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Casa Corujas

Casa Corujas
A reforma da Casa Corujas transformou um simples sobrado em um novo lar atraente, funcional e arejado, que envolve seus moradores em uma atmosfera acolhedora e integrada. Imagens: Maíra Acayaba
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Restauração criativa

Texto: Nuri Farias

As árvores do bairro Vila Beatriz, em São Paulo, escondem um robusto sobrado de 1970. Reformado em 2016 pelo escritório Casa 14 Arquitetura, o imóvel antes fragmentado e escuro ganhou ambientes integrados e abertos para uma densa paisagem. “É um lar confortável e funcional, feito para receber a nova fase dos moradores, facilitar suas vidas e envolvê-los numa atmosfera acolhedora”, conta a arquiteta Mariana Andersen, que assina o projeto da Casa Corujas em parceria com a sua xará, a arquiteta Mariana Guardani.

Com um orçamento de obra muito enxuto, foi necessário elencar os itens prioritários que seriam executados e os que seriam passíveis de restauro. É um lar confortável e funcional, feito para receber a nova fase dos moradores, facilitar suas vidas e envolvê-los numa atmosfera acolhedora Mariana AndersenTalvez fosse mais econômico demolir e construir do zero, porém essa decisão não foi sequer cogitada. As arquitetas decidiram realizar apenas algumas demolições, com o mínimo de reforços estruturais, restaurando materiais com soluções criativas e, sobretudo, econômicas.

Valor arquitetônico

Como a antiga estrutura da Casa Corujas carecia de valor arquitetônico – principalmente porque, devido às instalações e acabamentos antigos, os ambientes do térreo e do pavimento inferior eram compartimentados, escuros e desatualizados –, a reforma precisou ser estudada com seriedade e delicadeza, para que, além de resolver as questões estruturais e financeiras, também fossem atendidas as necessidades da moradora e de seu filho, ainda criança.

Segundo Andersen, a inspiração para compor cada detalhe da obra foi uma sobreposição de várias camadas: uma casa antiga, a proposta de uma reforma contemporânea e um mix entre o moderno e as antigas peças de decoração da proprietária. “Nos deparamos com algumas surpresas durante a projeção, como as paredes em alvenaria estrutural, que nos levaram a fazer os reforços estruturais em concreto necessários para a integração dos ambientes”, complementa a arquiteta.

A residência ganhou mais luz e ventilação com a integração dos espaços. Algumas paredes do térreo foram eliminadas para unir em 71 m² as salas de estar e jantar e a cozinha, aumentando também a conexão visual de uma área para a outra e melhorando a circulação espacial.

O projeto de interiores é bem pessoal, pois boa parte do mobiliário é do antigo apartamento onde os moradores residiam antes de irem para a nova casa Foto: Maíra Acayaba

Na cozinha – o coração da Casa Corujas – tem uma ilha central de granito andorinha apicoado que é o elemento de integração entre os ambientes e, logo atrás, o compensado naval em madeira clara. Juntos contrastam e aquecem o espaço com uma mistura de estilos na decoração.

A principal intervenção no térreo, uma pequena varanda metálica acoplada na estrutura da fachada dos fundos, auxiliou para ampliar o estar, impedir a incidência direta do sol e trazer mais cor ao ambiente com seu tom vinho, resultando numa divertida unidade espacial. Essa coloração foi aplicada em todas as peças metálicas da residência, como portão, tubulações e guarda-corpo para as janelas.

Por uma questão de economia e design, optamos por desenhar e montar as luminárias na obra com perfilados metálicos presos na laje por meio de barras roscadas Mariana Andersen

As áreas íntimas – dormitórios, escritório, banheiro e closet – foram organizadas nos 62 m² do pavimento superior.

Aberta para o quintal, porém sutilmente resguarda por cobogós, a lavanderia fica no pavimento inferior. Já a área de serviço, no subsolo, divide o espaço com uma pequena sala de estar que se abre para o jardim interno com brinquedoteca e banheiro.

Mobiliário fraternal

O projeto de interiores tem um detalhe interessante, foi assinado pela moradora Adriana Sodre. “Prioritariamente, o design focou em adequar todos os móveis do antigo apartamento em que os moradores residiam à casa nova. Sendo assim, o mobiliário foi reutilizado, com exceção de um sofá de dois lugares que foi doado. A cliente também ganhou do irmão sofás usados que foram reformados com lona de garrafas pet”, revela Andersen.

Foram poucos os móveis adquiridos, como a nova sala de jantar, um banco de madeira, rack, sapateira e um buffet de cozinha antigo. O conceito foi mesclar o moderno com o antigo, o neutro com o colorido, atingindo um contraste agradável, simples e confortável. O diferencial foi um resultado estiloso com baixo custo.

Além disso, marcenarias, bancadas e alguns dos componentes da decoração foram desenhados sob medida para cada ambiente da residência.

A casa representa muitas passagens da vida dos moradores, como os pratos e as fotos das viagens que decoram as paredes da sala principal, os próprios móveis mantidos ao longo dos anos, muita madeira, materiais recicláveis e simples como os sofás e as luminárias. “Por uma questão de economia e design, optamos por desenhar e montar as luminárias na obra com perfilados metálicos presos na laje por meio de barras roscadas”, completa a arquiteta.

Por fim, um sistema de aquecimento de água é solar e foi instalada uma claraboia para entrada de luz natural no hall dos dormitórios.

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Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2015
  • Conclusão da obra: 2016
  • Área do terreno: 177 m²
  • Área construída: 163 m²

Ficha Técnica

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