O Centro de Integração da Cidadania (CIC) do Imigrante, localizado no bairro da Barra Funda, em São Paulo, foi projetado por um time de arquitetos, professores, alunos e ex-alunos que tinham como missão criar um local de acolhimento ao imigrante, oferecendo-lhes serviços nas áreas de defensoria pública, além de cursos de idiomas e atendimento ao trabalhador.
O projeto é uma parceria entre a Escola da Cidade e a Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo e contou com o apoio da Inditex – empresa têxtil espanhola – e do Ministério Público do Trabalho de São Paulo. Parecia um conjunto de vagões estacionados. Então, a partir disso, projetamos uma estrutura metálica para se expandir por 300 m² e integrar os setores, traçando as atividades de forma segmentada Felipe Noto e Maira RiosPor fim, o escritório B Arquitetos foi convidado para dar vida à arquitetura.
Os espaços coletivos foram o ponto principal para a organização do programa, como a Praça do Imigrante, que está logo na entrada. Esse pátio fica ‘escondido’ da rua por meio de uma escadaria e se estende até o jardim. Além de receber os visitantes, o espaço tem boa infraestrutura para comportar eventos e reuniões dos imigrantes e de suas redes de apoio.
O CIC do Imigrante se estende por um complexo de três edifícios alinhados à linha férrea do Complexo Barra Funda. “Parecia um conjunto de vagões estacionados. Então, a partir disso, projetamos uma estrutura metálica para se expandir por 300 m² e integrar os setores, traçando as atividades de forma segmentada”, contam os arquitetos e professores Felipe Noto e Maira Rios.
O primeiro edifício – antigamente a casa de controle dos trilhos – abrigou recepção e espaço de informações, com áreas para exposições, lazer e acesso à internet e recreação infantil. A cobertura deste setor foi refeita, assim como o sistema de abertura de acesso, ventilação e iluminação para melhor conforto interno.
O segundo edifício – onde funcionava o antigo armazém – é o mais longo de todos, com 240 m de comprimento. Após as intervenções, passou a abrigar o setor de atendimento que presta serviços da Delegacia de Estrangeiros da Polícia Federal e do CIC do Imigrante, e um auditório para as atividades do Fundo de Solidariedade, como a Padaria Artesanal e as Escolas da Beleza e da Costura.
“Nesse prédio, restauramos os elementos originais das coberturas: as tesouras de peroba com tirantes em aço e mãos-francesas em aço rebitado da marquise lateral”, mencionam os profissionais.
Por fim, o terceiro prédio – aberto à rua e fora do alinhamento dos trilhos – acrescenta ao conjunto uma casa de abrigo temporário, que ocupa e qualifica os quatro pavimentos de um clássico prédio residencial dos anos 1960 junto ao acesso principal.
Segundo Noto e Rios, essa estrutura era típica da época: organizada em pavimentos, bem alinhada à rua e com algumas dificuldades na adaptação para uso público, como circulações, acessibilidade, instalações etc.
Nesse [terceiro] prédio, restauramos os elementos originais das coberturas: as tesouras de peroba com tirantes em aço e mãos-francesas em aço rebitado da marquise lateral Felipe Noto e Maira RiosPara gerar mais articulação entre os blocos e compartimentação de usos, foi construído um mezanino em aço que ocupa parcialmente o espaço desocupado dos edifícios e permite que as áreas de retaguarda dos serviços de atendimento fiquem isoladas das de acesso público, no nível superior, além de organizar os setores de atendimento e apoio no nível inferior.
A construção do CIC do Imigrante só saiu do papel porque a Escola da Cidade se uniu à Secretaria da Justiça por meio de sua diretoria, com Ciro Pirondi, Anália Amorim e Marta Moreira.
Além de serem convidados a assinar o projeto arquitetônico, Felipe Noto e Maira Rios coordenaram os trabalhos e ficaram responsáveis pela equipe formada de alunos e ex-alunos que auxiliaram em todo o processo.
Para o desenvolvimento dos projetos estruturais e coordenação de algumas equipes complementares, chamaram o professor e engenheiro civil Marcelo Bianco (Inner Engenharia) para tomar a linha de frente.
O projeto de sinalização foi assinado pela turma de alunos coordenada pelos professores Hermann Tascht e Luis Felipe Abbud, que conseguiu a vaga por meio de uma atividade de extensão acadêmica.
Por fim, o convênio assinado entre a Secretaria e a Escola também incluiu a participação da Inditex. A empresa têxtil espanhola doou o primeiro montante de financiamento dos projetos e da obra – cerca de 70% do total. O restante da verba veio da parceria com o Ministério Público do Trabalho de São Paulo, que orientou a destinação de recursos oriundos do Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) de mais cinco empresas para a construção do centro.
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