De uma sugestiva declaração de Paulo Mendes da Rocha, arquiteto e autor do Cais das Artes, surge Busquei privilegiar o desfile fantástico de navios que nunca cansei de admirar Paulo Mendes da Rocha a metáfora de que o projeto é como um navio de 150 metros de comprimento e 25 metros de altura ancorado na Enseada do Suá, extensa área plana próxima ao Porto de Vitória, Espírito Santo. "Busquei privilegiar o desfile fantástico de navios que nunca cansei de admirar", disse o profissional, vencedor do Prêmio Pritzker em 2006, que incorporou nessa obra o estilo arquitetônico brutalista. A forma estrutural espaçada, as linhas puras, o concreto aparente e o visual modernista deixam a construção indiscutivelmente contemporânea. Feito em parceria com o jovem escritório Metro Arquitetos Associados, o museu e teatro estão em um lugar privilegiado, de monumentos históricos e paisagem deslumbrante, tendo do lado oposto as montanhas de Vila Velha e o Convento da Penha. Equipado para receber eventos artísticos de grande porte, o conjunto arquitetônico faz um elogio a esse território, em uma cidade diariamente animada pela presença do porto, com o constante e enérgico trabalho das docas. “Por tudo isso houve a decisão de criar uma praça aberta para a cidade: um passeio público junto ao mar”, explica um dos sócios-diretores do Metro, o arquiteto Martin Corullon.
Para tirar máximo partido do entorno, deixando-o visualmente livre à contemplação, os dois edifícios Houve a decisão de criar uma praça aberta para a cidade: um passeio público junto ao mar Martin Corullon – com teatro, museu, biblioteca, auditório e café – encontram-se suspensos, criando uma grande praça de uso público no local. Essas características espaciais proporcionarão ao público a oportunidade de visualizar de forma privilegiada a paisagem da cidade de Vitória. Outras soluções favorecem essa questão. Exemplo disso é o percurso de visitação do museu construído em rampas, com circulação vertical e varandas contemplativas. Cafés, livrarias, espaços para espetáculos cênicos e exposições ao ar livre fazem parte da praça repleta de vida cultural. No teatro com capacidade para 1.300 espectadores, também elevado do chão, apenas as áreas técnicas e o restaurante tocam o solo. Paulo Mendes da Rocha justifica em seus croquis do projeto: “O solo impróprio para construções abaixo do nível do mar exigiu a elevação do palco e da plateia para adotar os embasamentos e maquinários de apoio”. Assim, o restaurante abre-se a um passeio junto ao mar, coberto pelo próprio edifício do teatro, cujos pilares extremos estão dentro d’água, a cinco metros da frente regularizada do território. A volumetria do partido não só busca uma leveza capaz de preservar a integridade visual da paisagem do entorno, “mas, sobretudo, valorizá-la de modo eloquente” detalha Martin.
Duas grandes vigas de concreto armado protendido, paralelas e elevadas, conformam o edifício do museu. A três metros do chão, cada uma delas tem apenas três apoios e está distante 20 m uma da outra. Entre elas, salões com 20 m de largura e diversos comprimentos foram distribuídos nos três pavimentos principais. É nos salões que acontecerão as exposições, em um total de 3 mil m² de área. Todo o programa As medidas generosas configuram o prédio do museu com amplas aberturas para a praça, cujos salões se comunicam visualmente também entre si Martin Corullon restante concentra-se em uma torre anexa com 22 x 22 m de planta, 23 m de altura e ligação com o edifício principal feita por meio de pequenas pontes. O arquiteto Martin Corullon chama a atenção para a integração visual da obra. “As medidas generosas configuram o prédio do museu com amplas aberturas para a praça, cujos salões se comunicam visualmente também entre si”. Já o teatro com revestimento de concreto conta com duas galerias laterais, com 10 m de largura, por toda a extensão do edifício de 69 m de comprimento. Nas galerias acontecem as circulações de público, de artistas, técnicos, camarins, salas de técnicos e equipamentos. Entre elas ficam plateia, balcões, palco e coxias.
O bom planejamento da construção predominantemente de concreto pode ser notado desde as fachadas dotadas de grandes vãos até o interior. A forma como o Cais das Artes foi projetado favorece a entrada de luz natural por longos períodos, o que proporciona iluminação e calor à construção. Em anotações em seus croquis, Paulo Mendes da Rocha destaca os caixilhos do museu, “que permitem a entrada de luz indireta refletida a partir do piso, mas sem insolação direta do sol”.
O Cais do Porto nasce de uma iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado do Espírito Santo, com a intenção de incluir a região no roteiro turístico cultural do país por meio da inserção de eventos itinerantes como shows musicais, espetáculos teatrais, de dança e exposições de arte.
Geograficamente, o partido localiza-se em uma área de expansão urbana em desenvolvimento, com a expectativa futura de abrigar edificações expressivas como prédios administrativos, tribunais, shoppings centers e condomínios residenciais.
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