Próximo às margens do Rio Negro, na Amazônia, está localizada a sede do Instituto Socioambiental – ISA, um cubo branco de alvenaria que tem como base um quadrado de 16 metros de lado e três pavimentos de altura totalmente integrado à natureza, com arquitetura assinada pelo escritório Brasil Arquitetura.
“O grande diferencial do ISA é a sua grande sala aberta, que o torna ventilado. Este é um ponto superimportante, devido ao clima tropical”, acrescenta o arquiteto Cícero Ferraz Cruz. O projeto racionalista tem o propósito de abrigar os encontros anuais da federação com 22 povos indígenas que ocupam a área de reserva na região.
Concluída em 2015, a loja foi projetada como um espaço de criação que inclui diversos usos, onde se pode comprar, comer, beber, dançar, ler, criar e passar o tempo, uma leve comparação à versão do século 21 do Studio The Factory (A Fábrica), do artista americano de pop arte Andy Warhol. “Para antecipar estes usos e outros potenciais, o escritório Triptyque neutralizou este antigo clube de jogos dos anos 1980, asseando de branco”, disseram os arquitetos.
Mesmo que as paredes ainda apresentem as marcas das obras, o piso é totalmente novo, permitindo todas as possibilidades para que o espaço se transforme. No teto, as vigas de concreto ficam aparentes e se tornam suportes para gigantes grampos do tipo sargento, que permitem suspender as luminárias, deixando-as enfileiradas e com melhor iluminação no local.
Todos os produtos da TOG são customizados, assim como seus espaços. Sendo assim, cada canto tem sua característica única.
O layout foi pensado para uma estrutura simples, que se adapte às necessidades da comunidade local, já que a temperatura quente pede um ambiente agradável, fresco e ventilado.
A fachada de concreto, coberta pela estrutura de madeira nativa retirada das árvores da região, protege do clima quente e das chuvas fortes, promovendo o conforto ambiental. A cobertura também cria uma sombra externa que facilita a passagem dos pedestres e até refresca o interior dos ambientes.
Toda a circulação pode ser feita pelo lado de fora da construção, por meio das escadas e varandas protegidas por tramas de madeira e cipó, que marcam a circulação vertical e horizontal.
A construção utiliza materiais e mão de obra local, que trazem rapidez construtiva, além, de integração ao meio ambiente e à cultura da região. A área construída de 1.083 metros quadrados abriga no térreo um salão utilizado para diversas atividades, também conhecido como ‘a grande sala’. “O interior foi decorado com poucos móveis, mas muitas redes, já que a planta permitia isso. Trata-se, também, de uma solicitação do cliente, que é nativo”, completa Cícero Ferraz Cruz.
De acordo com o arquiteto, a questão da sustentabilidade é importante em todos os projetos, pois todos precisam estar conectados ao meio ambiente. Com o ISA não foi diferente. “O prédio é de baixa manutenção, dispensa o uso do ar condicionado, uma vez que a ventilação é privilegiada pelas grandes aberturas encontradas na construção”, explica.
A piaçava, fibra produzida em abundância na região, é destaque no partido ao ser usada especialmente para compor o revestimento.
“Inicialmente, não sabíamos a proporção que o projeto tomaria, pois sua construção foi interrompida e só depois concluída. Tivemos uma surpresa, mas hoje ela está há mais de dez anos impecável”, conclui Cícero.
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