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Estúdio Madalena

Estúdio Madalena
No Estúdio Madalena, painéis pré-fabricados de concreto são empregados como fechamentos laterais e viabilizam uma construção econômica e eficiente. Imagens: Leonardo Finotti
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Subversão concreta

Texto: Thais Matuzaki

Extremamente leves, essas paredes ocas executadas em tiras de 25 cm de largura formam uma sequência de vigas treliçadas, com banzos de concreto em cima e embaixo Anderson Freitas

No número 70 da Rua Madalena, em São Paulo, um volume austero se desvenda através de um esqueleto metálico que contrasta e complementa os fechamentos de concreto. Completamente vazada, a edificação dá continuidade à vista sem obstruí-la, funcionando como uma janela para a cidade. O projeto arquitetônico que ali se instala é o Estúdio Madalena, concebido pelo Apiácas Arquitetos com um sistema construtivo inovador e eficiente, que subverte a lógica de uso dos painéis pré-fabricados de concreto para se obter uma obra rápida e econômica.

O cliente possuía três terrenos no mesmo bairro, sendo que dois deles eram casas e o outro ainda estava vazio. Nesse terceiro lote, o proprietário desejava construir uma edificação que servisse de moradia e escritório ao mesmo tempo. Enquanto ele traçava um rascunho para o edifício, próximo dali erguia-se o Bar Mundial – obra do Apiacás que o atraiu pela inovação no sistema construtivo e rapidez de execução. Com um orçamento limitado, utilizar materiais pré-fabricados, como estruturas metálicas e fechamentos em painéis de concreto, era definitivamente, a inspiração ideal para o projeto do Estúdio Madalena.

Assim como no Bar Mundial, os painéis pré-fabricados de concreto foram utilizados na vedação do Estúdio Madalena. Segundo o arquiteto Anderson Freitas, a opção é inusitada porque esses elementos são, frequentemente, adotados como fôrma para a concretagem de lajes maciças. Além disso, as placas – com cerca de 3 cm de espessura – são duplas e não foram concretadas. Dessa maneira, o vão criado entre elas segue preenchido apenas por treliças feitas com armação comum. “Extremamente leves, essas paredes ocas executadas em tiras de 25 cm de largura formam uma sequência de vigas treliçadas, com banzos de concreto em cima e embaixo”, descreve o profissional.

De acordo com ele, foram realizadas diversas experimentações junto com os engenheiros, que comprovaram a resistência mecânica da estrutura, que suporta em torno de 350 kg/m². Em função disso, ela também foi utilizada na horizontal, como superfície de piso. Isso dá continuidade à textura das paredes e reduz os custos de construção, pois, segundo Freitas, a característica oca do conjunto gera economia de material (cerca de 20 toneladas de concreto por pano de laje) e, consequentemente, com as fundações. “Quando se pensa em uma parede ou laje de concreto estipula-se algo em torno de R$ 4 mil o metro quadrado. Já o orçamento do Estúdio Madalena ficou em mais ou menos R$ 2,7 mil”, calcula. Por essas razões e pela rapidez na montagem da estrutura metálica – que levou 30 dias –, a obra foi finalizada em apenas sete meses.

Programa bipartido

Como o cliente pretendia destinar o edifício para dois usos distintos – moradia e trabalho –, a equipe do Apiacás decidiu aproveitar a declividade do lote e dividiu o programa em dois volumes independentes – um abaixo e outro acima da cota da rua.

O inferior é composto por dois corpos conectados por pátios que acompanham o desnível do terreno. Por estar abaixo do nível da rua, foi possível ocupar o máximo do perímetro do lote, sendo respeitados os recuos exigidos pela legislação. Já o volume superior, que está supenso sobre pilotis, possui dois pavimentos e se destaca pelos painéis de concreto pré-fabricados e pela marcante estrutura metálica.

A caixa de circulação vertical está acoplada ao conjunto superiorFoto: Leonardo Finotti

Num nível intermediário, criou-se uma praça que integra o térreo com o passeio público e mantém a parcela da rua desimpedida, livre de quaisquer obstáculos. “Dando continuidade à calçada, esse embasamento recepciona as pessoas naturalmente e preserva a vista para a paisagem existente”, conta Freitas.

Todos os espaços são interligados por uma circulação vertical única, estrategicamente instalada em uma das laterais do conjunto suspenso. Responsável pela fluidez dos espaços internos, a escada liga os dois programas e ainda cumpre a função de travamento do edifício contra as cargas de vento. Para o arquiteto, essa opção leva em consideração a leveza da estrutura.

Segundo Freitas, a disposição do layout do edifício foi pensada para oferecer flexibilidade aos usuários. “Toda a lógica de infraestrutura hidráulica e elétrica atende às múltiplas funções. Na parte de cima, por exemplo, é possível adaptar os pontos para acomodar tanto uma residência quanto um escritório”. Diferentemente do uso misto – espaço de moradia e de trabalho – que se imaginava no início do projeto, contudo, hoje o edifício está completamente ocupado por uma agência de publicidade.

Contrapondo-se às fachadas laterais de concreto pré-fabricado, as duas outras faces do Estúdio Madalena são abertas para a paisagem, com grandes aberturas proporcionadas pelo emprego da caixilharia de alumínio e do vidro, que favorecem a entrada de iluminação natural. “Já a ventilação se dá pela lógica de abertura das janelas”, afirma Freitas. Ainda assim, o fato das paredes serem ocas, com extremidades densas em espessura, o desempenho acústico da estrutura também é eficiente.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2014
  • Conclusão da obra: 2014
  • Área do terreno: 500 m²
  • Área construída: 250 m²

Ficha Técnica

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