A garagem FBF Collezione foi projetada pelo escritório N2B Arquitetura para atender à necessidade de armazenamento, exposição e manutenção de um acervo de motos e carros clássicos colecionados ao longo de quase três décadas pelo proprietário.
O projeto arquitetônico foi concebido unindo estilos contemporâneo e industrial. O programa, organizado em 5.929 m², foi desenvolvido de acordo com soluções acessíveis e espacialidade, de forma que priorizassem todas as particularidades das coleções.
“Encontramos com algumas dificuldades, como a falta de referências e a complexidade do layout estabelecido pelo cliente, de forma que funcionassem diferentes tipologias de uso. Assim, realizamos um amplo estudo para podermos criar algo da melhor maneira possível”, menciona o arquiteto Caio Yoshiaki Nagano.
Os acessos para a FBF Collezione podem ser feitos em diversas faces do edifício, permitindo também que os veículos transitem pelos percursos sem dificuldade, inclusive de um pavimento para o outro. No centro da edificação, abre-se o átrio moldado em uma complexa estrutura metálica, onde está locado um elevador de automóveis com capacidade para três toneladas, possibilitando um fácil deslocamento do acervo para todos os três pavimentos do complexo.
Junto à caixa de elevador, está a escada de acesso principal dos andares, também em estrutura metálica. O átrio central possibilita a entrada de luz controlada e a transparência entre uma área e outra.
Diferente dos outros pavimentos, o subsolo possui o mínimo de entrada de luz e circulação de ar, tornando-o mais estanque e naturalmente refrigerado, ideal para a conservação das coleções.
No térreo, estão as oficinas e o pátio de exposição principal, este com um vão de 30 metros de comprimento e pé-direito de 9 metros de altura, executados em estrutura pré-fabricada. Nessa mesma estrutura, está fixada a passarela metálica onde são expostas as motos preferidas da coleção. “A funcionalidade é um aspecto importante, pois, através de grandes aberturas e amplos espaços de circulação, os automóveis se tornam protagonistas, definindo os percursos a serem seguidos”, comenta o arquiteto.
Na área externa, foi criada uma grade para a proteção e privacidade, que também permite abertura máxima para os três grandes taludes, instalados com o propósito de atender eventos do ramo e, ocasionalmente, usado como heliponto.
Sob esse talude foi instalado um reservatório de 70 mil litros de água pluvial que é captado pelo telhado, responsável por abastecer vasos sanitários, torneiras da oficina e irrigação do jardim, transformando o projeto em uma construção totalmente autossuficiente.
O telhado abriga um grande sistema de energia solar com mais de 160 placas fotovoltaicas. Na parte da oficina todas as pias e ralos foram projetados com um sistema que separa o óleo, armazenando-o em um local isolado e impedindo que esses resíduos sejam descartados de forma inadequada.
O edifício possui, ainda, um complexo sistema de ar-condicionado integrado com equipamentos de exaustão de fumaça que atendem às especificações do corpo de bombeiros e, também, mantêm a pressão interna positiva em dias de tempestade de poeira, conservando o acervo limpo.
A iluminação é feita em LED com as tubulações galvanizadas aparentes, o que ressalta o caráter industrial típico de uma garagem e, ao mesmo tempo, se configura como energia sustentável. Além disso, persianas, iluminação e portões são automatizados.
Entre os materiais utilizados destacam-se o concreto pré-moldado, escolhido por conta de seu custo-benefício e agilidade na obra; o metal, presente em toda a parte técnica aparente, possibilitando instalações versáteis e de fácil manutenção; e a placa laminada, escolhida devido a sua resistência e durabilidade.
O sistema construtivo pré-moldado foi escolhido por se tratar de um material atemporal com caracterizas robustas, rápida instalação e eficiência térmica, especificando-se placas mais grossas e dispensando qualquer outro tipo de revestimento ou pintura, além de diminuir a manutenção ao longo dos anos.
“Para o acabamento externo, foi utilizada uma placa importada da Holanda de alta resistência a intempéries, garantindo que a cor vermelha da fachada não venha a desbotar com o tempo”, comenta Nagano.
Internamente, seguindo a mesma linguagem industrial, mantiveram-se todas as instalações técnicas aparentes. Nas áreas nobres, como escritórios e sala de reunião, foram utilizados acabamentos de madeira e forro em gesso.
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