O Aeromóvel de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, é considerado um projeto único no país. Construído como parte das obras urbanas para a Copa do Mundo FIFA 2014, o partido deixa um legado para o transporte da cidade ao interligar – em um trecho de 1 km – o terminal 1 do Aeroporto Salgado Filho (INFRAERO) à estação ao lado do metrô (TRENSURB).
A OSPA Arquitetura e Urbanismo trabalhou no desenvolvimento do design da via elevada – desde o estudo preliminar até o projeto executivo e detalhamento das formas – e nos projetos executivos das duas estações do trajeto, a partir do estudo preliminar feito pelo escritório Ado Azevedo Design.
“O grande desafio consistiu na apresentação de uma solução técnica que evoluísse o design original da via de Jacarta, na Indonésia, propondo uma forma de otimizar não só sua estrutura, como também sua manutenção", explica a equipe de arquitetos do escritório.
Ao longo do trajeto, o entorno não apresentava nenhum ordenamento e padrão construtivo. Para isso, foi necessário organizar esse espaço, uma vez que a via deveria ser lida como um elemento distinto e de simplicidade exemplar, não como uma forma exótica.
Os arquitetos detalham que a forma da via é o resultado do acolhimento da aleta, que é empurrada pela corrente de ar produzida pelos Grupos Motopropulsores (posicionados próximos às estações), acarretando em uma grande viga caixão. A forma externa se dá, também, pela preocupação com o acúmulo de detritos ao longo da sua vida útil.
"Nesse caso, as estações se encontram nas extremidades da via, apresentando uma separação evidente entre o pavimento térreo – onde fica a área técnica com os Grupos Motopropulsores, que asseguram o funcionamento do veículo – e o pavimento da plataforma, localizado no mesmo nível da via. Dessa forma, a TRENSURB tem conexão direta com a área paga do sistema de metrô de superfície, evitando a necessidade de catracas para acesso, enquanto a estação próxima ao aeroporto apresenta não só os bloqueios, como também a central de segurança".
O projeto considerou que a obra estava sobre áreas públicas, como ruas e linha do trem, o que exigia uma execução sem interromper o fluxo urbano. Dessa maneira, o uso de estruturas pré-fabricadas foi essencial não só para diminuir o tempo total de obra, mas também a duração da intervenção em cada setor do percurso.
“Já as estações apresentam pilares e plataformas em concreto armado, e sua estrutura superior recebeu perfis de aço, com fechamentos em vidro e coberturas em telhas termoacústicas. Todos os materiais foram escolhidos para atender ao requisito do tempo de obra e garantir o máximo de eficiência e conforto possível aos usuários", contam os arquitetos da OSPA.
A concepção da estrutura das estações obedeceu tanto a requisitos técnicos quanto de implantação das áreas da TRENSURB e INFRAERO. Uma dessas condicionantes relacionava-se à redução da incidência solar.
“Para atender a essa questão, nós adotamos o vidro reflexivo. As coberturas, por exemplo, foram propostas com telha termoacústica. Já a infraestrutura no térreo, como os Grupos Motopropulsores, geradores e subestações, inspirou grandes preocupações acústicas, solucionadas por meio de painéis isolantes e atenuadores", ressalta a equipe da OSPA.
Outro aspecto importante é que as estações respeitam as normas técnicas, em especial a NBR 9050, sendo providas de acesso por rampa e sinalização tátil. Tanto elas, quanto os veículos, são totalmente acessíveis.
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