Incorporado à mata da Serra dos Cristais, em Cajamar (região metropolitana de São Paulo), emerge um volume de 260 m² que contrasta com o verde da vegetação. Numa mistura de roxo e lilás, a Casa da Árvore foi assim batizada pelo escritório Arkitito por conta de sua semelhança com as casinhas de criança. A residência ergue-se sobre pilotis até alcançar o patamar da copa das árvores.
O terreno escolhido para a construção implicava alguns contratempos em função do declive extremamente íngrime. Numa área tão acidentada como esta, era difícil, por exemplo, implantar uma edificação com poucos níveis. Então, os arquitetos Tito e Chantal Ficarelli evitaram a intervenção direta no lote e decidiram elevar a residência através de uma estrutura mista feita com pilares de concreto e vigas metálicas.
De acordo com os irmãos Ficarelli, essa solução privilegiou a vista para o entorno, ao contrário do que aconteceria caso optassem por assentar a construção diretamente sobre a gleba. Ou seja, em vez de esconder a residência entre as árvores, os arquitetos resolveram mostrá-la junto ao topo delas.
Essa característica atendia ao estilo de vida da moradora, a paisagista Lis Ferreira, que participou ativamente do projeto de sua própria morada. Segundo Chantal, a proprietária concebeu o projeto de paisagismo – escolhendo espécies tropicais com algumas flores nos tons de roxo, lilás e rosa – , bem como definiu as tonalidades fortes e vibrantes do projeto de interiores.
Conceber a Casa da Árvore integrada à natureza era uma das premissas que os arquitetos do Arkitito precisavam cumprir. Além disso, também era necessário executar uma obra rápida e econômica com pouco desperdício de material.
Chantal explica que a solução foi criar uma laje plana (pré-moldada tipo painel), onde fosse possível construir a casa com paredes autoportantes em blocos de cimento estrutural. O material recebeu acabamento apenas pintado e foi escolhido por três motivos: baixo custo, efeito despojado e fácil execução. Este último quesito era imporante em virtude da inclinação do lote, que dificultava o acesso. Da mesma forma, o uso de vigas de aço facilitou o escoramento da laje naquela altura.
Outro destaque é o terraço da casa, que posssui, além de um jardim, um tradicional telhado com duas águas, garantindo o pé-direito de 4,50 metros na cumeeira. “Com acesso pela escada azul, que fica no hall, esse espaço proporciona o contato total com a natureza lá fora. Nem parece que estamos dentro de casa”, afirma Chantal.
Elementos como escada, pé-direito alto, pendentes e cimento queimado trazem um caráter industrial ao projeto que não é predominante. Através das varandas e do formato do telhado, ele também faz referência às casas antigas de fazenda.
A Casa da Árvore apresenta circulação fluida, com a área social totalmente integrada, enquanto a ala íntima foi resguardada por diferença no nível do piso. Essas zonas seguem divididas pela escada metálica, que estabelece um efeito estético interessante pela cor vibrante e pelo guarda-corpo feito com longas barras verticais.
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