No projeto arquitetônico da Casa Reserva, uma bandeja de concreto apoiada sobre quatro pontos lembra o ‘feijão com arroz’ do modernismo. Foi a partir dessa estrutura que o arquiteto Pablo Padin adotou, ainda, soluções com características industriais, como o uso de laje nervurada.
De acordo com Padin, os moradores solicitaram uma área social integrada que tirasse proveito de grandes aberturas para as áreas externas. Esse pedido levou o arquiteto a conceber um térreo excepcionalmente livre com grandes vãos, resgatando a essência do modernismo brasileiro.
Assim, a bandeja de concreto forma a laje do pavimento superior e segue apoiada apenas em quatro pilares. Além de integrados, os espaços ficaram generosos e flexíveis, favorecendo a criação de diferentes layouts, para as mais diversas ocasiões da família.
O térreo completamente fechado pelo vidro ainda permite que o paisagismo externo faça parte do interior da casa. Envolvendo toda a área, o jardim constituído por espécies tropicais foi contemplado com base nas ideias de Burle Marx: volumes espaciais e de baixa poda.
Já no segundo pavimento, onde estão os dormitórios e uma sala íntima, a planta é mais compartimentada para dar privacidade aos moradores. Dessa forma, sua estrutura foi resolvida em alvenaria estrutural e cobertura plana, uma vez que os requerimentos de grandes vãos eram menores comparados à área social. “Vale lembrar que os banheiros foram voltados para os poços de iluminação internos, o que garantiu a intimidade dos usuários e deixou as fachadas livres de aberturas indesejadas”, complementa Padin.
O volume superior também possui fechamentos em cobogós cerâmicos. Além de resguardar e sombrear a área íntima, esses elementos criam um desenho inusitado na fachada, que parece pontilhada por pequenas aberturas.
Para completar a volumetria da residência, a cobertura possui um volume elevado revestido em inox onde estão instaladas as caixas d’água e os boilers (componentes do sistema de aquecimento solar de água que, junto à cisterna de coleta de águas pluviais, tornam o projeto sustentável). Segundo Padin, essa solução presta homenagem ao modernismo, cujos projetos evidenciavam os recipientes, mas, em contrapartida, eram executados em concreto.
Com a premissa de oferecer grandes vãos ao térreo da Casa Reserva, Padin optou não apenas pelo uso de pilares, como também de lajes nervuradas nas duas direções. Diferentemente das lajes maciças, esse sistema demanda um consumo menor de concreto, o que reduz seu peso, bem como os esforços nas vigas, pilares e fundações. Tudo isso contribuiu para que o primeiro piso ficasse livre.
Mais que funcional, a laje nervurada – feita em concreto armado aparente – trouxe um estilo industrial ao projeto arquitetônico. Por entre os vazios da estrutura encaixa-se a iluminação do pavimento térreo, por sua vez desenvolvida por meio de pendentes.
Louças, marcenarias e paredes na cor branca deixam o espaço bem claro, além de estabelecerem um contraponto ao cinza da laje nervurada e do piso em porcelanato.
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