Pipa é uma das praias de Tibau do Sul (RN), uma região que se caracteriza pela forte incidência do sol, e consequentemente, pelas altas temperaturas. Devido a essas circunstâncias, o escritório Teófilo Otoni Arquitetura concebeu a Casa T com elementos vazados, como cobogós e brises, que contribuem para a circulação de ar, além de controlar a entrada de luz solar.
A escolha pelos cobogós, que a princípio era por questões funcionais, originou a estética do projeto arquitetônico. Inspirados na arquitetura modernista dos anos 1970, de linhas retas e horizontais, os arquitetos adotaram uma estrutura de concreto rígida, suavizada com a pintura branca. Os pilares de sustentação foram então revestidos com os cobogós em cimento, por sua vez, pintados de vermelho.
A Casa T compõe-se de dois blocos autônomos – social e íntimo. Eles foram dispostos em diferentes níveis e unidos por uma larga passarela, cujas paredes laterais em cobogós criam um fluxo de ar constante. Além disso, um rasgo no teto resulta na iluminação zenital, permitindo que o azul do céu penetre na residência.
De maneira geral, os cobogós melhoraram a distribuição do ar e ‘quebraram’ a luz do sol. “O papel desses elementos é deixar a brisa que vem do mar entrar na casa”, afirma o arquiteto Teófilo Otoni, reforçando que, em determinados pontos, eles serviram apenas para dar volumetria à residência.
Ao descer a passarela que liga os dois volumes, o usuário chega ao bloco íntimo que contempla as suítes. Todas elas desfrutam de uma varanda longitudinal, a qual mantém-se protegida dos raios solares através de outro importante material: os brises móveis em alumínio branco. “Feitos em venezianas retas, eles não só favorecem uma dinâmica funcional no controle da luz, como também na ventilação”, acrescenta Otoni.
Ainda de acordo com o arquiteto, outro componente fundamental para o conforto térmico da residência foi a instalação de esquadrias de PVC com vidro térmico duplo.
A Casa T possui funcionalidade e liberdade características de uma casa modernista, sobretudo no que diz respeito ao bloco social. Essa área distribui os espaços de estar, cozinha e varandas livres de paredes.
A disposição desses ambientes de maneira integrada permite conectar os espaços interno e externo; uma sensação intensificada pelas esquadrias que se espalham ao redor da residência.
Elas direcionam o olhar para as áreas ajardinadas que ficam no pátio interno ou circundam o terreno. Como nos conta Otoni, o paisagismo foi elaborado a partir de um estilo minimalista, com pouca vegetação formando desenhos lineares.
A maior parte do verde encontra-se no perímetro da piscina, que foi apenas interrompida pelo deck em concreto. Segundo o arquiteto, a especificação por esse material trouxe algumas dificuldades. “Faz parte do nosso trabalho propor novos usos para determinados produtos e esse foi um caso. Fizemos vários ensaios e experimentos, muitos rachavam; outros desenformavam e dilatavam de forma irregular”, lembra.
Prestes a concluir a obra, a equipe do escritório conseguiu acertar no desenho do deck: retangular (90x1200 mm), com bordas chanfradas e juntas de dilatação de 1,5 cm. “O resultado foi satisfatório e a composição estética com os cobogós pintados de vermelho foi muito apreciada”, menciona Otoni.
Para o projeto de interiores, o Teófilo Otoni Arquitetura selecionou peças de designers renomados, com origem nos anos 1950/60 devido às linhas suaves e marcantes. Dessa maneira destaca-se o mobiliário de Charles and Ray Eames, Eero Saarinen e George Nelson.
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