Cercada por remanescentes da Mata Atlântica e pelo Rio Capibaribe, a Oficina Brennand é como um mundo à parte. Carregado de histórias e simbolismos, o local iniciou uma jornada de transformação nos anos 1970. Nessa época, aos 44 anos, Francisco Brennand (1927-2019) decidiu converter as ruínas da Cerâmica São João da Várzea, herdada de seu pai, em um ateliê. Nas mãos do artista pernambucano, o complexo do início do século XX com 15 km² tornou-se mais do que um local de trabalho, mas uma fonte de inspiração e um abrigo para um acervo muito peculiar de esculturas, murais, painéis, pinturas, desenhos e objetos cerâmicos.
Com jardins projetados por Burle Marx e uma capela de autoria de Paulo Mendes da Rocha e Eduardo Colonelli, o conjunto monumental foi transformado, em 2019, em uma instituição cultural sem fins lucrativos com a missão de preservar a obra de Brennand e de se tornar um polo cultural da região. Uma etapa importante nesse processo de mudança é a reformulação arquitetônica do complexo concebida por Martin Corullon e Gustavo Cedroni, do METRO Arquitetos Associados, escritório que tem em seu portfólio uma série de trabalhos para instituições culturais, como a expansão do MASP, em São Paulo.
Para um lugar com tantas singularidades, Corullon e Cedroni conceberam soluções em sintonia com o conceito de mínima intervenção, para serem executadas ao longo de três anos. O objetivo é aumentar a capacidade de público, melhorar a circulação e criar espaços adequados para as diversas atividades proporcionadas pela instituição.
Áreas de exposição serão ampliadas, assim como espaços desativados da Oficina serão restaurados para abrigar infraestrutura de apoio e sediar residências artísticas e educativas. “Por meio de intervenções pontuais que respeitam e dialogam com o espaço e história da instituição, a ideia é requalificar os ambientes de acordo com o novo momento da Oficina Brennand”, resume Gustavo Cedroni.
Segundo Martin Corullon, uma condição que acompanhou todas as tomadas de decisão do projeto foi a busca pelo equilíbrio entre a dimensão íntima do espaço físico e a instituição pública, de uso coletivo. “O maior desafio a ser superado, nesse caso, foi conciliar as demandas e as necessidades de uma instituição cultural voltada para um público grande, com uma lógica de formação daquele espaço que era tão pessoal”, conclui.
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