As árvores do bairro paulistano do Pacaembu escondem um tradicional sobrado de 1940. Reformado em 2009 pelo arquiteto Paulo Alves, o local atualmente é o refúgio do músico e compositor Nando Reis. “A vontade do futuro morador era ter uma casa com ambientes mais amplos e arejados para acomodar seu estilo de vida”, comenta o responsável pelo projeto arquitetônico.
A vontade do futuro morador era ter uma casa com ambientes mais amplos e arejados para acomodar seu estilo de vida Paulo AlvesA premissa para o retrofit da Residência Nando Reis foi manter o máximo possível da construção existente, mas abrindo vãos maiores e aumentando a entrada de luz. Diante disso, foi necessário reforçar levemente a estrutura existente, com exceção da edícula externa que foi feita do zero, pela fragilidade que ela apresentava.
Alves conta que as paredes externas foram descascadas e os antigos tijolos de barro foram deixados à mostra. “O sobrado original era feito com tijolinhos e, na reforma, optamos por deixá-los aparentes e por revestir algumas paredes com concreto, deixando o material também evidente”, completa.
A residência ganhou um novo ar com a revitalização das janelas, portas e algumas outras partes, como o forro da entrada e os beirais do telhado. O respeito pela arquitetura brasileira antiga e contemporânea guiou o arquiteto no projeto da Residência Nando Reis, sendo possível notar a originalidade da construção.
Para o arquiteto, o restauro das partes originais foi o trabalho mais delicado. “Muitas vezes o resultado não fica como desejado, mas nessa situação foi surpreendente. O resultado final valeu muito a pena”, exalta.
Os muros externos foram pintados em quatro tons diferentes de rosa – um dos desejos especiais do músico. A partir disso, a morada foi apelidada de Casa Rosa.
“Os tons de rosa ressaltaram ainda mais o verde das árvores e destacaram a fachada. Espadas de São Jorge, uma jabuticabeira no fundo e uma densa vegetação na entrada são os pontos altos do projeto”, afirma Alves.
O projeto de paisagismo é de autoria de Ricardo Vianna, que usou as espécies de plantas favoritas do morador, grande apreciador da botânica, para completar o trabalho.
Foi preciso reforçar a estrutura de concreto para remover as paredes no interior da residência e ampliar os espaços. “O concreto aparente atravessa toda a construção, com acabamento à vista em contraste com as paredes brancas”, revela o arquiteto.
Os ambientes internos ficaram bem maiores, sendo que o quarto principal é a união de três antigos dormitórios e conta, ainda, com um closet feito com paredes de madeira. A sala de estar foi ampliada, deixando uma área reservada para músicas e um convívio mais íntimo. A cozinha ficou mais aberta, com grandes janelas que proporcionam mais ventilação e garantem melhor conforto térmico.
A decoração aproveitou parte do mobiliário e peças do compositor, adaptando-os para o novo espaço. "Todos os móveis possuem uma característica única e ligam o morador ao espaço”, conta Alves.
Uma peça importante no design de interiores é a mesa Planalto, que fica na sala de jantar e foi criada pelo arquiteto especialmente para o morador. O painel de madeira que fica junto à cabeceira da cama no dormitório principal também foi customizado para o projeto.
Uma coleção de quadros, esculturas e objetos garimpados trazem um tom terroso à Residência Nando Reis. Amante de obras de arte, o músico comprou uma grande tela do pintor Rodrigo Andrade para estampar a parede da sala de jantar, que precisou ser ampliada para acomodar a peça.
O arquiteto conta que a reforma buscou ao máximo atender às necessidades do proprietário e preservar sua individualidade. Ao se renovar por completo o antigo sobrado, o projeto ganhou uma forte identidade. “A casa parece estar fora do agito de São Paulo, sobretudo pela paz que ela proporciona”, conclui Alves.
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