A Casa JJ, assinada pelo escritório Obra Arquitetos, está localizada na Serra da Mantiqueira, no município de Amparo, em São Paulo. O terreno, cercado por morros, possui geometria triangular com declividade acentuada – para contornar essas dificuldades, os autores pensaram em um projeto arquitetônico que tirasse proveito da bela vista do entorno e assentaram a residência de acordo com o desenho do solo.
“Estabelecemos um platô no nível social, onde está a entrada, como se fosse uma grande varanda. Implantamos a casa de modo a formar uma plataforma com vista privilegiada”, relata o arquiteto Thiago Natal Duarte.
Para que fosse possível inserir o projeto desse modo, o escritório teve de recorrer a uma intervenção no terreno, executando bastante corte de terra. A residência tornou-se, então, um grande muro de arrimo, com metragem linear de aproximadamente 50 m. Esse muro estrutura todo o lote de implantação, formando com ele um ângulo de 90 graus, o que cria a horizontalidade.
“Apesar do terreno inclinado, a morada teve um desdobramento interessante, integrada ao entorno, como se orbitasse em meio à paisagem”, complementa Duarte.
A Casa JJ se desenvolve em quatro níveis, driblando, dessa forma, o desnível acentuado do terreno. O esquema de divisão começa pela entrada, que se constitui como uma grande varanda, com ampla área sombreada, na qual estão localizadas a sala de estar, a sala de jantar, a cozinha e a área de serviço. Grande parte desse local é fechada por caixilhos, permitindo a total visibilidade do entorno.
A cobertura serve como piso para o andar de cima, criando um espaço plano para o uso dos moradores, com uma área de lazer. O sistema construtivo é todo feito de concreto armado moldado in loco.
O andar abaixo conta com uma sala de estar com lareira. O nível intermediário abriga as áreas de uso privado, com quartos, banheiros e uma sala de TV. Por fim, no último andar estão o escritório e uma pequena adega.
Essa organização do projeto e dos ambientes foi escolhida por propiciar uma maior intimidade aos quartos, que estão orientados para o leste e são encerrados pelo muro de arrimo do lado oposto.
“É como um filtro: você entra em um local amplo e aberto e, à medida que vai descendo, descobre os demais ambientes, e o visitante passa a ter maior controle da luz e do espaço”, descreve Duarte.
O concreto tem sua personalidade impressa na Casa JJ, que se beneficia de sua superfície rígida e imponente. Os demais elementos que compõem o projeto são: a madeira, aplicada na área externa do deck da piscina e nos tacos dos dormitórios; o granito, usado nos pisos internos; e o vidro utilizado em quase todas as fachadas, a fim de manter a ampla vista integrada com o interior.
A proposta inicial dos arquitetos para a Casa JJ era fazer uma espécie de casa-mirante, que proporcionasse vista de 360°. Para isso, a implantação foi bastante criteriosa, a fim de obter o melhor conforto térmico.
“O caminho do sol começa a leste, iniciando-se pelos quartos e pela sala, depois vai ao norte, onde está a piscina, que recebe grande oferta de luz, e acaba a oeste, onde está a cozinha”, explica o arquiteto. “O volume cria um blackout natural, barrando a luz do fim de tarde, que muitas vezes pode ser ofuscante”, complementa. A marquise, que desenvolve o mirante, faz as vezes de brise, gerando sombra nos locais necessários.
“O que eu mais aprecio nesse projeto é a surpresa que ele proporciona. O acesso da rua apresenta uma casa singela e pequena. Ao circular pela cidade, é possível avistar uma residência que se debruça sobre o morro e, conforme nos aproximamos, a percepção vai ficando diferente. Na verdade, a Casa JJ é grande e se desdobra na horizontalidade, em um percurso de quatro níveis. A morada se revela durante o trajeto”, conclui Duarte.
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