A partir de uma concorrência com três outros escritórios, o DMDV Arquitetos foi contratado para projetar a sede do Grupo Dentsu Aegis Network, que seria instalada no edifício Box 298, de autoria do Andrade Morettin Arquitetos Associados.
O prédio – que não havia sido projetado para ser monousuário – precisou ser adaptado para receber várias agências autônomas, que juntas, somariam 450 pessoas. “É como se fossem diferentes empresas compondo um mesmo núcleo. E este foi o grande desafio”, conta Renato Dalla Marta, arquiteto. Bruno Bonesso Vitorino arremata: “Outra particularidade foi o curto prazo. O contrato de aluguel da empresa expirava e havia a necessidade urgente de mudar para a nova sede. Em um mês desenvolvemos o projeto inteiro, da infraestrutura à arquitetura de interiores”.
De acordo com Renato Dalla Marta, o prédio foi entregue com laje de piso, de cobertura e lajes entre os pavimentos, além de estrutura metálica nos mezaninos. Elétrica, hidráulica nos núcleos sanitários, iluminação, piso elevado – importante para a flexibilidade do layout – e o sistema de ar condicionado central nas áreas de pé-direito duplo precisaram ser projetados. O sistema atende à demanda térmica com menor consumo, inteligência e eficiência. No inverno, quando a temperatura está mais amena, é possível prescindir dele. Nas salas menores, o ar-condicionado é de parede, tipo split. Já a infraestrutura hidráulica suporta vários banheiros espalhados pela laje.
A volumetria irregular do prédio foi aproveitada. A planta varia em cada andar, sem um pavimento tipo, o que acabou sendo mais um desafio para a equipe. Gosto muito do fato de conseguirmos ter características específicas no layout de cada empresa do grupo, respeitando o edifício e promovendo o diálogo entre o exterior e o interior. E mais: com espaços de trabalho confortáveis e modernos Renato Dalla Marta “Mas tiramos partido dessa variedade volumétrica ao projetar espaços diferenciados para as agências”, confessa André Dias Dantas.
Cada agência tem dimensão e distribuição de acordo com seu porte e necessidade. Há quem ocupe três andares; enquanto outras estão instaladas em metade de um pavimento. “Gosto muito do fato de conseguirmos ter características específicas no layout de cada empresa do grupo, respeitando o edifício e promovendo o diálogo entre o exterior e o interior. E mais: com espaços de trabalho confortáveis e modernos”, diz Renato Dalla Marta.
No forro, as chamadas nuvens acústicas marcam o espaço. São painéis de marcenaria com lã de rocha, perfurados e revestidos por tecido tipo crepe. Bruno Bonesso comenta que cada agência tem a sua identidade trabalhada principalmente no revestimento acústico do forro, em formato de losango. Sua importância vai além da funcionalidade. “O forro proporciona mais liberdade no uso das cores de cada empresa”. Todas as divisórias industriais internas das salas de reunião e de diretores são acústicas, com perfis de alumínio, persiana branca e porta na cor grafite.
A escolha de persianas exigiu um estudo cuidadoso, porque os quatro lados do prédio, as fachadas leste-oeste e norte-sul, recebem insolação. “Na face de maior insolação, utilizamos um modelo um pouco mais fechado. Nas áreas iluminadas inserimos cores para ter um resultado mais interessante durante o dia”, explica André.
Desde o princípio as características arquitetônicas, a espacialidade e as virtudes do edifício foram aproveitadas como um pano de fundo para o projeto. As instalações são aparentes, com concreto, dutos galvanizados e iluminação das áreas de trabalho em estilo industrial. As luminárias com lâmpada de vapor metálico e econômicas apenas ganharam um filtro leitoso sobre o vidro para reduzir o índice de brilho.
O piso das áreas comuns e as recepções das agências são formados por placas originais de concreto das lajes aparentes. A escolha visa promover e reforçar a integração do prédio – da holding e de quatro agências do grupo – sem a ideia de divisão.
A telha metálica, marcante na arquitetura do edifício, foi traduzida e incorporada ao conceito do projeto. Nas áreas comuns, o vidro está presente nos fechamentos, para possibilitar a interação entre os setores da empresa. “Também priorizamos materiais translúcidos – o policarbonato colorido – em algumas agências, como a iProspect. O objetivo é trazer essa cor presente na volumetria da construção para o interior, utilizando a propriedade da transparência no mobiliário”, diz André.
No chão, o piso vinílico está presente em todos os andares, mas de forma personalizada. As paredes recebem pintura e exibem intervenções artísticas. As cores e o mobiliário refletem as características de cada agência, com a marcenaria desenhada sob medida.
As varandas contribuíram para deixar os espaços menos enclausurados e mais humanos. “Elas já estavam lá, faziam parte do prédio. Aproveitamos para criar áreas de trabalho e de descompressão”, explica Bruno. Esses espaços também funcionam como circulação, pois para ir de um lugar a outro é necessário atravessar a varanda. Ela, por sua vez, se transforma em uma área de trabalho fluida, diferente da proposta convencional de um edifício corporativo.
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