Uma pousada de veraneio sem regras e padrões arquitetônicos. A partir dessa premissa, o projeto de reforma – idealizado pelos arquitetos Gabriel Magalhães e Luiz Claudio Souza – aproveitou a beleza da Praia do Piruí, no vilarejo baiano de Arembepe, utilizando traços simples nos detalhes da construção.
De acordo com as exigências dos proprietários da antiga residência o lugar deveria proporcionar aos hóspedes tranquilidade e aconchego. Com dez apartamentos decorados de maneira rústica, a pousada levou esse título por possuir uma pequena Capela de São Judas Tadeu no terreno – que pode servir de palco para diferentes cerimônias.
De acordo com o arquiteto Gabriel Magalhães a obra foi dividida em duas etapas. “A primeira consistia em criar o módulo de dois andares, totalmente novo, que surgiu no lugar de uma antiga edícula em ruínas que foi demolida. Esse módulo anexo abriga cinco novos quartos e aparece como uma continuidade da casa já existente. Nesta primeira etapa também foi realizada uma pequena restauração da Capela existente dentro do imóvel”, explica. A união da casa antiga com a construção anexa, levando em conta os desníveis, foi o detalhe mais significativo do projeto. “Na segunda etapa, a casa original foi reformada dando lugar a toda a área social do empreendimento, cozinha industrial e mais três quartos”, completa Luiz Claudio Souza, também responsável pelo projeto.
A área social foi criada com forro inclinado e pé-direito bem alto. Além disso, a base de materiais utilizados foi a mais simples possível: a reforma aplicou cimento queimado na maioria dos ambientes. “Na primeira fase optamos por aplicá-lo na obra, de forma totalmente artesanal. Criamos tapetes de ladrilho hidráulico fabricado na região dentro dos quartos. Nos sanitários, pedras naturais brutas como o Bege Bahia e o Cinza Andorinha servem como base para o piso”, detalham os arquitetos. O artesanato brasileiro escolhido na decoração dos ambientes internos – com obras de arte e mobiliário – é totalmente regional.
Por ser uma região de desova de tartarugas marinhas, a iluminação aplicada na área externa deveria ser suave para não ofuscar ou distrair os animais. Tinha que ser muito difusa e com balizadores para os hóspedes. De acordo com Gabriel, as luzes dos quartos deveriam fugir dos padrões. “Optamos por luminárias rústicas, de luz geral, que se complementam com arandelas e luminárias de leitura posicionadas ao lado das camas, com acionamento individual”, explica.
Para evitar ao máximo a criação de resíduos, a construção fez bom uso da estrutura já existente. “Pensamos em uma arquitetura simples, de bases regionais e referência vernacular, observando o entorno e criando aberturas para receber maior ventilação e iluminação natural (abundantes na região). A casa, antes muito seccionada, ganhou vãos maiores e amplos, integrados a partir de reforços de estrutura metálica. Além disso, a pousada possui sistemas de aquecimento solar e reaproveitamento de águas pluviais”, conclui Luiz Cláudio.
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