Quando foram convidados para projetar a Residência CMA, em Angra dos Reis (RJ), os arquitetos Bernardo e Paulo Jacobsen se viram diante de um amplo terreno de 1.609 m² com um imenso declive. Planejada para uma família que passa a maior parte do tempo no arquipélago, a morada deveria transmitir as sensações do oceano: leveza, amplitude e ar fresco.
Basicamente construída com estrutura de aço, pedra bruta, madeira natural e vidro, a residência ganhou um programa organizado em 720 m². O maior desafio foi implementá-lo de maneira favorável em meio à grande inclinação, desde a rua até a faixa litorânea.
A solução foi dada através da criação de planos escalonados de jardins. “Foi um trabalho muito longo (de 2014 a 2019) e precisou da aprovação dos órgãos ambientais. Não mexemos muito com o terreno, na verdade, o mínimo para que a gente pudesse criar os planos”, revela o arquiteto Bernardo Jacobsen.
Ao entrar no lote, no nível da rua, uma pérgola conduz o caminho para os carros passarem até o estacionamento. A partir desse ponto, a ligação com a residência é feita por um cubo de vidro que atua como um elevador no plano inclinado.
Não mexemos muito com o terreno, na verdade, o mínimo em que a gente pudesse criar os planos Bernardo Jacobsen
A estrutura envidraçada acompanha a inclinação, transportando os moradores e visitantes à uma praça descoberta com um espelho d’água. Ali, foram dispostos uma casa para o caseiro e dois quartos de hóspedes com um apoio de cozinha, como se fosse um bar.
Nesse mesmo nível, as portas pivotantes se abrem para um mezanino. Logo à frente, uma extensa escada de madeira revela o andar debaixo com todas as áreas sociais da casa. E seguindo o caminho – à esquerda do mezanino –, está a área íntima da casa, com três dormitórios para a família e um para hóspedes.
No pé da escada, como se estivesse enterrado sob a praça do nível superior, o home theater conta com uma porta deslizante para oferecer privacidade ao ambiente. A espaçosa sala de estar possui um sofá em L e duas poltronas confortáveis. A decoração fica por conta dos artefatos usados sobre a mesa de centro e nas duas prateleiras suspensas no painel onde está a televisão.
A cozinha, por sua vez, fica atrás do painel branco próximo à sala de jantar, fazendo a triangulação com o jantar e a área gourmet. O nível social com pé-direito duplo conecta-se com a varanda sombreada através das esquadrias, estendendo-se até o deck feito em madeira reciclada e a piscina com jacuzzi.
À direita, seguindo em direção ao mar, uma escada leva até o generoso deck igual ao do pavimento superior, que acomoda – sob a piscina – o spa, a sala de entretenimento e um banheiro para quem está vindo do mar.
Beirando a água, um estacionamento de jet-ski foi colocado próximo à rede transparente de descanso solicitada pelos moradores. “Separamos a casa da entrada e a colocamos o mais perto possível do mar. A casa é muito pensada do ponto de vista de uma lancha chegando”, revela Paulo Jacobsen.
A premissa de uma estrutura leve, conciliada com a necessidade técnica do transporte dos materiais até a ponta mais baixa do terreno, norteou o design da construção. A dupla de arquitetos optou pelo uso da estrutura, pilares e vigas metálicas pré-fabricadas, assim como os grandes painéis de madeira e os panos de vidro.
Para completar, a grande cobertura plana e os amplos beirais deram o toque final de leveza no projeto. “O conceito foi esse, uma casa aberta e estruturalmente o mais leve possível”, conta Bernardo.
Uma atmosfera leve paira sobre a residência, e a vista privilegiada do oceano está presente em todos os cômodos. “A casa é extremamente íntima junto ao mar. Tem uma coisa meio náutica nela, como se fosse um barco”, brinca o arquiteto Paulo.
Os três dormitórios foram colocados estrategicamente no bloco acima da varanda, o que faz com que o espaço fique com o pé-direito mais baixo do que a área social, dando a sensação de proteção e auxiliando no embate do vento e do sol.
A casa é extremamente íntima junto ao mar. Tem uma coisa meio náutica nela, como se fosse um barco Paulo Jacobsen
A ventilação cruzada acontece naturalmente na casa. Tanto o vento proveniente da porção terrena quanto a brisa marinha estão sempre circulando pelos espaços, tornando o uso do ar-condicionado necessário apenas nas áreas íntimas.
Os beirais atuam em prol do conforto térmico, controlando a incidência da luz solar – eles possibilitam a sua presença, porém sem excessos.
Os arquitetos implantaram meios naturais para ajudar na redução do consumo de energia, como claraboias e iluminação zenitais. Outra questão sustentável que merece destaque é o aquecimento solar da piscina.
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