Os arquitetos Alessandra Fassina e Eduardo Paiva Ribeiro queriam romper os paradigmas da arquitetura do litoral gaúcho com o primeiro projeto assinado por seu escritório, o Urban Ode - Arquitetura e Urbanismo. Por ser nossa primeira construção, gostaríamos de fazer referência a essa arquitetura, embora não exista nenhum elemento em particular que explicite tal relação Alessandra Fassina e Eduardo Paiva Ribeiro Uma residência exposta, com esquadrias de ponta a ponta, pé-direito duplo e escada envidraçada foram deixados de lado para dar lugar a uma construção bem resolvida, de grande força formal, na qual a atenção aos detalhes enriquece a obra. Assim nasceu a Casa C52, em Capão da Canoa
(RS).
Os sócios revelam que o edifício porto-alegrense Uniritter, sede do Centro Universitário Ritter dos Reis, serviu de inspiração para a residência. O prédio, assinado por Charles Rennè Hugaud e Cairo Albuquerque da Silva, é um dos exemplos da organização espacial relacionada à filosofia institucional da capital gaúcha – ele abriga a faculdade onde os sócios Fassina e Ribeiro se formaram. “Por ser nossa primeira construção, gostaríamos de fazer referência a essa arquitetura, embora não exista nenhum elemento em particular que explicite tal relação”, declaram.
A composição dos planos da Casa C52 foi um fator importante para deixá-la evidente em meio às moradias tradicionais da região, ao mesmo tempo em que resguarda a privacidade dos moradores.
A fachada lateral tem o plano inferior dividido em duas partes de tijolo cerâmico – material também usado no andar superior do bloco íntimo – e o outro plano de concreto armado gerado para resguardar a sacada. A decomposição dos volumes em planos da fachada leste quebra a dureza do programa.
Os mesmos critérios foram usados para as fachadas frontal e posterior: planos laterais são em tijolo; as vigas de concreto ficam expostas; já as alvenarias são rebocadas e pintadas de branco. Tanto no exterior quanto no interior, os materiais foram escolhidos pela facilidade de uso e pela riqueza estética, e o contraste de cores e a legibilidade do todo também foram de grande influência.
O térreo foi elevado em 50 cm para criar um desnível com relação ao estacionamento do veículo, o que gerou uma rampa de leve inclinação que leva até a porta recuada da entrada. “Precisávamos prever lugar para dois carros, mas não queríamos que estes estivessem ‘dentro da sala’. Logo, subimos 50 cm o térreo e fizemos uma janela em fita com 1,2 m para que o veículo não fosse percebido a partir do estar”, explicam os arquitetos.
As esquadrias foram essenciais para garantir a privacidade da casa, pois os lotes são estreitos e com aberturas a 1,5 m da divisa com os vizinhos. Ainda no térreo, a área de lazer é mais aberta, conferindo mais liberdade visual para o pátio aos fundos, onde ficam o deck e a piscina.
Precisávamos prever lugar para dois carros, mas não queríamos que estes estivessem ‘dentro da sala’. Logo, subimos 50 cm o térreo e fizemos uma janela em fita com 1,2 m para que o veículo não fosse percebido a partir do estar Alessandra Fassina e Eduardo Paiva RibeiroO volume íntimo ocupa o mesmo pavimento, e um jardim de inverno quebra o volume em dois blocos para desprendê-lo das áreas sociais, gerando quatro aberturas que também auxiliam para a ventilação cruzada. A demanda consistia em dormitórios funcionais e com tamanho reduzido, privilegiando as áreas de convivência. Por questões de acessibilidade facilitada, dois quartos foram construídos no térreo.
O pavimento superior é concentrado em um bloco único. A saca íntima é o encontro do andar de baixo com o de cima, sendo protegida por uma parede de concreto aparente.
Uma caixa robusta de cor preta engloba a cozinha e a escada interna como um todo, conectando os andares como se fosse um túnel que conduz para o setor íntimo, além de se tornar um móvel de apoio para a televisão e pelo qual atravessa o cano da churrasqueira.
Fassina e Ribeiro contam que usaram uma paleta de cores neutras para a decoração. Na sala, os tons são mais terrosos para compor com os tijolos e o preto do móvel da cozinha. Já nos quartos, o branco foi escolhido pela sensação de claridade e simplicidade estética, enquanto no estar íntimo predomina o cinza do grande sofá em módulos.
Sobre o projeto de iluminação da Casa C52, os arquitetos explicam que as luminárias foram escolhidas para não terem destaque, mantendo-se discretas e funcionais. Já as arandelas externas ficam evidentes na parede de tijolo do pergolado, projetando um facho linear de luz. Para realçar o passamão de granito indiano na rampa, foi usada uma fita de LED por toda a sua extensão.
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