Considerada uma das mais importantes galerias de arte contemporânea do Brasil, a Casa Triângulo foi transferida para um novo endereço. O imóvel escolhido para abrigá-la, no descolado bairro do Jardim Paulistano, em São Paulo, passou por reforma assinada pelo escritório METRO Arquitetos Associados, que participou inclusive do processo de escolha do prédio.
"O imóvel foi selecionado não só por sua localização, mas também pelo seu potencial de ocupação enquanto espaço expositivo, assim como por suas características construtivas que viriam a permitir uma reforma rápida. Entre projeto e execução passaram-se apenas 11 meses, de março de 2015 a janeiro de 2016", conta o arquiteto Martin Corullon, um dos responsáveis pelo projeto.
O imóvel foi selecionado não só por sua localização, mas também pelo seu potencial de ocupação enquanto espaço expositivo Martin CorullonAmplo, volumoso e monumental, o edifício abrigava uma locadora de vídeos e já contava com uma boa estrutura e poucas divisórias. "Isso foi ótimo, porque a gente precisava de espaços grandes”, comenta.
O programa foi dividido em três níveis – térreo, mezanino e superior –, somando 450 m² de área construída. Distribuídos ao longo desse espaço estão dois campos expositivos, o acervo, os setores administrativos e os de apoio.
Com cerca de 5 metros de altura, o pé-direito da sala de exposição principal é um dos destaques da nova Casa Triângulo, que acaba inclusive se diferenciando de outras galerias paulistanas por suas proporções generosas. “É uma medida pouco comum, praticamente a mesma da Bienal de São Paulo”, expõe o arquiteto.
Para dar conta da urgência da obra, os materiais utilizados seguiram a linha industrial, pré-fabricados, dispensando acabamentos posteriores. Desde as paredes de gesso até o revestimento externo da fachada, foram utilizadas placas cimentícias de sistema drywall convencional, deixadas aparentes com tratamento para resistirem ao tempo.
“Limpamos o espaço inteiro, tiramos o forro que era baixo e substituímos por um modular junto da estrutura translúcida, para criar os novos painéis da área expositiva e de fechamento dos escritórios. Tudo em drywall”, fala a arquiteta Helena Cavalheiro, também responsável pelo projeto.
A fachada da Casa Triângulo é o grande abre-alas do projeto. Sua faixa translúcida no nível do chão não tem nenhuma estrutura, permitindo um plano homogêneo de luz. Assim, tanto o espaço expositivo como a galeria são banhados de iluminação natural durante o dia.
As placas de policarbonato foram aplicadas visando a proporcionar eficiência energética, durabilidade e resistência. “Sem contar que é um material de montagem extremamente rápida. Chegou em painéis modulares e, após três ou quatro dias, a fachada estava montada”, esclarece Cavalheiro.
A iluminação está ali a serviço, montada com elegância Helena Cavalheiro“Além dessas placas de policarbonato, usamos uma placa leitosa. Então, você não vê através dela, tem uma certa privacidade. Achamos que o efeito de ‘vitrine’ não seria adequado a uma galeria”, completa o arquiteto.
Para o projeto luminotécnico da nova Casa Triângulo foi aplicado um sistema básico, neutro e homogêneo, de modo que não 'invadisse' o espaço e nem a exposição. “A iluminação está ali a serviço, montada com elegância”, revela a arquiteta. Com isso, foram escolhidas lâmpadas fluorescentes que iluminam igualmente as paredes no espaço inteiro e trilhos que permitem a colocação de spots.
Na divisão entre a área mais técnica e a expositiva fez-se uma claraboia de ponta a outra, garantindo a luz natural que fica entre o mezanino existente e um cubo. “O único elemento que acrescentamos no edifício foi um volume, que é um cubo, colocado entre o salão principal e o mezanino”, relata Corullon.
Na face voltada para a Rua Cristóvão Diniz, de menor movimento, foi implantada uma praça de caráter público. O local é destinado não só para exposições ao ar livre, como também para um momento de descontração, onde as pessoas podem se sentar e relaxar.
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