À primeira vista, a construção de concreto, metal, madeira e vidro, encaixada naturalmente em um declive acentuado, contrasta com a natureza ao redor. Após um segundo olhar mais acurado, fica a percepção de uma residência engenhosamente dividida em três volumes – blocos superior e inferior e o deque de madeira –, que organizam os fluxos e a volumetria.
Desde o planejamento inicial, houve a preocupação de preservar a maior parte de vegetação da Mata Atlântica localFernando Forte Um condicionante da arquitetura singular da Casa Boratto, projeto do escritório FGMF – Forte, Gimenes e Marcondes Ferraz, é o fato de ela estar inserida em um condomínio fechado localizado no município de Ibiúna, São Paulo, com área útil reduzida, topografia acidentada e a existência de um grande número de árvores centenárias.
“Desde o planejamento inicial, houve a preocupação de preservar a maior parte de vegetação da Mata Atlântica local”, revela o arquiteto Fernando Forte. “Esta também foi uma condição dos proprietários para a concepção do partido arquitetônico”.
A partir disso, a simbiose entre a arquitetura e a natureza é tão perfeita que o bloco superior onde estão concentrados a entrada social e os quartos exibe um formato condicionado pelas árvores existentes. Em vez de seguir a linearidade, ela se projeta para frente, sombreia o pavimento inferior e garante privacidade à área íntima. Com isso, o fechamento dos dormitórios contempla a transparência do vidro, integrando ainda mais a construção à natureza.
O equilíbrio entre os blocos superior e inferior é dado pelo tipo de estrutura exibida por cada um deles. O superior, com farto uso de vidro, é leve e parece abraçar a copa das árvores. O inferior, de concreto, é pesado e aparenta sustentar a construção. Ambos são interligados por uma escada principal e pela passarela que percorre o terreno como um passeio.
No pavimento inferior situa-se a parte social da casa, caracterizada por grandes aberturas que A intenção é criar uma tensão entre o natural e o feito pelo homemFernando Forte trazem a vegetação para esses espaços.
No piso, contrastam o paralelepípedo de concreto e o deque de madeira, presente no percurso sob a cobertura do bloco superior, sobre a piscina e até em meio às árvores, revelando uma sala ao ar livre que parece flutuar sobre a topografia do terreno.
Entre os projetos não construídos premiados pela AsBEA, a Casa Boratto recebeu menção na categoria Residências.
Cuidadoso e em sintonia com a natureza do entorno, o paisagismo contempla vários espaços. Desde a entrada até área social, foi criado um jardim com esculturas. Paralelamente, manteve-se o bosque com as árvores intocadas. “A intenção é criar uma tensão entre o natural e o feito pelo homem”, reflete Fernando Forte. Junto à piscina o escritório de arquitetura propôs um paisagismo intermediário, a partir da remoção de algumas árvores, com o objetivo de propiciar uma insolação maior no espaço.
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