Quando o jovem casal de arquitetos Igor Macedo de Araújo e Débora Vieira Mendes de Oliveira (sócios no TETRO) decidiu projetar seu próprio lar, idealizou uma construção com design diferenciado e ousadia estrutural. O resultado foi uma residência com laje inclinada, inserida em meio ao cerrado da cidade de Nova Lima (MG) e encrustada no centro de uma montanha, bem à frente de uma reserva natural.
Batizada de Casa da Laje Inclinada, a morada foi implantada num grande declive do terreno, que cai 30 metros para o fundo, fazendo com que o volume seja “enterrado” de um lado e suspenso de outro, proporcionando uma vista de tirar o fôlego.
A implantação do projeto arquitetônico no lote de 1.350 m² foi organizada de forma longitudinal às curvas de nível. A construção, definida pela extensão da laje de cobertura, se insere de forma fluida e livre conforme as necessidades do programa desejado pelos moradores e das condições do terreno.
A laje inclinada – a protagonista que deu nome ao projeto – foi apoiada em apenas dois pilares, transpassando a imagem de um elemento mais leve em meio a natureza. No intuito de marcar o acesso principal e a garagem, ela também enquadra o panorama como um quadro ao delimitar a vista das montanhas e o limite regional de Belo Horizonte.
Ao contrário das demais construções vizinhas, a Casa da Laje Inclinada não possui nenhum tipo de cerca ou muro. Os moradores optaram por fachadas envidraças para permitir a integração máxima com a natureza e a vista. A mesma estratégia foi usada no térreo, onde não há nenhuma barreira interna, e cujas laterais foram transformadas em pequenos caminhos ecológicos, com uma circulação envolvida pelo verde das plantas.
No momento em que a laje se inclina no terreno, aos fundos, e se conecta com o terraço – onde foram inseridos a piscina e o extenso deck de madeira –, é possível notar a definição de cada pavimento no térreo. A inserção desse deck segue todo o caminho e a inclinação da laje. Além disso, ele auxilia no sombreamento e esconde as vigas invertidas que sustentam a cobertura, deixando a volumetria mais leve.
As áreas sociais foram inseridas bem abaixo da laje principal. Os grandes panos de vidro que revestem os ambientes permitem a abundante entrada de luz natural em cada canto da residência. O mais interessante é que, de um lado da sala, estão as montanhas e, do outro, há o único portão de aço e vidro que corre através da fachada e integra essa sala a um platô gramado que se transforma num ecossistema próprio, que abriga formigas, abelhas, pássaros e até lagartos.
“A sala possui painéis de vidro em ambos os lados, o que permite total integração com o gramado e com a vista e, quando abertos, a transformam numa grande varanda”, menciona o arquiteto e morador Igor Macedo de Araújo.
Já os ambientes privativos foram dispostos no pavimento abaixo do térreo.
A materialidade do projeto se resume ao uso de concreto aparente, vidro, ladrilho hidráulico, muro de pedra e deck de madeira.
A decoração é muito simples para não entrar em conflito com a arquitetura. O projeto de interiores se resume em apenas alguns quadros no chão e objetos de design espalhados pelos espaços. “O móvel de madeira maciça atrás do sofá foi desenhado por nós mesmos”, revela o arquiteto.
Por fim, toda a iluminação é escondida e indireta. Não se vê luminárias aparentes em quase nenhum momento.
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