A Casa Itapuã surgiu da demanda do proprietário – dono de uma empresa de sonorização e iluminação para eventos – por um imóvel que abrigasse moradia e trabalho em um mesmo lugar. Devido à vida atribulada do cliente, o escritório estudiofarol enxergou também a possibilidade de conceber um projeto arquitetônico com conceito durável e de fácil manutenção. Como consequência disso, os elementos escolhidos (concreto, tijolos cerâmicos e instalações elétricas) foram mantidos aparentes, criando a identidade visual da residência.
Nas palavras dos arquitetos Fagner Novaes e Carolina Gabrieli, a simplicidade da Casa Itapuã foi o grande norteador do projeto, seja pela racionalidade na distribuição do programa, ou sobretudo, pela utilização dos materiais em suas formas mais puras. “Resumidamente, a proposta traz à tona o caráter fundamental da arquitetura à medida que mostra as entranhas da construção de uma forma bastante pragmática”, introduzem.
Segundo Novaes e Gabrieli, a opção pelos sistemas construtivos sem revestimentos previu a existência duradoura do edifício e também gerou uma grande economia de etapas mesmo durante a obra. “Removemos chapisco, emboço, reboco e pintura, além de todos os cortes na alvenaria para embutir a parte elétrica”, explicam. Esteticamente, essa solução resultou num projeto com forte influência industrial.
A proposta da estudiofarol contempla ainda a construção de uma segunda etapa, que consiste na ampliação da residência em um pavimento superior a ser executado no futuro.
De acordo com os arquitetos, o maior desafio ao projetar a Casa Itapuã foi aliar a função de trabalho à de morar, sem comprometer a privacidade do proprietário. A solução encontrada para isso consistiu em criar os acessos em zonas opostas do lote. A empresa tem acesso frontal à direita, enquanto a casa possui entrada lateral à esquerda através de um caminho de placas de concreto armado, que conduzem o usuário até a sala e a área de serviço. “Dessa forma, preservamos a rotina dos moradores”, afirmam. Para interligar os dois programas, foi instalada uma porta de acesso interna, evitando assim, que os usuários sejam forçados a sair da edificação.
O layout da casa é marcado pela economia de divisões internas. Tanto na área residencial quanto na comercial, as únicas divisórias internas são as que individualizam cada um dos sanitários. Isso resulta em um ambiente bastante fluido e flexível. “Sala e cozinha se conectam à área externa, enquanto na parte da empresa possibilita um amplo espaço, condizente com a atividade de iluminação e sonorização exercida pelo proprietário”, descrevem Novaes e Gabrieli.
A entrada da empresa se define pelo grande portão vermelho feito de chapa perfurada, que proporciona ventilação constante – essencial para o depósito enfrentar o clima quente de Salvador. “Esse elemento é o grande responsável pela exaustão na face norte da edificação”, pontuam os arquitetos. Com o recuo frontal e um pé-direito mais alto, essa zona permite que o baú do veículo (utilizado para transporte dos equipamentos) fique protegido da chuva enquanto os aparelhos são descarregados. Ao lado, ainda há espaço suficiente para o cliente estacionar o carro de passeio.
Também se destacam na garagem a árvore aroeira e a grama esmeralda que se estende por toda a área permeável do lote e mantém o peso visual da estrutura de concreto em contraste com as alvenarias de tijolos aparentes.
Novaes e Gabrieli enfatizam que os materiais foram escolhidos por sua facilidade de manutenção e durabilidade, atendendo, assim, ao desejo do proprietário de uma casa que não demandasse muito trabalho.
Toda a vedação da Casa Itapuã foi executada em alvenaria de tijolos cerâmicos aparentes entremeados pela estrutura de concreto, também aparente. Para aumentar a durabilidade, pilares, lajes e vigas receberam aplicação de duas/três demãos de silicone ou foram simplesmente pintados de branco. Completando a estética industrial do projeto, os eletrodutos de PVC preto (correspondentes à parte elétrica) também seguem expostos, inclusive todas as caixas e as conexões.
Também foram executados balanços de 50 cm nas lajes em torno da construção, que protegem as alvenarias, a estrutura e as esquadrias, além de minimizar os efeitos das chuvas constantes na região.
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