Em funcionamento desde 2010, a estação de metrô Vila Prudente é um elemento de destaque na Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello. Constituída por dois poços circulares justapostos, com diâmetro de 40 metros cada um, sua cobertura contou com estrutura de aço em forma de grelha e vidro, favorecendo a iluminação. “A adoção de vidros autolimpantes e de proteção solar permite uma transparência permanente, com baixa manutenção e alta luminosidade”, afirma Luiz Carlos Esteves, arquiteto responsável pelo projeto. Implantada junto ao terminal de ônibus do Expresso Tiradentes e à linha do monotrilho, que será ligada até o extremo da zona leste, a estação Vila Prudente é distribuída em quatro níveis principais: acesso (térreo), mezanino para bilheterias, intermediário para salas operacionais e sanitários públicos, e circulação de acesso às plataformas, que se situa na parte mais baixa e se estende pelos túneis. Há, ainda, um poço de saída de emergência que liga a plataforma ao térreo por escadas.
De acordo com Luiz Carlos Esteves, o projeto é resultado da integração de necessidades funcionais e Espaço e luz são os principais elementos que definem e valorizam a arquitetura da estação Luiz Carlos Esteves técnicas. Os dois poços circulares, por exemplo, não representam apenas um desenho bonito e arrojado em meio à paisagem urbana – eles serviram de base para a implantação dos equipamentos de circulação vertical, como escadas rolantes e fixas, elevadores, controle de acesso, bilheterias e salas de apoio, que contam com estrutura independente da dos poços, construída após a conclusão desses elementos. “Enquanto o poço norte apresenta abertura para o exterior, o sul está parcialmente fechado no nível térreo, em função da sua proximidade com a via de maior tráfego”, esclarece o arquiteto. As amplas aberturas para o exterior permitem ventilação natural em grande parte da estação. Os acabamentos internos se caracterizam por materiais duráveis e de fácil manutenção: concreto aparente, aço inox, vidro e pastilhas cerâmicas, revestem os blocos internos de alvenaria.
Luiz Carlos Esteves defende que a construção de estações subterrâneas, seja em Vala a Céu Aberto (VCA) ou New Austrian Tunnelling Method (NATM) – caracteriza-se por um processo que, em parte, poderia ser chamado de desconstrução, visto que se extrai material para criar espaços.
A execução das estruturas internas, em sua maior parte, objetiva a contenção e/ou consolidação do maciço circundante, ou a recomposição do terreno superficial (caso da VCA). As demais estruturas são, até certo ponto, convencionais, inseridas dentro desses ambientes para abrigar as áreas de apoio, técnicas e equipamentos de circulação.
Portanto, a arquitetura desses espaços é fortemente condicionada pelo método construtivo. Práticas que aliam necessidades de ordem técnica e funcional são essenciais para trabalhar a definição de forma e espaço. Por outro lado, nesses locais confinados, a luz é fundamental na ambientação. Da mesma forma, buscou-se valorizar também o mobiliário técnico da estação em sua real aparência, sem invólucros ou disfarces.
“A concepção de edifícios públicos deve considerar a perenidade do projeto como atributo principal, que depende basicamente da qualidade intrínseca do desenho. Este, aliás, é o maior desafio”, conclui o arquiteto.
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