“Projetar a própria casa é um grande desafio!” Foi com essa frase que a arquiteta Samira Siman começou a contar do processo de criação da sua morada, localizada em um condomínio fechado em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo.
Eu vi muito mais que o forte declive. Imaginei ali uma casa, uma mangueira e um balançoSamira SimanA morada foi construída em um lote de 890 m², com uma mangueira quase no centro e um desnível de 20 metros. Mesmo com a descrença de que era possível construir algo na superfície, Samira resolveu tirar proveito da depressão. “Eu vi muito mais que o forte declive. Imaginei ali uma casa, uma mangueira e um balanço”, confidencia.
Segundo a arquiteta, que está à frente do escritório Samira Siman Arquitetura, o objetivo era extrair o melhor da topografia existente, aproveitando ao máximo a ventilação cruzada e a iluminação natural.
A mangueira foi preservada e adquiriu até papel de protagonista, dando origem ao nome ao projeto. “Como a casa não tem muros, os acessos são fáceis e convidativos para que os vizinhos continuem a pegar manga do pé e volta e meia desçam a rampa da garagem para comer um bolo e tomar café”, diverte-se Samira.
A partir da proposto de preservação da natureza e de um desenho compacto e funcional, a Casa Manga nasceu como se sempre estivesse ali. “A ideia era que a casa fosse uma grande moldura para paisagem.”
Como a paisagem faz parte das fachadas, foram priorizados materiais neutros, textura rústica nas paredes, alumínio preto nas esquadrias e muito vidro e madeira. “A escolha de poucos materiais foi justamente para dar brilho à protagonista, a natureza”.
Além da fachada frontal, Samira explica que a casa possui mais três, cada uma com sua particularidade. Enquanto a da frente é mais simples, na posterior dois volumes avançam em balando sobre uma laje e dois grandes painéis de madeira protegem os quartos da incidência solar, visto que estão voltados para o sol da tarde.
Fugindo do convencional, as duas suítes e outras duas demi-suítes ficam no nível da rua, junto com o acesso principal para o pavimento social, no subsolo. A chegada se dá pela sala de jantar com pé-direito duplo e bastante vidro – utilizado em todo o projeto. No ambiente social estão sala, jantar e cozinha rodeados por portas de vidro. Esses ambientes contam com vista panorâmica para a piscina e dois grandes eucaliptos do lado de fora. Ao todo, a residência tem 16 cômodos, contando com depósito e reservatório de água de chuva.
O projeto de interiores é desenhado em tons verdes e terrosos, assim como o ambiente natural onde a casa está inserida, com toques minimalistas. Os móveis assinados pelos designers Bruno Faucz e Aristiu Pires merecem destaque.
Todos os ambientes foram dimensionados para que se enquadrassem no orçamento enxuto do projeto. Por esse motivo, a sala de jantar e estar foram unidas e ganharam pé-direito duplo com fechamento de vidro. “O maior diferencial do projeto é o aproveitamento da iluminação natural, sendo assim, durante o dia não é necessário acender as luminárias.”
Por ser a última laje antes da cobertura e por se tratar de uma cidade com temperaturas elevadas, o pavimento dos quartos foi desenvolvido com pé-direito de 3,80 m para auxiliar no conforto térmico. As esquadrias foram feitas sob medida, para explorar bem os grandes vãos.
Segundo a arquiteta, tirar partido da natureza não significou somente preservá-la, mas extrair ao máximo o que ela pode oferecer, como iluminação natural, conforto térmico, água para reúso e energia solar. Além do grande pomar ao fundo da casa, com horta e galinheiro.
A casa também conta com sistema de captação solar, para aquecimento de água e geração de energia.
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