Mais que um simples projeto arquitetônico, o planejamento de um Datacenter exige, além de um ambiente de trabalho eficiente e confortável, estratégia e segurança para o banco de dados, cuja função é guardar a memória da instituição. Por isso o escritório Loeb Capote Arquitetura e Urbanismo, comandado pelos arquitetos Roberto Loeb e Luis Capote, criou soluções detalhadas, a começar pela distância exigida entre os Centros de Processamento de Dados do Datacenter do Banco Santander, localizado em Campinas, São Paulo, próximo à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em uma área de 700 mil m², as três unidades independentes e autônomas englobam os edifícios de As três unidades são independentes e autônomas, distantes meio quilômetro entre si. O motivo envolve a estratégia operacional e a segurança Roberto Loeb Logística (LOG) e do Núcleo de Operação e Controle (NOC), distantes meio quilômetro entre si, aproximadamente. “O motivo envolve a estratégia operacional e a segurança”, explica Roberto Loeb. As construções também comportam portarias, estação de ônibus, subestações, estacionamentos e bicicletário. Cada unidade tem cerca de 25 mil m², e todas estão distribuídas em três pavimentos.
O fato de dois blocos serem semienterrados – os pavimentos dos computadores e equipamentos auxiliares – tem a ver com as normas internacionais de segurança, que exigem o isolamento de paredes. A solução econômica, estratégica e sustentável evitou a escavação de 15 m, com relação ao terreno, por causa do risco de penetração de umidade. Os edifícios se sobressaem na paisagem de forma elevada, e isso só é possível porque durante o projeto de escavações optou-se pelo reaproveitamento da terra retirada durante as obras e recolocada após a conclusão das estruturas. A solução foi suficiente para enterrar os dois pavimentos inferiores. “Se a orientação inicial fosse seguida, estaríamos expostos a uma situação crítica, pois quanto mais profunda a escavação, maior é o risco de chegar ao lençol freático”, adverte Luis Capote.
O prédio do Núcleo Operacional de Controle (NOC), cujo trabalho é ininterrupto, está posicionado estrategicamente para o funcionamento do Datacenter, o que facilita o acesso operacional a todas as suas áreas. Nele encontram-se a recepção, as salas de trabalho e os serviços. Trata-se de uma construção esguia, fincada entre uma grande empena de concreto e um muro de pedra escalonado, que forma um jardim interno coberto por uma tela apoiada em estrutura metálica. A tela passa por cima do prédio de cobertura de telha metálica e termina na parede de concreto, sombreando toda a área. Esse fechamento assegura melhor condição climática aos escritórios e resulta em economia de energia. O espaço reservado ao café é uma espécie de terraço dentro do próprio NOC, ideal para o convívio dos funcionários e para refeições rápidas. O jardim é acessível pelas áreas de trabalho e protegido por sistemas de segurança de acesso.
O segundo edifício está ligado a um jardim interno, coberto por um sistema alveolar de elementos de concreto, que permitem a passagem da luz do dia, filtrando a intensidade dos raios solares. O espelho d’água com cerca de 12 metros de largura e 80 metros de comprimento complementa o conjunto, que abriga a Central de Operações e as salas de apoio e logística do complexo. A função desse Command Center é supervisionar as operações do Datacenter. Para aproveitar ao máximo a incidência de luz solar foi utilizado o vidro no acabamento do prédio operacional. O material é dotado de tecnologia capaz de barrar o aquecimento interno, diminuindo o uso do ar-condicionado, da iluminação e o consumo de energia.
A cobertura foge de soluções convencionais e segue a influência de mestres como Frank Lloyd Wright e Le Corbusier ao explorar a plasticidade do concreto. À distância – principalmente à noite quando as luzes instaladas no muro refletem o formato, semelhante a uma taça – é possível ver a laje maciça de concreto armado de 50 cm de espessura apoiada em colunas, algumas delas com descida de águas pluviais e desenho de mísulas.
Para favorecer a ventilação, a parede de concreto em volta deixa um vão superior de quatro metros para ventilação. Já o miolo metálico da cobertura é mais alto que a laje, o que garante a ventilação periférica com veneziana. Exaustores em forma de bicos de pato servem para a descarga dos ventiladores.
Equipamentos de ar-condicionado, escritórios, banheiros e salas de manutenção ocupam o Se a orientação inicial fosse seguida, estaríamos expostos a uma situação crítica, pois quanto mais profunda a escavação, maior é o risco de chegar ao lençol freático Luis Capote pavimento térreo, além de um mezanino próprio para manutenção dos equipamentos. As salas de TI e os computadores localizam-se no núcleo central dos dois subsolos, enquanto as extremidades abrigam as instalações elétricas.
Toda essa estrutura é ocupada por apenas cinco pessoas, enquanto os funcionários restantes estão locados no prédio do NOC. O acesso principal acontece através de um extenso pergolado com estrutura metálica e cobertura de vidro, que liga o portão principal ao interior de cada unidade.
Para obter a certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida a construções sustentáveis pelo Green Building Council, o projeto incorpora uma série de soluções, tendo em vista a obtenção do certificado Gold. Há desde o paisagismo assinado por Paulo Paoliello – que recupera a massa vegetal ao plantar 20 mil mudas de árvores, dentre elas 160 espécies nativas como ipê amarelo, pau-brasil e frutíferas –, responsáveis por atrair diversos pássaros e manter a elevada permeabilidade do solo até o uso de energia natural.
Exemplo disso é a iluminação dos estacionamentos que será abastecida pela energia eólica e solar, gerando economia aproximada de 11.000 kWh/ano. O complexo também está apto a captar, armazenar e reaproveitar água de chuva e o espelho d'água que, além de decorativo, aumenta a umidade relativa do ar, refrescando o ambiente e proporcionando conforto. Com 300 mil m², o gramado equilibra o ecossistema.
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