Casa Acapulco

Geometria acolhedora

Texto: Marina Cabral

Agrupados dois a dois, os seis quadrados que compõem a casa formam a garagem e a área de lazer. O destaque do projeto – idealizado pelo escritório FC studio – são os vazios que diferenciam esses recintos e os integram com os ambientes internos, a partir das transparências, dos desníveis do piso e da acessibilidade. “Esse projeto contemporâneo, com espaços abertos e integrados, promove o encontro entre amigos e responde bem a um lugar quente como a cidade do Guarujá, no litoral paulista”, destaca o arquiteto Flavio Castro.

Os espaços de diferentes essências são organizados e envoltos em um só formato, visíveis pelos quatro eixos perpendiculares voltados para a rua. “A lógica dos quadrados viabilizou com mais facilidade os cálculos estruturais e a construção, pois o mesmo processo construtivo pode ser utilizado no geral”, explica. Uma sequência de ambientes a partir do pé-direito alto da sala principal – vista de fora através da fachada transparente –, oferece aos moradores amplitude e integração com as áreas externas – da frente e dos fundos. Um intervalo composto pela piscina e o deck – também visto através da fachada – passa a sensação de continuidade à toda a casa.

Divisão sutil de espaços e volumetria

A escada que leva os moradores ao pavimento superior, composto pelas quatro suítes, corta essa continuidade entre os ambientes internos do térreo e cria uma espécie de filtro visual entre a rua e a área de lazer dos fundos. “Esses espaços abertos e descontraídos que criamos vêm da influência e do estilo contemporâneo da arquitetura moderna paulista”, ressalta o arquiteto. O corredor que leva os moradores aos dormitórios tem destaque através da luz lateral e da volumetria que o envolve. A cor verde aplicada por fora do volume dos quartos também se destaca na residência.

As empenas laterais oferecem pouca visão aos vizinhos, em contraste com as fachadas paralelas e transparentes. A morada se unifica pela laje da cobertura, que permite a continuidade harmônica pela linearidade do bloco superior.

Sustentabilidade e acessibilidade

Facilmente acessada através de rampas com declividade máxima, a residência oferece fácil circulação e integração entre espaços. Além disso, se destaca pela eficiência energética e térmica. “A casa é extremamente envidraçada e fresca. Apesar dos grandes panos de vidro, projetamos a arquitetura com artifícios que promoveram o sombreamento da fachada e ventilação natural”, pontua. Essa ventilação cruzada conquistada pelas fachadas envidraçadas promove maior economia de energia – sem o uso de ar-condicionado – e renovação do ar interno. A água da residência é aquecida pela energia solar gerada por painéis solares.

Conforto constante e materiais

Os materiais predominantes são o vidro, o concreto e a madeira. “Eles foram colocados onde melhor atendiam a necessidade. O vidro pela transparência, a madeira pela leveza e aconchego e o concreto pela estrutura e durabilidade”, destaca. Além disso, a casa foi erguida com o uso de tijolos de cerâmica, que oferecem maior isolamento acústico aos ambientes. A laje da cobertura também ganhou uma manta acústica para aumentar o isolamento.