No projeto arquitetônico da Fazenda Nascente, o que mais chama a atenção é a extensão do programa. Haras, casa principal, casa de hóspedes, spa com sauna e hidromassagem coberta e até uma capela são alguns dos espaços que o escritório Gisele Taranto Arquitetura precisou organizar ao longo do terreno de 20 hectares. Com esse escopo definido, o próximo passo foi estabelecer uma linguagem estética comum a todos os volumes. A inspiração para isso veio das antigas construções e do bucolismo de Minas Gerais.
Segundo a arquiteta Gisele Taranto, o proprietário gostaria que casa principal ficasse posicionada no alto do terreno, para que a edificação desfrutasse da vista marcante que se volta para uma das nascentes.
“Ao iniciarmos as pesquisas, resolvemos tirar partido da paisagem do lote, bem como do estilo e das técnicas construtivas que definem as antigas casas de fazenda”, resume. Sob esse conceito, as paredes foram pintadas por cima do reboco fino com cores neutras inspiradas em nuances de terra e barro característicos da região.
A casa principal se distribui em dois níveis. Na entrada principal estão living, sala de jantar, cozinha, área de serviço, suítes e lavabo, enquanto no piso da piscina foram dispostos ambientes como sala de jogos, lavabo, adega, home e área técnica.
O living possui uma varanda ao seu redor, que propicia uma visão geral do haras. Segundo a arquiteta, a altura do telhado desta área foi um dos pontos mais importantes do projeto. Como o objetivo era diminuir o impacto de pássaros nos vidros das esquadrias, a estrutura se projeta sobre a varanda, protegendo as aberturas. “Além disso, as portas ripadas funcionam como blackout e se abrem em duas partes. Essa solução possibilita que apenas a parte superior fique aberta, evitando, assim, a entrada de animais indesejados”, explica Taranto.
A cozinha, integrada à sala de jantar através de portas de correr, exibe elementos típicos de fazenda mineira, como ilha forno e fogão à lenha. Devido ao pé-direito alto e à ventilação cruzada, o ambiente está sempre com temperatura agradável.
Segundo Taranto, outro pedido dos clientes era para que os quartos dos filhos tivessem flexibilidade de uso. Para isso, criam uma cabeceira única com duas camas de solteiro, mas que podem ser unidas, transformando-se numa de casal.
A casa de hóspedes dispõe de quatro suítes – todas voltadas para um living com uma pequena copa, TV e lareira. Para diferenciá-las, cada uma delas adotou cores distintas, como vermelha, azul, preta e bege. Quanto às formas do volume, a arquiteta conta que foi inspirada nas cocheiras, por isso o telhado segue dividido em três cumeeiras. “Internamente ele é aparente, então conseguimos ver a água da chuva seguir sentidos distintos, ora se encontram convencionalmente no eixo do espaço (quartos das suítes), ora aparecem no sentido contrário da sua implantação (living)”, detalha.
Distante da cidade, a Fazenda Nascente foi concebida considerando o uso de materiais e mão de obra locais. “Tudo deveria ser de fácil manutenção e execução. Diante dessas premissas, adotamos o eucalipto tratado para a estrutura das casas”, expõe a arquiteta.
Foram adotados muitos revestimentos de madeira, ferro enferrujado ou patinado, lascas de pedra e cimentado queimado. Para facilitar a logística, muitas peças de decoração e móveis antigos foram garimpadas na própria região.
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