Localizado em Córdoba, na Espanha, o Noor Restaurant encanta em cada detalhe, oferecendo aos clientes uma experiência gastronômica única. Uma das premissas de seu projeto arquitetônico era interpretar e incorporar à construção elementos culturais do estilo e da culinária Andaluza – comunidade espanhola autônoma e mais populosa.
A região de Andaluzia – cujo nome deriva de ‘Al-Andalus’, como os árabes chamavam a Península Ibérica no século VIII – é marcada pela herança cultural do Oriente Médio. Para imprimir essa influência ao projeto do restaurante, o escritório de arquitetura ggarchitects propôs a criação de "arqueologias fictícias", usando quatro dos conceitos mais representativos da arquitetura islâmica: contraste entre design de interiores e exteriores, sequência de espaços, articulação de luz e sombra e o uso frequente de padrões geométricos.
Cada espaço tem um caráter único e oferece uma sensação de profundidade e fluência Nacho MorA fachada – com aparência sóbria – é coberta por uma pele de cerâmica com motivos geométricos, que contrasta com a porta de entrada em aço corten.
Já o interior do restaurante é caracterizado por uma decoração mais suave e colorida. A sequência de espaços é fundamental para compor a experiência arquitetônica do restaurante Noor – palavra que significa luz, em árabe. “O hall de entrada, a sala principal, a cozinha aberta e o espaço criativo são todos unificados, embora claramente diferenciados em uma sequência espacial contínua, onde cada espaço tem um caráter único e oferece uma sensação de profundidade e fluência”, explica Nacho Mor, arquiteto responsável pelo projeto.
A articulação de luz e sombra cumpre um papel importante no projeto arquitetônico, pois é usada tanto para dar destaque à fachada – que contrasta com o interior – quanto para ampliar a sequência de espaços. Dessa forma, o pequeno lobby se destaca. Sua luz mais fechada, quase escura, funciona como um filtro entre a claridade exterior e a luz zenital, densa e cheia de nuances do salão principal.
Os padrões, geometrias e mescla de materiais, característicos da arquitetura árabe, dão unidade à identidade visual do restaurante. “Os pisos, a cúpula do salão e as paredes internas são revestidos com diferentes materiais”, destaca o arquiteto.
O salão principal, coroado por uma grande cúpula vazada de madeira, é o principal elemento do projeto de interiores. Semelhante a um medalhão, a peça criada pelo artesão espanhol Manolo García, tem uma forma espiral que cria um efeito ascendente, que enquadra e suaviza a luz zenital, vinda através do teto transparente. Esse elemento, assim como os impressos no chão, é embelezado por padrões que lembram a cultura Nazarí, uma famosa dinastia muçulmana.
Os padrões geométricos da fachada e do piso da sala principal foram reproduzidos em cerâmica. “Ela predomina no projeto. Nós a utilizamos na fachada, no piso, nos lustres e nas superfícies da cozinha”, ressalta Mor.
De acordo com o arquiteto, utilizou-se um tipo particular de peças cerâmicas. “Ele tem duas propriedades especiais que foram importantes para o desenvolvimento do projeto. A primeira são as dimensões, pois com 3000 x 1000 x 3 mm nos permitiu sua aplicação em uma grande variedade de superfícies. A outra é que este material permitiu que os detalhes fossem impressos digitalmente”, explica.
Todo o mobiliário do restaurante foi personalizado, tais como as mesas – com a parte superior branca e as pernas douradas –, e as cadeiras, com estofados em cinza. Além disso, os utensílios de mesa, como talheres e copos, foram especialmente concebidos por artesãos e ourives com materiais típicos árabes, tais como couro, cerâmica e madeira.
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