Sobre um terreno com declive de três metros do nível da rua, localizado na zona oeste de São Paulo, o escritório de arquitetura gruposp projetou uma residência de 360 m² que exibe através da transparência das fachadas a colossal parede de livros.
Algumas condicionantes foram importantes para adaptar a Casa no Morro do Querosene, aos anseios dos clientes – um casal de professores e um filho –, que tinham a necessidade de abrigar mais de seis mil exemplares literários.
“Além de estabelecer um espaço para a biblioteca, que era imprescindível, precisávamos simplificar a execução da obra, com o objetivo de reduzir os custos e agilizar a entrega”, explica o arquiteto Alvaro Puntoni.
Visivelmente dividido em dois módulos – o social, levemente recuado, e o privado –, o projeto arquitetônico se destaca pela estante de livros, que ocupa de ponta a ponta os dois últimos andares da residência. A partir dele é que se desenvolve um vazio central, no qual o convívio entre as pessoas, bem como a integração dos ambientes – entre si e em relação ao exterior – são favorecidas.
“Aproveitamos o desnível entre a rua e o nível do terreno para criar a paisagem longínqua através desse espaço vazio da casa”, pontua o arquiteto.
Esse vácuo central, coberto pelo vidro, é definido pelo conjunto paralelo construído junto à divisa que atravessa todo o espaço e pela fachada cega de blocos de concreto (face norte). Por sua vez, esta parede foi revestida em seu exterior por um painel metálico e ondulado, para evitar não somente a insolação direta e a chuva, como também garantir o conforto térmico.
Do outro lado, o bloco com três andares feitos de alvenaria armada mantém o térreo unificado para destinar a área de serviços, como sala de estar e cozinha, enquanto os banheiros e os dormitórios – protegidos por placas de MDF – foram posicionados dois pavimentos acima.
Para conectar os dois blocos foram instalados mezaninos de estrutura metálica, pintados na cor branca, que se relacionam com os dois níveis de forma intercalada.
Com a transparência do vidro e as grandes aberturas, a composição da Casa no Morro do Querosene privilegia a iluminação e a ventilação naturais. Mais do que isso, os recursos adotados reduzem as ações necessárias para sua construção e, consequentemente, geram economia.
“Além da praticidade do concreto, mantivemos as instalações aparentes, descartamos revestimentos e os acabamentos são simples: pisos monolíticos de ladrilho hidráulico”, acrescenta Puntoni. Um exemplo da simplicidade construtiva são as tubulações para a passagem das instalações elétricas, que ficaram expostas para facilitar a manutenção e a conservação do sistema.
Outro detalhe encontra-se na cobertura cuja laje está forrada por uma superfície d’água, protegendo-a da ausência de impermeabilização e ajudando no controle térmico da residência.
Escritório
Termos mais buscados