio exterior e turismo. Porém, “a distribuição de toda essa estrutura parte da premissa de que o lugar deve possuir características bastante distintas de uma ocupação urbana convencional, no que diz respeito à baixa densidade e à relação harmônica pretendida entre o ambiente construído e a natureza”, contam os arquitetos do escritório BCMF.

Loteamento e setorização

As principais manchas de ocupação decorrem diretamente do mapa de declividades. São ocupadas as áreas com declividade máxima de 30%, embora a grande maioria do empreendimento seja implantada em terrenos com baixa declividade, inferior aos 20%.

Esta estratégia permite que os dois vetores de ocupação por edifícios estejam cercados por áreas verdes. O loteamento é organizado a partir de três vetores distintos pela condição topográfica: o primeiro, no sentido sudeste, define uma área plana e o segundo, no sentido nordeste, caracteriza‐se pelo aclive suave. O terceiro vetor, definido pelo futuro Parque Linear (Helibrás/Prefeitura), articula‐se com os dois acima citados em uma Área de Preservação Permanente (APP). Neste local, a articulação espacial dos três vetores estabeleceu a criação de uma grande praça circular, que assume a função de Ágora – um grande ponto de encontro com densa arborização e uso paisagístico, científico e recreativo da água – caracterizado por um território circular delimitado por um anel viário de 200m de diâmetro.

No Edifício administrativo do PCTI, a disposição dos volumes, assim como o sistema de aberturas, são concebidos de modo a permitir farta circulação de ventilação natural por meio de sistemas de brises verticais metálicos nas fachadas leste e oeste Foto: André Resende

Edifício administrativo do PCTI

Um local privilegiado na margem do Ribeirão José Pereira para este edifício, paralelo à avenida, proporciona ótimas condições para a integração de arquitetura e paisagem através da composição volumétrica setorizada em dois níveis principais, priorizando as atividades de caráter público no térreo e as administrativas no nível superior.

Além dos níveis principais, um rebaixamento no piso térreo (praça arborizada) e terraços em cota intermediária entre os pisos do pilotis e da administração contribuem para a complexidade espacial desejada. Diversos recortes no piso dos pilotis sugerem a presença constante do espelho d’água no conjunto.

O tratamento dos terraços com deques é fator importante na redução da carga térmica no interior dos ambientes inferiores, por criar um colchão de ar renovável sobre as lajes. Nestas condições, a temperatura das lajes de cobertura mantém‐se constante, evitando problemas de fissuras decorrentes de dilatações e compressões bruscas.

Para a estrutura foi escolhido o concreto pré‐fabricado, por se tratar de um sistema industrializado, racional e econômico (isento de produção de resíduos na obra) e que permite liberdade para a composição arquitetônica e plástica. A disposição dos pilares segue a modulação de 7.5 x 7.5 m, com seção circular de 50 cm de diâmetro, e os vigamentos também são projetados em peças de concreto pré‐fabricado, assim como as lajes do piso e a cobertura do pavimento administrativo em painéis alveolares protendidos.

Todas as escadas serão executadas em concreto armado moldado in loco, assim como os reservatórios de água na cobertura do edifício.

A cobertura feita com telhas metálicas termoacústicas tipo “sanduíche” é fixada com engradamento de madeira sobre as lajes pré‐fabricadas de concreto protendido capeadas.

Lajes pré‐fabricadas de concreto protendido, capeadas, impermeabilizadas e cobertas com deques modulares de madeira estruturados em engradamentos do mesmo material nos terraços complementam essa parte.

Pisos

Os pisos de blocos intertravados de concreto retangular na área externa dão continuidade ao passeio contíguo, enquanto o espelho d’água que envolve a área de implantação da edificação recebe piso revestido de pedras do tipo miracema 10 x 10 cm com junta corrida, mesmo piso utilizado sob os pilotis nas áreas cobertas e abertas, entre os blocos edificados.

No interior dos blocos térreos alternam-se placas de concreto com bordas retas e acabamento liso, e, nas áreas molhadas como banheiros, cozinhas e copas, piso para tráfego pesado. Para o revestimento das escadas são usadas placas pré‐moldadas de argamassa de alta resistência com aplicação de resina acrílica fosca.

A área de piso rebaixado no ambiente externo recebe deques de madeira em réguas de ipê apoiados sobre alvenaria e protegidas com verniz marítimo fosco. Outros tipos de piso que compõem o prédio são carpete para alto tráfego e piso elevado modular sobre a laje de concreto pré‐fabricada, que possibilita flexibilidade de uso e de alteração da infraestrutura da rede elétrica e de cabeamento estruturado.

Na Ágora, o elemento circular atua tanto como articulação viária e distribuição de fluxos, como também, e principalmente, como referencial espacial e simbólico cuja escala afirma‐se no ambiente do parque como um todo Foto: André Resende

Edifício do condomínio de empresas

Seu projeto arquitetônico tem um dinâmico jogo volumétrico com um princípio de ocupação orgânico sobre um grid espacial modular que surge para atender ao crescimento e à adaptabilidade por meio de modularidade dos elementos construtivos.

O partido arquitetônico em torno de um pátio central aliado aos vazios das fachadas garante ao conjunto uma excelente qualidade ambiental, com ventilação e iluminação naturais fartas e cruzadas em todos os ambientes.

Todas as aberturas das fachadas têm anteparos – brises verticais opacos – para conter a insolação direta, de forma eficiente em todas as orientações solares. No anel interno, as salas são envidraçadas e contam com a proteção horizontal das circulações. Os patamares/terraços intermediários atuam como suporte para jardins suspensos, contribuindo significativamente para a qualidade dos ambientes que os circundam.

Neste edifício, optou‐se por dois conceitos distintos: um para os pavimentos térreo, primeiro e segundo pavimentos; outro para o terceiro pavimento, onde há uma demanda por maior controle da qualidade do ar, a permitir que ali se instalem laboratórios de diversas naturezas, justificando a adoção de filtros e exaustão.

No pavimento técnico – cobertura do edifício – são alocados os gabinetes de ventilação com filtro, ventiladores, unidades resfriadoras de água e bombas.

A cobertura dos espaços fechados é feita com lajes pré‐fabricadas de concreto protendido, capeadas e impermeabilizadas. Em todo o perímetro do pavimento técnico é adotada cobertura metálica com telhas.

A adoção de um princípio de ocupação orgânico sobre um grid espacial modular atende à adaptabilidade demandada por um empreendimento como o Condomínio de Empresas do PCTI Foto: André Resende

Centro de manutenção e apoio do PCTI

O Centro de Manutenção e Apoio abriga atividades de caráter técnico ao mesmo tempo em que reúne espaços dedicados ao bem‐estar e à socialização dos funcionários do PCTI. Tal característica faz com que este edifício não seja concebido como mero instrumento funcional, mas, ao contrário, como equipamento que tenha os mesmos atributos (qualidade arquitetônica, plástica e ambiental, por exemplo) que os edifícios destinados ao Centro Administrativo e ao Condomínio de Empresas.

Trata‐se de edificação essencialmente térrea, visto que a maioria dos espaços necessita de pés‐direitos altos para a realização das atividades previstas. No entanto, a articulação dos níveis se faz de acordo com a topografia do terreno, permitindo a superposição de alguns compartimentos menores.

O sistema de fechamento vertical utilizado adota painéis com inclinações negativas em relação aos espaços internos, promovendo iluminação natural indireta, que será somada àquela vinda dos sheds da cobertura (orientados para o sul). Estas soluções permitem também farta ventilação natural, ao mesmo tempo em que garantem certa privacidade às atividades do Centro, evitando uma exposição excessiva ao público do parque.

Paisagismo em foco

A não utilização de todas as áreas disponíveis, cuja declividade permitiria ocupações, respeitando a topografia montanhosa e a presença de um grande grupamento arbóreo, favoreceram a criação de um paisagismo com eixo fundamental na criação e recomposição de áreas verdes e a manutenção de áreas de preservação ambiental de maneira integrada às instalações do empreendimento.

Outros itens que compõem o paisagismo são a arborização temática das ruas do loteamento, cada uma correspondendo a uma determinada espécie arbórea nativa; a utilização de espécies perenes que demandam menor quantidade de água na irrigação, capazes de promover um paisagismo sustentável e que proporcionam economia de água; e a inserção de vários equipamentos de estar (bancos, mesas, vasos) como forma de valorizar as calçadas.

Escritório

  • Local: MG, Brasil
  • Área do terreno: 209 m²
  • Área construída: 666.216 m²

Ficha Técnica

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