Com projeto de interiores de Fabio Marins, o primeiro escritório da produtora argentina Corazon Filmes no Brasil foi implantado em meio às estruturas metálicas do edifício comercial Módulo Alto de Pinheiros, em São Paulo.
Para executar o trabalho, Marins procurou se basear no perfil da empresa: uma produtora de filmes publicitários que tem como objetivo desenvolver talentos que atuem com criatividade e inovação. Foi realmente um desafio, mas ao mesmo tempo tivemos liberdade de criação, e isso foi um contraponto. Impulsionou caminhos para os quais não iríamos, o que acabou sendo positivo Fabio MarinsSua intenção era que o projeto fosse compatível à equipe e seus pensamentos dinâmicos e, ainda, que pudesse ser realizado em um curto espaço de tempo e com um custo viável.
Com budget e prazo limitados, Fabio Marins precisou organizar, em 165 m², um escritório que comportasse todos os colaboradores, estúdio para edição de vídeo, sala de reunião, cozinha e copa, além de outras áreas. Durante a obra, a aparente dificuldade se tornou a base para as soluções criativas que impulsionaram cada centímetro do layout.
O prazo para desenvolver e executar o projeto da Corazon Filmes foi de dois meses. “Foi realmente um desafio, mas ao mesmo tempo tivemos liberdade de criação, e isso foi um contraponto. Impulsionou caminhos para os quais não iríamos, o que acabou sendo positivo”, revela o arquiteto.
O salão principal encontra-se em uma das pontas da edificação, onde ocorria um ‘afunilamento’ – uma área que atrancava a ocupação, distribuição de espaço e circulação. A solução encontrada para ajustar o programa foi verticalizar o pé-direito e acrescentar cerca de 40 m² no ambiente, permitindo a projeção de dois mezaninos.
Além de aumentarem a área útil do escritório, os mezaninos propiciaram uma divisão espacial que evitou conflitos de uso e função. Também abrigaram os ambientes que necessitavam de mais privacidade.
O primeiro mezanino encontra-se na entrada do salão e abriga o estúdio com as ilhas de edição. Sua estrutura foi projetada para ser como um monólito suspenso que, contraposto ao grande vão de pé-direito duplo, parece flutuar sobre o chão. Esse efeito foi realçado pela construção da cozinha com elementos de marcenaria que não tocavam a base do mezanino.
O segundo mezanino, por sua vez, aloja a sala da diretoria. Sua concepção proporcionou a criação de uma escada ornamental e abaixo dele está a sala de reuniões e apresentação de projetos.
Usamos o OSB em várias peças do mobiliário: degraus da escada, prateleiras, sala de reunião e estrutura da mesa Fabio MarinsA escada tem uma estética interessante e diferente. “Feita com várias prateleiras que servem de apoio para as mesas do salão, ela propicia privacidade para as salas que ficam ao seu lado”, menciona Marins.
Foram necessárias diversas estações de trabalho para comportar os colaboradores e suas diferentes demandas. As equipes de criação, por exemplo, trabalham em conjunto nas grandes mesas centrais do salão; as equipes de pós-produção atuam no estúdio; já o financeiro e a diretoria ficam concentrados no mezanino.
Por ser um ambiente aberto, foram usados alguns recursos que setorizaram o salão principal sem perder o plano visual extenso ou a amplitude. Assim, atrás da recepção foi feito um tablado com o estar e a sala de espera e um biombo vazado de cordas que ajuda a planar o setor.
Para acomodar os funcionários em uma atmosfera leve e fazê-los se sentir em casa, a varanda foi transformada em uma área de descompressão com mesas do tipo bistrô, paisagismo tropical e iluminação relaxante. “Criamos um ambiente para servir como descompressão e também um espaço de discussões, criação e relaxamento”, exalta o arquiteto.
Escuro e totalmente lacrado, o estúdio ficou adequado para o trabalho com edições de vídeos. Para não se sobressair no espaço, essa sala foi inserida no alto de uma das partes mais elevadas dos mezaninos. Em uma de suas paredes externas foi colocado um coração de neon que “pulsa” para todo salão, em referência à logomarca da produtora.
A escolha dos materiais definiu o caráter industrial urbano do projeto da Corazon Filmes. Dois elementos foram importantes para reforçar o conceito: a escada feita com serralheria de tubos esbeltos de 20 mm, com pisadas e prateleiras de OSB, e a divisória da cozinha abaixo do monólito do estúdio.
O OSB foi escolhido por conta de seu baixo orçamento e fácil manutenção, além de ter uma aparência brutalista, com textura que confere o design despojado do escritório. “Usamos o OSB em várias peças do mobiliário: degraus da escada, prateleiras, sala de reunião e estrutura da mesa”, frisa Marins.
A maior parte do trabalho foi de pintura, principalmente das estruturas metálicas, que ficaram com a cor preta para destacar. A própria estrutura do prédio já tinha naturalmente uma ventilação cruzada e isso ajudou a manter o ambiente com uma temperatura interessante Fabio MarinsO forro e o piso de madeira cumaru já existiam na construção original, foram apenas recuperados. Apenas o estúdio das salas de edição foi construído in loco com drywall.
O projeto de iluminação é a “menina dos olhos” da produtora. Foi praticamente todo customizado e montado no local. Refletores do mesmo modelo de eventos e shows foram usados como spots para luzes nas mesas do salão e adaptados para serem usados com lâmpadas comuns com soquetes do tipo E27. Além disso, a fiação foi encapada e ficou aparente para dar um clima informal.
A luminotécnica propiciou ângulos mais fechados e pontuais, o que auxiliou para setorizar o escritório, mesmo o espaço sendo aberto e amplo. Postes de rua deram o toque final e representaram o conceito urbano do espaço.
A grande área envidraçada permite, em dias mais frescos, usufruir da ventilação cruzada entre a varanda bem arborizada e a caixilharia com aberturas do lado oposto. Nas áreas onde há incidência solar direta já havia brises que compunham a fachada. “A própria estrutura do prédio já tinha naturalmente uma ventilação cruzada e isso ajudou a manter o ambiente com uma temperatura interessante”, comenta o arquiteto.
Também foram feitos sistemas de condicionamento de ar pontuais e independentes, mais próximos aos colaboradores, de forma a não exigir um sistema central que, além de oneroso, consumiria mais energia e não geraria controle por setor.
Dessa forma, as áreas de maior demanda, como o estúdio e a sala de reuniões e de apresentação de filmes, contam com sistemas independentes que funcionam de forma mais intensa devido às demandas, sem comprometer o consumo do sistema como um todo.
Escritório AUÁ arquitetos, por AUÁ arquitetos
Firmorama, por Metroquadrado®
Estúdio Gamboa de Arquitetura, por Estúdio Gamboa de Arquitetura
Escritório
Termos mais buscados