Com posição de destaque, o edifício para o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) está perfeitamente adaptado ao clima quente e seco de Brasília com sua arquitetura que expõe brises móveis verticais de vidro serigrafado. “Além de proporcionar sombreamento, a solução confere movimento ao bloco horizontal e o material gera uma luz difusa e agradável nos escritórios”, ressalta Paulo Bruna, arquiteto.
O profissional relata que a diretriz do projeto pedia que o edifício fosse emblemático por fora, mas sem ostentar. “E, no interior, deveria oferecer conforto. Tentamos fazer uma arquitetura contemporânea elegante, em diálogo com a cidade de Brasília, e longe dos modismos que acabam datando o prédio”, comenta. Dentro dessa linha, os materiais utilizados na obra são convencionais, adequados ao clima local e em sintonia com uma arquitetura sustentável.
Além de proporcionar sombreamento, os brises conferem movimento ao bloco horizontal e o material gera uma luz difusa e agradável nos escritórios Paulo BrunaO projeto original do escritório Paulo Bruna Arquitetos Associados, em parceria com o Gomes Machado Arquitetos Associados, ganhou um concurso aberto público nacional, além do grande prêmio da Bienal de Brasília de 2007. Elaborado em 2004, foi paralisado logo após o início das obras. “Acabou não sendo executado por motivos internos do próprio PNU, mas o programa do edifício foi dividido em várias etapas e, para organizar a construção em fases, elaboramos um plano diretor de ocupação do lote. Este foi o primeiro prédio implantado, que contempla apenas uma das agências da ONU”, explica Paulo Bruna.
O novo projeto deverá abrigar as várias agências em uma única sede. Atualmente elas ocupam escritórios alugados espalhados em diferentes setores de Brasília e no Rio de janeiro.
Inicialmente, o programa consistia em dois blocos de escritórios que, somados a um auditório, delimitavam um pátio central sombreado com um grande espelho d'água. Aliado a um lago, o conjunto criava um microclima controlado com a função de melhorar o conforto térmico no edifício. Com a contribuição das fachadas sombreadas por brises, o conjunto poderia funcionar em grande parte do ano com iluminação e ventilação naturais.
Sem inovação tecnológica ou de programa, o novo projeto tem dois pavimentos que acomodam escritórios e salas de reuniões, todas amplamente iluminadas e com ventilação natural. Conserva-se do projeto anterior a mesma ênfase no desempenho ambiental. Logo na entrada, um grande painel do artista plástico Cláudio Tozzi realça o átrio de pé-direito duplo.
O projeto para o PNUD foi construído na quadra 17 do Setor Embaixadas Norte em Brasília. Segue todas as normas e posturas urbanísticas do Governo do Distrito Federal e os terrenos têm 150 x 150 m, ou seja, 22.500 m². Nesta primeira fase, a área construída é de 2.550 m².
“Sem dificuldades no terreno, o desafio foi propor uma forma de ocupação do lote onde apenas um edifício não parecesse perdido. E mais: quando os demais prédios forem construídos, o site respeitará uma lógica que organiza tudo de forma coesa e de fácil leitura”, expõe. O forte do projeto é a linguagem arquitetônica condizente com o programa e local em que se insere.
Quando os demais prédios forem construídos, o site respeitará uma lógica que organiza tudo de forma coesa e de fácil leitura Paulo BrunaA volumetria horizontal do conjunto se insere na paisagem como se estivesse solta no horizonte e, ao mesmo tempo, assume o papel de entrada/ recepção do novo campus. O desnível do lote foi aproveitado para criar no subsolo um pavimento de serviços. Já as fachadas, previstas para serem sombreadas com brises verticais móveis, recebem o sol nascente e poente. “Mesmo com o sombreamento vertical, a composição total ressalta a horizontalidade do prédio”, evidencia o arquiteto.
O edifício atende a todos os critérios de sustentabilidade exigidos pelas Nações Unidas. Do início ao fim o projeto levou em conta as questões que fazem parte das cartilhas de certificação e da boa arquitetura, como equipamentos de ar-condicionado com baixo consumo; opção pela ventilação natural e cruzada sempre que possível; previsão da saída superior do ar quente em ambientes com pé-direito alto e a tomada de ar fresco inferior; uso responsável da água com metais e louças economizadoras e sombreamento das fachadas.
Mesmo com o sombreamento vertical, a composição total ressalta a horizontalidade do prédio Paulo BrunaAlém desses critérios, foram usados material local e, quando possível, reciclado. As vistas de todos os escritórios estão maximizadas e a construção garante acessibilidade aos portadores de necessidades especiais. “Até mesmo o paisagismo, feito com plantas locais, procurou maximizar as vistas ou sombrear áreas importantes, ajudando a realçar alguns aspectos do projeto. Não se trata de um projeto meramente decorativo. Ele prevê a necessidade mínima de irrigação”, complementa Paulo. E o mais importante: todas estas soluções deverão ser automaticamente incorporadas aos outros edifícios.
No projeto luminotécnico, a busca pelo mínimo consumo de energia e conforto aos usuários eram premissas. “Por isso algumas soluções maximizam o efeito do uso da madeira. O projeto também contempla a utilização de painéis fotovoltaicos na cobertura para a cogeração de energia elétrica. Por uma questão orçamentária, eles não foram instalados nesta primeira fase, mas toda a infraestrutura está pronta”, revela.
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